Purusha/Prakriti no Cinema – Robocop 2014

Ative as legendas para PT-BR.
Dois conceitos fundamentais da filosofia indiana são Purusha e Prakriti. Geralmente, Purusha é traduzido como consciência e Prakriti como natureza. Há várias analogias empregadas para explicá-las. Podemos dizer que o ciborgue Robocop seria uma analogia moderna.

Chaves para uma vida de sucesso – Swami Rama

As chaves para a felicidade residem dentro de nós, mas nossa educação moderna não nos ensina como encontrá-las.

Todas as pessoas querem ter sucesso na vida, mas onde estão as chaves para o sucesso? Nós temos que sair e procurar as chaves ou já temos esses potenciais dentro de nós? Quando começamos a examinar a vida, podemos ver que ela está dividida em dois aspectos — a vida dentro e a vida fora; a vida interna e a vida externa – e podemos ver que esses aspectos são de igual importância. Mesmo se nós tivermos renunciado o mundo, ido para longe da civilização e vivermos fazendo nada mais que meditar, não podemos ignorar a vida externa. Nós ainda temos que ver que comemos, fazemos nossas abluções e realizamos nossas práticas a seu tempo. Então, a vida no mundo externo é tão importante quanto a vida no mundo interno. Mesmo uma pessoa que renunciou o mundo tem que entender a palavra relacionamento adequadamente, por que a própria vida é na verdade um relacionamento. O corpo está relacionado à respiração e a respiração está relacionada à mente. O corpo, a respiração, os sentidos e a mente todos funcionam juntos como uma unidade. Então, a vida virtualmente significa relacionamento e assim a arte de viver e ser requer um entendimento dos próprios relacionamentos com o mundo externo e com os próprios mundos internos.
Todos os seres humanos têm potenciais internos, mas muitas pessoas não estão cientes desses potenciais e não sabem como usá-los para ter uma vida de sucesso. Aqueles que não são felizes internamente podem nunca ser felizes externamente; aqueles que não são felizes dentro de si mesmas podem nunca fazer os outros felizes. Aqueles que não amam a si mesmos nunca podem amar os outros. Se não somos felizes, como poderemos ter uma vida de sucesso? O sucesso reside em nossa felicidade. As chaves para a felicidade residem dentro de nós, mas nossa educação moderna não nos ensina como encontrá-las. É útil ter algumas fórmulas para praticar na vida diária para dar-lhe mais sucesso. Eu não criei essas fórmulas; elas são derivadas de observações fundamentadas em experiência. Há cinco pontos a lembrar: primeiro, como tomar decisões a tempo; segundo, como estudar os padrões de hábitos pessoais; terceiro, como conduzir a nós mesmos no mundo externo; quarto, que atitude tomar; quinto, onde encontrar felicidade. Para alcançar o sucesso na vida, a pessoa deveria aprender e aplicar esses cinco pontos.

Tomando decisões a tempo
O primeiro ponto a entender é a filosofia e ciência da decisão – como tomar decisões a tempo. A pessoa de maior sucesso é que sabe como tomar decisões a tempo. Há muitas pessoas extraordinariamente brilhantes que entendem as coisas muito rapidamente, mas quando chega o momento de tomar uma decisão, quando uma oportunidade surge, elas se afastam e não são capazes de agir. Elas não sabem como decidir. Elas sabem que deveriam aprender a decidir a tempo, mas não o fazem. Elas sempre dizem Bem, eu sei disso. Eu entendo a importância, mas eu não tomo uma atitude a tempo. Embora elas possam pensar corretamente e precisamente entenderem a situação, elas repentinamente perdem a confiança. Este é um mundo de competição; outra pessoa está sempre tentando obter a mesma coisa que nós. Então, se não decidirmos a tempo, outra pessoa obterá o que queremos. O tempo é valioso no mundo externo. Um bambu jovem pode ser facilmente dobrado, mas se tentarmos dobrar um bambu maduro, ele se quebrará. Isso é o que temos que fazer hoje, não devemos postergar para amanhã, mas também não devemos tomar decisões na pressa.
Podemos ter um contratempo se tomarmos uma decisão incorreta, mas nossos erros nos ensinarão. Muitas pessoas evitam tomar decisões durante toda a vida, assim sua faculdade mental decisória, a faculdade de discriminação, torna-se enferrujada e morre. Tais pessoas tornam-se totalmente dependente dos outros. Quando estudamos as quatro funções da mente – buddhi, a faculdade de decisão; ego, o princípio de identidade; chitta, o depósito de impressões; e manas, o importador e exportador de sensações e experiências – então tornamo-nos cientes do poder da vontade. O poder de vontade é aquela coisa dentro de nós que vai em frente e diz Faça isso. Será útil para você. O treinamento das funções internas nos ajuda a entender a faculdade mental de decisão, sem a qual não pode ter sucesso.
Devemos entender nossas capacidades e potenciais e assim devemos nos expressar no mundo externo com total confiança, agir sem quaisquer reservas. Assim, há três passos para realizar uma ação: primeiro, formar uma opinião dentro de nós mesmos; segundo, epxressar nossa opinião aos outros; e terceiro, executar nossa opinião em ação.

