Quando se trata de recitar mantras, cânticos e versos da língua sânscrita (língua antiga indiana em que a maior parte dos textos védicos, yoguis e tântricos estão escritos) como uma prática espiritual devemos considerar dois fatores:
- A pronúncia não é importante;
- A pronúncia é importante.
Se a pessoa não considera importante a pronúncia correta, por quais motivos ela estaria interessada em recitar o mantra? Pra quê recitar? Só para estar na moda? Não faz o menor sentido a pessoa querer repetir frases em outro idioma se considera que a pronúncia correta não é importante. Se a pessoa quer recitar mantras como prática espiritual e não sabe ou não quer aprender a pronúncia do sânscrito seria melhor ela obter a tradução do mantra que deseja e o repetir em seu próprio idioma.
Mas se a pessoa deseja repetir mantras como prática espiritual e concorda com a tradição no fato de que a pronúncia é importante, algumas orientações devem ser seguidas:
- Para recitar corretamente é importante que a pessoa saiba pronunciar os sons do alfabeto sânscrito que inclui sons que não estão presentes no português. Por exemplo, sons em que se coloca a ponta da língua no céu da boca para serem pronunciados.
- Tradicionalmente os mantras são passados de mestre a discípulo. É claro que há exceções, mas não deveríamos tomar a exceção pela regra.
- A maioria das pessoas não possui boas habilidades auditivas a ponto de perceberem mudanças de tons e de pronúncias sozinhas. Para a maioria das pessoas, é necessário que alguém as escute pronunciando os versos para que seja possível apontar possíveis erros.
Mas por que essa preocupação toda com os sons dos mantras. Por motivos bem simples. Vejamos os seguintes exemplos de palavras do sânscrito que possuem sons parecidos mas que possuem significados bastante distintos:
- बल (bala) : força, poder;
- बाल (bāla): garoto;
- बाला (bālā): garota;
- भाल (bhāla): testa;
Perceba que a principal diferença entre as três primeiras palavras está na duração da vogal a. Pois o traço horizontal em cima do a indica que ele deve ter pronúncia mais longa do que a sem o traço horizontal. Na quarta palavra, há outra diferença, o som de b é aspirado.
Agora imagine que você está repetindo um mantra pedindo força e está pronunciando a palavra relativa à força como uma das outras três opções. Que desastre, não? Olha que este é um exemplo simples.
Se você quer repetir mantras e não quer aprender ou não sabe a pronúncia do sânscrito. Peça a alguém que sabe que lhe ensine alguma tradução. Ou então, você pode ouvir a gravação do mantra recitado por alguém que saiba.
Excelente a explicação.
E se eu apenas escutar em postura meditativa, sem entoar (caso não tenha segurança da pronuncia correta), o mantra faz “efeito”?
Olá!
Tradicionalmente, entende-se que o efeito do mantra decorre de sua execução pelo praticante ou por outra pessoa em favor do praticante. Por exemplo, caso a pessoa precise realizar uma pūjā e não saiba como fazê-lo, pode pedir/pagar alguém qualificado para realizar a pūjā. Pode ser que apenas ouvir o mantra gere algum resultado, mas mantras náo são músicas. O praticante precisa aprender a recitar os mantras corretamente, é esse processo que gera resultados segundo a tradição.
Se eu apenas ouvir o mantra em postura meditativa, o mantra faz efeito assim mesmo?
Tradicionalmente, entende-se que o efeito do mantra decorre de sua execução pelo praticante ou por outra pessoa em favor do praticante. Por exemplo, caso a pessoa precise realizar uma pūjā e não saiba como fazê-lo, pode pedir/pagar alguém qualificado para realizar a pūjā. Pode ser que apenas ouvir o mantra gere algum resultado, mas mantras náo são músicas. O praticante precisa aprender a recitar os mantras corretamente, é esse processo que gera resultados segundo a tradição.