Duas Kundalinis??

O professor Hareesh, juntamente com alguns colegas dele estudiosos do Tantra estão trazendo à baila várias discussões, no mínimo curiosas. Uma das discussões levantadas por Hareesh em seu livro “The Recognition Sutras” é resumida, em suas próprias palavras como segue.

“A noção de se elevar a kundalinī da base da espinha para a região da coroa da cabeça, que é um ensinamento da tradição do Hatha-Yoga, é significativamente antecedido por um ensinamento do Tantra clássico de que há DUAS kundalinīs — uma Kundalinī superior na cabeça e uma Kundalinī inferior na base (na região do assoalho pélvico). A primeira deve ser ativada e trazida para baixo, a outra deve ser ativada e trazida para cima. Uma vez ativadas, elas movem-se pelo canal central, para finalmente fundirem-se no coração — resultando na experiência de união do transcendente e do imanente, do espiritual e do material.”

Este ensinamento é dado no capítulo 18 do The Recognition Sutras, dentre outras fontes.

Além da novidade das duas kundalinīs, há um fator que merece ser chamado à atenção: a kundalinī de baixo sobe a partir da região do períneo, ou do assoalho pélvico, pelo centro do corpo  e não da base da coluna pela coluna. Muitos autores e professores têm cometido o erro em suas práticas/ensinamentos ao falar que kundalinī sobe pela coluna vertebral. Na verdade, ela sobe pela sushumna nadī (que não está localizada na coluna vertebral.)

Como Filtramos a Realidade

Este texto é um excerto do livro “As Virtudes do Yoga: Antigos Ensinamentos para esta Época de Crise Global” do autor Georg Feurstein.

A realidade que compartilhamos é uma realidade de conceitualizações comuns. Alguns escritores, portanto, chamaram-na de realidade consensual. Agora, se o modo como vemos e nos relacionamos com a realidade fosse puro, não haveria nenhum problema. Mas o fato é que nós não vivemos a realidade como ela realmente é. Em vez disso, como a psicologia moderna já demonstrou, nossas percepções passam pelo filtro da interpretação. Elas são tomadas por todo tipo de conjecturas, inclusive a principal delas, de que existem seres e coisas concretos. Estamos acostumados a pensar em nós mesmos como entidades estáveis ou objetos estáveis e concretos. Essa maneira simplista de perceber todas as coisas equivale a uma intriga (fabulação) geralmente aceita. Embora essa excessiva simplificação das complexidades da existência tenha uma indiscutível utilidade prática, em termos espirituais, ela é um rematado desastre, na medida em que impede que nós estejamos plenamente conscientes de nossa liberdade inerente.

Quem é o verdadeiro amigo de um ser humano?

No poema épico Mahabharata, o príncipe Yudhisthira, consultou Brihaspati a respeito de quem era o verdadeiro amigo de um ser humano. Mãe? Pai? Professor? Amigos? Não, replicou o velho sábio, guru de todas as dividandes:

Uma pessoa nasce sozinha, Oh rei, e morre sozinha; ela atravessa sozinha as dificuldades que encontra e enfrenta sozinha todo sofrimento que lhe couber em sua sina. Ela não tem realmente nenhuma companhia nesses atos. Pai, mãe, irmão, filho, professor, parentes e amigos abandonam o corpo morto como se fosse uma tora de madeira ou um torrão de terra. Depois da aflição temporária, todos eles se afastam e prosseguem com seus próprios interesses. Apenas o dharma segue o corpo, que é assim abandonado por todos. Por essa razão, é evidente que o dharma é o único amigo e que só ele deveria ser buscado por todos.

Trecho retirado do livro: “As virtudes do Yoga: Antigos Ensinamentos para Esta Época de Crise Global” do autor Georg Feurstein.