Entendendo os padrões de hábitos
A coisa principal que alguém deveria aprender na vida – e isso não é ensinado em casa ou nas escolas – é a auto-análise. Nós deveríamos aprender a nos analisar. Se nós realmente queremos entender nós mesmos, podemos analisar nossa personalidade entendendo nossos hábitos. Isso não é difícil. Deveríamos simplesmente tentar estar conscientemente cientes de toda ação que realizamos e entender que nossas ações são virtualmente nossos pensamentos. Sem pensamento não pode haver ação. Os padrões de hábitos e pensamentos são revelados através do comportamento.
Há um ramo da psicologia chamado behaviorismo que é fundamentado nesse conceito. Mas alguém deveria entender que o comportamento externo apenas não pode revelar tudo sobre uma pessoa. A risada, por exemplo, não pode ser analisada comportamentalmente. Se estiver prester a rir, você também rirá comigo simplesmente por que eu estava rindo mas sem entender por que. Sua risada é por pura reação. Assim, você deveria rir uma segunda vez, desta vez de você mesmo por que você não entendeu por que estava rindo e mesmo assim riu. Você também deveria rir uma terceira vez por que finalmente entendeu de que eu estava rindo e você agora também acha isso engraçado. Todas as três vezes que você riu pareceria o mesmo para os outros, mas a cada tempo teve um motivo diferente. Assim, estados internos não podem ser entendidos apenas por meio da análise de comportamento. Apenas uma pequena parte de alguém e dos outros pode ser entendida através da observação do comportamento. Mas conhecer nossos padrões de hábitos pode nos ajudar a analisar e entender nossa personalidade.
O que é a personalidade? A palavra personalidade vem da raiz persona, que signifca máscara. Nossa personalidade é uma máscara que vestimos. Nós não temos que vestir uma máscara quando estamos sozinhos; nós usamos uma máscara para nos expressar para os outros. Nossa personalidade é um personagem e esse personagem é composto de certos hábitos. Cada um de nós tem numerosos hábitos; então quando queremos entender nossa personalidade, devemos entender nossos padrões de hábitos. Um padrão de hábito é um pensamento consciente ou ação que alguém repete repetidamente. Isso cria um entalhe na mente inconsciente e forma um hábito inconsciente. Os hábitos inconscientes são mais fortes do que os hábitos conscientes. Todos os padrões de hábitos são auto-criados. Quando sentamos e tentamos entender qual de nossos hábitos controla nossa vida, vemos que há muitos hábitos profundamente enraizados dentro de nós. Nós deveríamos aprender a estudá-los. Uma vez que nos tornamos cientes dos pensamentos perigosos e emoções que têm criado ranhuras profundas na mente, podemos começar a mudá-los criando novas ranhuras. Então, a mente parará de fluir para as ranhuras antigas e começará a fluir para as novas. Deste modo podemos mudar nossos hábitos.

Você também deveria aprender a executar suas intenções. Por exemplo, muitas pessoas têm intenções muito boas para fazer algo ótimo para seus vizinhos e elas pensam sobre isso o tempo todo, mas então esses pensamentos nunca são executados, eles nunca são permitidos de se tornarem ações. Nós temos muitos pensamentos que nunca foram executados e é por isso que somos miseráveis. Se aprendermos a selecionar esses pensamentos que são utéis e então nos permitirmos executá-los, isso trará realização e a vida será feliz. Criamos miséria para nós mesmos quando não trazemos nossos bons pensamentos em ação. Um dos escritores franceses tem explicado esse conselho lindamente: Todos os pensamentos bons que não são trazidos à ação são traição ou aborto. Os bons pensamentos são aqueles que ajudam os outros e que também nos ajudam. Os maus pensamentos são aqueles que obstruem nosso progresso e criam barreiras para os outros.
Os hábitos profundamente estabelecidos podem te impeder de fazer aquilo que você sabe que seria bom pra você fazer. Você torna-se desamparado por causa das obsessões e vícios que são causados por seus hábitos. Você pode continuar num hábito que você sabe que não é bom – que não é bom para sua saúde nem útil e que não deveria ser feito – por que o hábito se tornou tão profundamente enraizado que você é impotente para mudar seu comportamento. A sociedade não ajuda você a mudar seus maus hábitos e há poucos lugares onde você pode obter ajuda. Muitas pessoas que estão na penitenciária sabem que o que elas fizeram é um crime, mas a força do hábito as levou a agir inapropriadamente. Suas faculdades de discriminação dentro das funções – seu entendiemnto d que é certo e do que não é certo – mas seus hábitos profundamente estabelecidos as têm motivado a fazer algo que não é bom, que não é aceitável. Na verdade, ninguém deveria ser considerado uma pessoa boa ou má. Na lei tradicional inglesa, quando alguém era punido, era-lhe dito: Não estamos punindo você por você mesmo. Estamos punindo você por seus maus hábitos.

Controlando os impulsos primitivos
Os padrões de hábitos são motivações muito fortes na vida; não deveríamos os ignorar. Nós não deveríamos criar um mecanismo de defesa e dizer: Bem, e daí se eu tiver esse hábito? Nós deveríamos aprender a estudar nossos padrões de hábitos e trabalhar com nossos hábitos para mudá-los. Há pouquíssimos padrões de hábitos básicos e eles surgem das quatro fontes: comida, sexo, sono e auto-preservação. Entendendo essas quatro fontes, podemos entender nossos padrões de hábitos e então podemos aprender a mudá-los e transformar nossa personalidade.

A comida é o primeiro impulso básico. Se um marido diz a sua esposa Não coma demais, ela pode dizer: Eu como demais por sua causa. Você não presta atenção em mim, então eu tenho que comer demais. Às vezes, quando o apetite sexual não é cuidado apropriadamente, as pessoas comem demais. Essa é a lei universal da compensação. Se nós mantemos uma dieta nutritiva, não teremos qualquer problema da fonte primitiva chamada comida. A comida passa pelo corpo e então afeta a mente, mas o sexo se origina na mente e então é expresso no corpo. Se nossa mente é equilibrada e alcançamos a maturidade emocional, então podemos lidar competentemente com o impulso do sexo. Pois é a mente, não o corpo, que lida com o sexo. O pobre corpo não pode lidar com a precipitação, a inundação, da mente e assim quase ninguém está feliz sexualmente. Para ter uma vida sexual equilibrada, a pessoa deveria entender que uma mente calma, tranquila, é muito útil.

O sono é outra fonte primitiva. Nos consideramos extremamente conhecedores e altamente avançados, mas não sabemos nada sobre como dormir. É muito importante entender a anatomia do sono. Se você quisesse ir dormir agora, você não poderia conseguir por que você precisa de muitas acomodações para criar uma atmosfera apropriada para o sono, mas os yoguis sabem como dormir voluntariamente, permanecer conscientes, e então acordarem no momento exato que ees tinham determinado que iriam. As pessoas vão dormir apenas por hábito, mas deveríamos aprender a treinar nossa vontade de modo que dormíssemos ou acordássemos em qualquer momento que quiséssemos. E quando dormíssemos, deveríamos estar conscientes. Isso é possível. Há métodos para dormir profundamente, registrando o que está ocorrendo ao redor e então acordor e lembrar-se. Os Yoguis sabem esses métodos e os têm demonstrado cientificamente. As pessoas não precisam dormir tanto quanto costumam. Podemos ir ao estado de sono por apenas duas horas e acordar totalmente revigorados. Isso tem sido observado por cientistas que têm feito pesquisas sobre a anatomia do sono. Se soubermos como dormir, pode dar descanso completo ao corpo e à mente consciente à qualquer instante.

A quarta fonte é a auto-preservação. O modo vem do impulso por auto-preservação e quando os medos são aprofundados eles criam fobias. As pessoas estão sempre tentando proteger a si mesmas; elas estão sempre com medo. É bom proteger-nos do mundo físico, mas não é bom nos proteger do mundo mental – isso é muito perigoso. As pessoas deveriam aprender a encarar seus medos internos e a entender por que estão com medo. As pessoas sempre querem evitar as coisas não prazerosas e assim nunca examinam seus medos. Isso é por que elas têm inumeráveis medos dentro delas. A maioria dos medos não são examinados e eles são imaginários; eles não são válidos. Meu marido não vem para casa. Talvez ele tenha tido um acidente. Talvez algo ruim tenha acontecido! Por que imaginar apenas o negativo; por que não imaginar o positivo também? Meu marido não veio para casa. Talvez ele tenha ganhado na loteria hoje. Talvez ele tenha se tornado milionário! As pessoas estão no hábito de criar medos imaginários e quando eles não se tornam verdade, elas os esquecem. Elas não voltam e analisam aqueles medos. Mesmo quando as pessoas sabem que seu medo é imaginário, o medo auto-criado ainda as torna miseráveis.

Mesmo quando as pessoas estão apaixonadas, estão com medo do amado. Talvez ela esteja com raiva. Talvez eu tenha feito algo errado e a tornado triste. As pessoas também estão sempre com medo de seus inimigos. As pessoas forma um hábito forte de estarem com medo de tudo. Mas quando elas aprendem a examinar seus medos, elas entendem que todos os medos são imaginários. Imaginário significa que há uma imagem dentro. Nós recebemos uma imagem de fora, de nosso relacionamento, e então criamos uma imagem dentro. nós temos milhões de imagens dentro de nós. Para ser livre de todos os medos, devemos aprender a encarar imagens amedrontadoras e examiná-las. Os medos são extremamente perigosos, mas são todos auto-criados. Aprender a viver livres dos medos que surgem do impulso de auto-preservação é muito importante.

Vivendo no mundo externo
Como alguém pode viver com sucesso no mundo externo? É muito difícil viver no mundo externo, colocar-se no mundo, lidar com os desejos de muitas pessoas, agradar a todos. Então é útil ter alguns princípios para aplicar às várias situações e circunstâncias que nos encontramos envolvidos. Assim, sozinhos é possível para nós termos sucesso. Nós temos numerosas experiências todos os dias – algumas agradáveis, algumas desagradáveis. Mas há uma categoria de experiência pela qual esperamos: o tipo de experiência que nos guia, que nos motiva a fazer algo útil para os outros e para nós mesmos. Mas tais experiências são muito raras.

Gastamos nosso tempo e energia. Mesmo o tempo e energia que pensamos que estamos investindo em prazer não estamos aproveitando, por que não sabemos realmente como aproveitar as coisas do mundo. Mas podemo aprender como fazer isso; todas as coisas do mundo podem ser aproveitadas. Os renunciantes dize, Seu mundo não tem nada. Não é um bom mundo. Todas as coisas são flutuantes, todas as coisas mudam. Todas as coisas são momentâneas e nada faz você feliz. Por que você está nesse mundo? Por que você não renuncia? Mas eles estão errados. Nós podemos viver no mundo e aprender a usar as coisas do mundo como meio. Como São Bernardo disse, Aprenda a usar as coisas do mundo mas ame apenas a Deus. As coisas do mundo não deveriam ser amadas. A natureza delas deveria ser entendida e elas deveriam se tornar meios, mas não deveriam ser amadas. Quando as usamos, tendemos a nos apegar a elas – isso não é saudável. Deveríamos amar a Deus e deveríamos aprender que todas as coisas do mundo são usadas apenas como meio de alcançar o centro do amor. O Senhor da vida é chamado de amor. Nós deveríamos aprender a amar nossas responsabilidades e a executar nossos deveres amavelmente, sem nenhum apego.

O estudantes ocidentais pensam que não é possível amar alguém sem apego. Mas talvez a palavra apego não seja entendida. O amor é diferente do apego. No amor nós damos – nós realizamos nossas atividades amavelmente – e isso é inteiramente diferente de apego. O apego não é autorizado. No apego nos tornamos de olhos vendados e egoístas. Em apego, esperamos todo o tempo e nunca estamos satisfeitos e então nos tornamos miseráveis. Não há uma única coisa que possamos dizer que realmente é nossa. Nós podemos ter coisas – e deveríamos aprender a olhá-las apropriadamente – mas não deveríamos tentar possui-las. Em apego, as pessoas ficam com medo. Isso é meu. O que acontecerá comigo se ele morrer. O que acontecerá comigo se ele for destruído? As pessoas permanecem constantemente sob a pressão do medo de perder o que elas têm ou de não ganharem o que querem. Todo o problema do medo surge dessas fontes.

A maioria das pessoas não está ciente de que elas estão numa viagem. Elas têm o hábito de colecionar lixo inútil e ele cria problemas para elas. As pessoas deveriam aprender a entender que as necessidades são diferentes do que queremos e desejamos. Se necessitamos de algo, nós deveríamos tê-lo, mas não deveríamos querer inutilmente ter coisas desnecessárias. Estudando as vidas de grandes pessoas, encontramos que elas compartilhavam uma característica que as fizeram ter sucesso: elas não pegavam o que não necessitavam. Uma vez, quando Buddha estava indo, como era comum, de porta em porta com sua tigela de esmolas pedindo, uma dona de casa gritou com ele, Você é tão saudável, tão forte e tão bonito. Você era um príncipe! Por que você renunciou seu lar e começou a nos causar problemas? Todo dia você vem com sua tigela de esmolas. Isso se tornou demais para nós. Ela estava com muita raiva por que a cidade inteira estava cheia de renunciantes e havia poucos donos de casa; era um problema para os donos de casa alimentar todos os monges. Ela ficou tão zangada que ela pegou um pouco de sujeira e tentou dar-lhe. Ele sorriu e disse, Mãe, eu não necessito disso. Ele começou a ir em seu caminho, mas um de seus díscipulos ficou com raiva e falou para a mulher, Eu vou matar você por ter se comportado assim com meu senhor! O Buddha voltou-se pra ele e disse, Você não é meu discípulo. Você não aprendeu nada comigo. Se alguém quer te dar algo indesejável, não pegue. Se alguém diz que você é mau, não aceite tal sugestão negativa. Nós deveríamos aprender a entender esse ponto e então poderemos passar pelo processo da vida intactos.

Mas ao invés de permanecer inafetadas, as pessoas permitem que seus valores culturais torne-as dependentes de sugestões externas. Nós somos soprados por sugestões o tempo todo e o poder da sugestão é imenso. Se dez pessoas dizem que parecemos doentes, começamos a nos sentir doentes. Se alguém diz Você é uma pessoa feia, seu dia inteiro estará arruinado. Mas se alguém diz Oh, você parece lindo, então você diz Você fez meu dia valer a pena. Você já é lindo, mas se ninguém te aprecia, você não acredita na sua beleza. Você deveria aprender a apreciar e admirar a si mesmo; você deveria aprender a entender e entrar em contato com a beleza que está dentro de você o tempo todo. Você já é lindo como está! Você não precisa dos outros para te dizer que você é lindo. Você não deveria se tornar dependente das opiniões dos outros; você não deveria tentar conhecer a si mesmo por meio dos outros.

Há uma característica muito perigosa nessa cultura: as pessoas se tornam dependentes umas das outras. As pessoas vivem de sugestões; elas são seduzidas por qualquer um que fale. As pessoas têm o hábito de sempre querer e esperar a atenção dos outros e isso é muito perigoso por que a vida se torna totalmente dependente dos outros. Essa é a pior característica que eu tenho visto na cultura ocidental. As esposas resmungam de seus maridos e seus maridos criticam suas esposas por que eles esperam muito uns dos outros. Quando as pessoas se tornam dependentes de seus relacionamentos, quando elas esperam demais de seus relacionamentos, elas são obrigadas a sofrer.

Quando uma garota vai para a escola, o pensamento que constantemente vive em sua mente é que ela encontrará um bom garoto, casará e será feliz. Mas não nenhum bíblia no mundo que diz que casar fará alguém feliz. O casamento não faz ninguém feliz; é apenas um meio para a felicidade na vida e, se isso for entendido, é muito bom. Mas se alguém espera demais e acha que o casamento é a resposta para todas as questões vitais da vida, então essa pessoa encontrará apenas desapontamento. As pessoas crescem com expectativas irreais sobre o casamento e a filosofia do casamento não é ensinada. Qual é o propósito do casamento? Qual é a filosofia de permanecer solteiro? Se uma pessoa não sabe como usar seu tempo positivamente e se ela não tem nenhuma filosofia de vida, então ela se torna pervertida. Aqueles que não estão casados não são felizes e aqueles que estão casados também não estão felizes. O casamento é como uma fortaleza: aqueles que estão dentro não podem sair e aqueles que estão fora estão querendo entrar. Então eu não vi ninguém que esteja feliz. Isso não significa que as pessoas não deveriam casar; a instituição do casamento é muito necessária. Se ela se desfaz, toda a sociedade se desfaz. Isso é uma grande disciplina para a sociedade humana.
Desenvolvendo a atitude apropriada
Qual deveria ser nossa atitude no mundo? Deveria ser que os relacionamentos e todas as coisas do mundo são meios. O mundo nunca deu a iluminação a ninguém, mas ao mesmo tempo é impossível para alguém alcançar a iluminação se não viver no mundo. Que inutilidade! O mundo não dá iluminação e temos que viver no mundo. Portanto, vamos entender que o mundo seria um meio para a iluminação. Há dois modos de usar o mundo para esse propósito: primeiro, você pode ter a atitude que não irá permitir que o mundo te perturbe, tanto que você pode assim obter a iluminação; e segundo, você pode ter a atitude que você pode usar o mundo para te ajudar, tanto que você pode obter a iluminação. Ambas as atitudes deveriam ser aplicadas. Alguém deveria ter as mesmas atitudes com os relacionamentos: Vou me comportar de tal modo com minha esposa e filhos que elas não irão perturbar minha paz interior; Eu me comportarei de tal modo que eles se tornarão utéis para mim e que eles também crescerão.

Você deveria primeiro ter a atitude de aconteça o que acontecer você não será perturbado. De outro modo, quando você consegue alguma coisa, você se torna emocional e desequilibrado e, quando você não obtém alguma coisa, você se torna deprimido e desorganizado. Isso significa que você não tem a atitude apropriada por trás de seu pensamento e comportamento. Grandes líderes como Moisés e Jesus tinham que encarar muitos problemas sérios, mas eles tinham a atitude apropriada. Essa atitude pode ser construída apenas quando você considera todos os relacionamentos no mundo externo e todos os objetos do mundo simplesmente como meios e não como fins. Assim não importa se hoje você espera que alguma coisa se torna seu meio e amanhã você veja que não era. Quando sua atitude em direção ao mundo externo é que todas as coisas do mundo são meios e não perturbações, então você pode encontrar felicidade.

Onde está a felicidade?

Se a felicidade fosse algo externo, os americanos já a teriam. Os americanos têm muitas coisas, mas não são felizes. Muitas pessoas são muito boas com as outras, mas não boas consigo mesmas. Elas têm um modo mecânico de se comportar bem com os outros, mas não sabem como serem felizes consigo mesmas. Elas estão criando um grande conflito, uma divisão de personalidade, por fingir expressar uma felicidade que não está lá. A felicidade não está no mundo externo; não é obtida por meio de objetos. As pessoas gastam sua vida inteira querendo ter isto e tendo aquilo; elas amam os objetos e não podem amar sem objetos. Mas o dia que você aprende a amar sem um objeto, esse será o dia de maior felicidade. Quando alguém aprende a amar a Deus, isso é amor sem um objeto. Deus não é um objeto; Deus está além de todos os objetos. Então, o amor sem um objeto é amor a Deus.

A felicidade reside dentro de você e você deveria aprender a usar todas as coisas e aplicar todos os meios para alcançar a felicidade. Essa felicidade interna está numa forma dormente; você tem que desdobrar-se para experienciá-la. Portanto, você deveria aprender a estar quieto, de modo que a parte divina em você possa revelar-se. Esteja quieto e saiba que eu sou Deus. Que grande promessa! Este é o maior aforismo. Muitos cristãos e Judeus pensam que não há meditação na bíblia, mas esta única sentença revela a completa filosofia da meditação.

Todo ser humano deveria aprender a ser calmo e quieto e ver Deus nos outros. Assim você pode se desapegar da parte não divina e você estará amando a parte divina. Você um brilho de Deus. Eu deveria amar você por que eu deveria amar Deus em você. É bom amar as pessoas por que todo mundo é um templo de Deus. As pessoas não amam as paredes de um templo; seu amor é dirigido para aquilo que habita o templo. Então quem quer que você ame, ame a Deus nessa pessoa.

Eu rezo para a divindade dentro de você.

Etapas do caminho tântrico – uma introdução

Este texto traz uma breve introdução ao Tantra Yoga e delinea as três principais etapas do caminho.

Pode-se dizer que o Tantra é uma variação de Yoga. Neste caso, considerando-se como Yoga um método ou conjunto de técnicas que devem ser praticadas para alcançar a libertação espiritual. Um dos significados da palavra Tantra é teia ou rede e essa é uma das tradições de sabedoria indiana extremamente conectada com a ideia de sucessão mestre discípulo. Tantra também é o nome que se dá aos textos que transmitem os conhecimentos desta tradição.

Termos bastante conhecidos no momento do Yoga que tiveram origem ou que são muito enfatizados no Tantra são: chakras, kundalini e corpo sutil. Um fato desconhecido de grande parte dos praticantes é que as supostas “ginásticas de alongamento” ensinadas por aí como sendo Hatha Yoga ou alguma de suas variações tem origem tântrica. Pois o Hatha Yoga é um das “modalidades” tântricas mais conhecidas.

Vale ressaltar que não se pode separar o Tantra de outras tradições indianas como o Rāja Yoga, o Samkhya e o Vedanta. Pois, por eles terem tido origem no mesmo berço cultural e por suas ideias principais terem sido colhidas dos Vedas eles compartilham de conceitos comuns. Um desses conceitos são os cinco elementos densos ou Mahābhūta: espaço, ar, fogo, água e terra. Esse conceito é descrito e comentado em vários textos de várias tradições indianas, dentre eles: Yoga Sūtra de Patañjali, Samkhya Karikā e Bhagavad Gitā. Além disso, os cinco elementos são essenciais para várias práticas meditativas tântricas.

Embora haja algumas semelhanças com outros caminhos de libertação espiritual, um fator importante no Tantra é que a libertação não é vista como uma “fuga do mundo”, mas sim como uma união com o mundo. A libertação seria realizar que não há bem ou mal e, portanto, tanto faz estar aqui como não estar, pois a realidade é perfeita. Neste sentido, o sofrimento de que tanto se fala nessas tradições seria uma não-aceitação (por ignorância) da realidade.

Um fator essencial da prática tântrica que a distingue de outras práticas é a ênfase na recitação de mantras. Por exemplo, no Rāja Yoga praticamente não há recitação de mantras. Na verdade, o único mantra mencionado no Yoga Sūtra é o Om. A recitação de mantras é tão importante para o Tantra que a maioria dos mestres dá um mantra para o aluno recitar por algum tempo depois que ele é iniciado (depois que recebe Diksha, no bom sentido, não no sentido avacalhado que estamos vendo recentemente). Esse tempo pode durar anos, dependendo do mantra e do objetivo. No Tantra, geralmente se fala em centenas de milhares, ou talvez, milhões de repetições de um mantra, acompanhado de várias outras práticas ritualísticas como Nyasa.

Após o mestre observar a evolução de seu díscipulo, pode iniciá-lo na segunda etapa do percurso: os yantras. Os yantras são imagens, desenhos ou pinturas que representam devas específicos. Dependendo da prática, do ritual, do deva e dos chakras que serão trabalhados, yantras diferentes são empregados. O Yantra de Sri Tripura Sundari é mostrado na imagem abaixo.

Yantra de Tripura Sundari
Yantra de Tripura Sundari

Após a realização do Yantra o díscipulo pode ser iniciado ao Chakra Puja. Aqui temos dois termos que geralmente aparecem separadamente. Chakra significa círculo ou vórtice e puja pode significar ritual. Neste caso, especificamente, o Chakra Puja trata-se de um ritual em que os adeptos formam um círculo e, em geral, o mestre fica no centro do círculo, para realizarem determinados rituais secretos. Pouquíssimos alunos alcançam a graça de poderem ser iniciados neste tipo de prática. Poucas pessoas no mundo já participaram. Esta seria a etapa final do caminho tântrico e, para praticá-la seria necessário que o candidato já tivesse alcançado um elevado grau de realização especialmente em relação ao não-apego e a não ser afetado por objetos que causam perturbação ou desejo na maioria das pessoas.

Uma crítica à meditação como remédio

Adaptações e comentários a partir do texto de W. S. Hickey sobre os problemas de se utilizar a meditação apenas como mais um remédio.

Nas últimas décadas temos assistido a “uma explosão” de pesquisas sobre meditação e seus efeitos na saúde humana. Essas pesquisas têm sido realizadas por profissionais de diversas áreas, tais como: medicina, psicologia, neurociência, psiquiatria, fisioterapia, etc. As técnicas de meditação abordadas são bastante variadas, desde técnicas de Raja-Yoga, passando por meditação transcendental, até o que está se popularizando como “Mindfulness” (Atenção Plena). Essa última técnica teve como um dos responsáveis por sua popularização o biólogo Jon Kabat-Zinn, criador da abordagem MBSR (Mindfulness Based Stress Reduction). Outro grupo responsável pela intensificação desses estudos são os pesquisadores associados com o Instituo Mind and Life.

Se procurarmos artigos contendo palavras-chave relacionadas com meditação em plataformas de publicações científicas encontraremos milhares de artigos publicados nos últimos anos tentando demonstrar a eficácia de técnicas de Yoga e meditação para problemas que variam desde miopia até cardiopatias. Por exemplo, uma busca realizada no dia de publicação deste texto pela ocorrência das palavras meditation ou mindfulness nos abstracts de artigos publicados nos últimos 5 anos retornou as seguintes quantidades de artigos para as plataformas abaixo:

Embora exista uma grande variedade de abordagens de meditação utilizadas nos experimentos descritos nos artigos, a MBSR tem se destacado como a mais utilizada. W. S. Hickey critica essa abordagem em alguns aspectos:

  • Meditação budista sem Budismo. Hickey afirma que há dois pressupostos problemáticas nesse aspecto. Primeiro, a prática fundamental do Budismo é a meditação. Segundo, as ideias ou práticas religiosas Budistas e Hinduistas são universais e transcendem culturas e contextos históricos.
  • A MBSR separa as práticas yóguicas e meditativas de seu contexto ético e moral.
  • A MBSR reforça a ideia de que a prática individual é o aspecto mais importante para o bem-estar pessoal.

A primeira crítica vai de encontro a um hábito comum no ocidente, o refinamento (no mau sentido). Vejamos o que ocorreu com o Yoga, por exemplo. O Yoga, originalmente, é uma técnica milenar de transformação e libertação espiritual. Segundo sua filosofia, as técnicas visam libertar o praticante do sofrimento e dos ciclos de renascimento. O Yoga tradicional de Patanjali é formado por oito membros, sendo um deles a prática de ásanas ou posturas físicas. Segundo a filosofia indiana, os ásanas fornecem um modo de permitir a ativação de centros de energia sutil e o despertar de energias espirituais latentes no corpo sutil do ser humano. Porém, um dos efeitos colaterais dos ásanas é flexibilidade e saúde física. O que algumas pessoas fazem? Confundem o efeito colateral com o objetivo real. Essa confusão pode ser proposital ou por engano. Não é um problema sério alguém praticar ásanas do Yoga com o único objetivo de saúde física. O problema é reduzir o Yoga a isso.

Problema semelhante ocorre com práticas de meditação. Algumas pessoas, numa tentativa forçosa de popularização, desassociam totalmente as práticas de meditação do Yoga e do Budismo de aspectos espirituais. A meditação está se tornando uma ginástica cerebral. Algo pior que pode ocorrer é praticar técnicas específicas de meditação, que só fazem sentido no contexto do Yoga e do Budismo, associadas com práticas de outros caminhos espirituais que não possuem ou aceitam conceitos como: renascimento, karma, devas, etc.

Outro fator muito importante que está se perdendo com a transformação da meditação em ginástica mental é a necessidade de uma comunidade de prática que possui objetivos comuns respaldados em preceitos éticos que fazem sentido para aquele contexto. Por exemplo, no Budismo há o princípio dos três refúgios: Buda, Dharma e Sanga. Sendo que a Sanga, ou comunidade, é uma peça fundamental para apoiar as pessoas que têm dificuldades para se libertar de maus hábitos ou vícios. Um fato relacionado ao conceito de comunidade é o grande sucesso da metodologia dos A.A. em que o viciado se apóia em uma comunidade com a qual pode contar e possui alguém mais experiente dentro da comunidade para servir de tutor. Podemos nos questionar como, numa sociedade movida pela grande quantidade de informações e pela consequente tentativa de autodidatismo em tudo, alguém poderia obter os reais frutos da meditação praticando-a isolado de uma comunidade e de modo autodidata?

Assim como muitas pessoas acham que Yoga é ásana, muitas pessoas acham que Budismo é meditação. Isso não é verdade. Tanto no Yoga quanto no Budismo existem preceitos éticos que devem ser seguidos se o praticante desejar avançar em seu caminho espiritual. No caso do Yoga, há os Yamas e Nyiamas.

Yamas:

  • Ahiṃsā: não-violência;
  • Satya: verdade;
  • Asteya: não roubar;
  • Brahmacharya: contenção sexual, refrear os excessos da sexualidade;
  • Aparigraha: não ser avaro.

Nyiamas:

  • Śauca: pureza;
  • Santoṣa: contentamento;
  • Tapas: práticas acéticas;
  • Svādhyāya: auto-estudo;
  • Īśvarapraṇidhāna: devoção a Ishvara.

Um dos principais ensinamentos budistas se refere à observação do Nobre Caminho Óctuplo:

  • Visão correta;
  • Intenção correta;
  • Fala correta;
  • Ação correta;
  • Meio de vida correto;
  • Esforço correto;
  • Atenção correta;
  • Concentração correta;

Não irei discorrer sobre Yamas/Niyamas e Nobre Caminho Óctuplo neste texto. Estou listando-os aqui apenas para que o leitor perceba que esses caminhos são completos e autocontidos. Não se restrigem a ásanas ou à meditação e, consequentemente, são capazes de afetar positivamente toda a vida do praticante.

Enfim, podemos encarar essa “corrida maluca” para se popularizar a meditação como uma prática secular pela perspectiva positiva de que quem a praticar poderá trazer frutos positivos para a sua vida e para a sua saúde. Esses resultados positivos para a saúde já estão suficientemente comprovados para os órgãos de saúde pública brasileiros, de modo que o SUS já permite e sugere a utilização de práticas que eles chamam coletivamente de terapias alternativas. No entanto, só alcançarão os reais objetivos da meditação aqueles que a praticarem dentro de um contexto específico, seguindo todas as prescrições milenares e se beneficiando da orientação de pessoas mais experientes que fazem parte de uma comunidade que possui os mesmos objetivos de desenvolvimento espiritual.

Iluminações – Jack Kornfield

Este texto foi traduzido por Eanes T. Pereira do texto em inglês disponível neste link.
Em um retiro de meditação, há varios anos, após uma tarde de conversa sobre o Dharma, uma mulher levantou sua mão e perguntou uma última questão: “A iluminação é apenas um mito?” Quando nós professores voltamos de nossa reunião da tarde, perguntamos uns aos outros essa questão. Nós trocamos histórias sobre a liberdade criativa de Ajahn Chah, o enorme campo de metta em torno de Dipa Ma, a gargalhada alegre de Poonja e nossos próprios despertares. De fato, existe iluminação.

Mas a palavra iluminação é usada de modos diferentes e que podem ser confusos. Seriam as iluminações do Zen, dos tibetanos, do Hinduísmo ou Theravada as mesmas? Qual é a diferença entre uma experiência de iluminaçao e a iluminação completa? Como as pessoas iluminadas se parecem?

Abordagens para a iluminação
No começo de minha prática na Asia, fui forçado a lidar com essas questões diretamente. Meus professores, Ajahn Chah na Tailandia e Mahasi Sayadaw em Burma, eram ambos considerados dentre os mestres mais iluminados do Budismo Teravada. Enquanto que eles descreviam o objetivo da prática como liberdade da cobiça, do ódio e da delusão, eles não concordam sobre como alcançar a iluminação nem como ela era experienciada. Eu comecei meu treinamento monástico praticando na comunidade com Ajahn Chah. Então, eu fui estudar num monastério de Mahasi Sayadaw, onde o caminho da liberação foca inteiramente em longos retiros silenciosos de meditação.

No sistema de Mahasi, você senta e caminha por semanas no contexto de retiro e continuamente nota o surgimento da respiração, dos pensamentos, dos sentimentos e sensações continuamente até a mindfulness ficar tão refinada que não nada mais que surgimento e passagem instantânea. Você passa por estágios de luminosidade, alegria, medo e a dissolução de tudo que você toma como sólido. A mente torna-se imóvel, descansando num lugar de estabilidade e equanimidade, transparente a todas as experiências. pensamentos e medos, anseios e amores. Além disso, vem um “largar” de identidade com qualquer coisa nesse mundo, uma abertura para o incondicionado além da mente e do corpo; você entra no fluxo de liberação. Como ensinado por Mahasi Sayadaw, este primeiro sabor de entrada no fluxo para a iluminação requer purificação e concentração forte levando a uma experiência de cessação que começa a desenraizar a ganância, o ódio e a delusão.

Quando retornei para praticar na comunidade de Ajahn Chah após mais de um ano de retiro silencioso de Mahasi, eu encontrei todas essas experiências – dissolvendo meu corpo em luz, profundos insights em vazio, horas de vasta estabilidade e liberdade. Ajahn Chah entendeu e apreciou as experiências a partir de sua própria profunda sabedoria. Então, ele sorriu e disse, “Bem, outra coisa para deixar passar.” Essa abordagem para a iluminação não era baseada em ter qualquer experiência de meditação, não importa quão profunda. Como Ajahn Chah os descreveu, os estados meditativos não são importantes por si mesmos. A meditação é um modo de aquietar a mente de modo que você possa praticar o dia inteiro onde quer que esteja; veja quando há avidez ou aversão, apego ou sofrimento; e deixe passar. O que fica é a iluminação, sempre encontrada aqui e agora, uma liberação de identidade com as condições mutáveis do mundo, um repousar em consciência. Isto envolve uma simples mas profunda mudança de identidade da míriade, de estados condicionados sempre mutáveis para uma consciência incondicionada – a consciência que sabe tudo. Na abordagem de Ajahn Chah, a liberação do emaranhamento na ganância, no ódio e na delusão não acontece por meio de retiros, concentração e cessação mas dessa mudança profunda de identidade.

Como podemos entender essas abordagens aparentemente diferentes para a iluminação? Os textos budistas contém algumas das mesmas descrições contrastantes. Em muitos textos, o nirvana é descrito na linguagem de negação e como na abordagem ensinada por Mahasi Sayadaw, a iluminação é apresentada como o fim do sofrimento por meio de tirar os fogos do desejo e desenraizar todas as formas de apego. A eliminação do sofrimento é praticada por purificação e concentração, confrontando as forças da ganância e raiva e ultrapassando-as. Quando o Buddha foi questionado, “Você ensina a aniquilação? O nirvana é o fim das coisas como as conhecemos?” ele respondeu, “Eu ensino apenas uma forma de aniquilação: a extinção da ganância, a extinção do ódio, a extinção da delusão. Isto é chamo de nirvana”.

Há também nos textos um modo mais positivo de entender a iluminação. Aqui, o nirvana é descrito como a felicidade mais elevada; como paz, liberdade, pureza, estabilidade; e como o incondicionado, o atemporal, e imortal. Nesse entendimento, como na abordagem de Ajahn Chah, a liberação vem por meio de uma mudança de identidade – uma liberação do apego as condições mutáveis do mundo, um repousar na própria consciência, a ausência de morte.

Nesse entendimento, a liberação é uma mudança de identidade do falar de alguma coisa como “self”. Questionado, “Como aquele não será visto como o rei da morte?” o Buddha respondeu, “Para aqueles que não tomam qualquer coisa como eu ou meu, tal pessoa está liberta das armadilhas do rei da morte”. Exatamente desse modo, Ajahn Chah nos instruiu para permanecer em consciência e não nos identificar com nenhuma experiência como eu ou minha.

Encontrei uma prática similar em Bombay com Sri Nisargadatta, um mestre de Advaita. Seus ensinamentos sobre a iluminação requerima uma mudança de identificação com qualquer experiência para repousar em consciência onde quer que você esteja. Seu foco não era sobre aniquilição da ganância e da raiva. De fato, quando questionado se ele já ficou impaciente, Nisargadatta alegremente explicava, “Eu vejo, ouço e saboreio como você, sinto fome e sede; se o almoço não for servido a tempo, mesmo a impaciência surgirá. Tudo isto é percebido bastante claramente, mas de algum modo não estou nisto. Há percepção de tudo e senso de imensa distância. A impaciência surge; a fome surge. Mesmo quando doença e morte desse corpo surgem, elas não tem nada a ver com o que eu sou”. Isso é iluminação como uma mudança de identidade.

Então, aqui temos diferentes visões da iluminação. Por um lado, temos a liberação da ganância, do odio e da delusão alcançada por meio de concentração poderosa e purificação, enfatizada por muitos mestres de Mahasi e Sunlun Sayadaw ao Zen Rinzai. Por outro lado, temos a mudança de identidade refletida nos ensinamentos de Ajahn Chah, Buddhadasa, Soto Zen e Dzogchen. E há muitas outras abordagens; se você pratica Budismo Terra Pura, que a tradição mais disseminada na China, a abordagem de iluminação envolve devoção e entrega, sendo realizada pela graça de Buda.

Para entender essas diferenças, é mais sábio falar de iluminação no plural – como iluminações. É a mesma coisa com Deus. Existem tantas formas: Jehovah, Allah, Brahma, Jesus, Kali e assim por diante. Tão logo os seguidores digam que conhecem o único Deus verdadeiro, o conflito surge. De modo similar, se você falar de iluminação como uma coisa, o conflito surge e você perde a verdade.

Sabemos que o Buddha ensinou muitas abordagens diferentes para a iluminação, todas como meios hábeis para liberar o apego do sentido limitado de self e retornar para a pureza inerente de consciência. De modo similar, descobriremos que os ensinamentos sobre a consciência iluminada incluem muitas dimensões. Quando você experiencia mesmo a consciência livre de identificação com condições mutáveis, liberada da ganância e do ódio, você a encontra multifacetada, como uma mandala ou jóia, um cristal de muitos lados. Por uma faceta, o coração iluminado brilha com uma claridade luminosa, por outra como uma paz perfeita, por outra como uma compaixão ilimitada. A consciência é atemporal, sempre-presente, completamente vazia e cheia de todas as coisas. Mas quando um professor ou tradição enfatiza apenas uma dessas qualidades sobre as outras, é fácil ficar confuso, como se a iluminação verdadeira pudesse ser saboreada de apenas uma forma. Como a natureza partícula-onda da luz, a consciência iluminada é experienciada em uma miriade de modos belos.

Portais para a iluminação
Então quais práticas levam a essas iluminações? De modo mais central, o Budismo usa as práticas de libertação da atenção plena e do amor-bondade. Essas são mantidas pela prática de virtude, que nos liberta de ser pegos em energias reativas que causariam dano a nós mesmos e aos outros. Adicionado a isso estão práticas de calma, ou concentração, com as quais aprendemos a aquietar a mente; e práticas de sabedoria, que podem ver claramente como todas as coisas surgem e passam, como elas podem ser possuídas. Através dessas práticas vem a purificação e a cura e o surgimento de profunda compaixão. Gradualmente, há uma mudança de identidade do ser da pessoa que é pega em sofrimento, para a libertação. A liberação do sentido de self e de todas as condições de mudança do mundo traz entrada-no-fluxo, o primeiro estágio de iluminação.

Os portais mais comuns de entrada-no-fluxo na tradição Theravada são o portal de impermanência, o portal do sofrimento e o portal da ausência de self. Quando passamos pelo portal da impermanência, vemos mais e mais profundamente como toda experiência nasce e morre, como todo momento é novo. Num monastério onde eu praticava, fomos treinados a experienciar como toda a vida é vibração. Por longas horas de concentração refinada, podíamos sentir todos os sons e visões, a respiração, o processo de pensamentos – tudo que tomássemos para nós mesmos – como um campo de energia em mudança. A experiência brilhava, se dissolvendo momento a momento. Então, mudávamos nossa atenção das vibrações para o espaço estável do coração de presença. E e outro, dentro e fora – tudo desaparecia e conhecíamos a vasta quietude além da mudança. Isso é iluminação além do portal da impermanência.

Às vezes, entramos na iluminação atraves do portal do sofrimento. Sentamos no fogo da experiência humana e ao invés de fugir dela, despertamos por meio dela. No Sermão do Fogo, o Buddha declara, “Tudo está queimando. O olho, o nariz, a língua, o corpo, a mente, o mundo está queimando. Com o que está queimando? Está queimando com os fogos da ganância, da ira e da delusão.” Através do portal do sofrimento encaramos os fogos do desejo, da raiva, da guerra, do racismo e do medo. Nos abrimos para insatisfação, tristeza e perda. Aceitamos o sofrimento inerente na vida e estamos liberados. Descobrimos que o sofrimento não e “nossa” dor, ele é “a” dor – a dor do mundo. Um profundo desapego surge, a compaixão preenche o coração e encontramos a libertação.

Meu amigo Salam, um jornalista palestino e ativista, passou pelo portal do sofrimento quando brutalmente espancado em prisões de Israel. Esse tipo de sofrimento ocorre em todos os lados da guerra. Quando em conheci Salam em São Francisco, ele estava sendo homenageado por seu serviço em hospícios. Eu lhe perguntei o que o levou a esse trabalho. “Uma vez eu morri”, Salam disse-me. Chutado por um guarda, ele deitou no chão da cadeia com sangue saindo de sua boca e sua consciência flutuou para fora do corpo. Repentinamento, ele sentiu-se tão pacífico – um tipo de felicidade – como se ele visse que não era aquele corpo. “Eu era muito mais: eu era a bota e o guarda, o cordeiro chamando fora das paredes da estação policial. Eu era tudo aquilo.” Salam disse-me. “Quando eu sai da cadeia, eu não podia mais tomar partido. Eu casei com uma mulher judia e tive filhos judaico-palestinos. Essa é minha resposta.” Salam explica, “Agora, eu sento com pessoas que estão morrendo por que estão com medo e eu posso segurar suas mãos e reassegurá-las de que é perfeitamente seguro.” Ele despertou por meio do portal do sofrimento.

Às vezes, nós despertamos pelo portal da abnegação. A experiência de abnegação pode ajudar nos modos mais simples. Na meditação caminhando, notamos com cada passo o surgimento espontâneo de pensamentos, sentimentos, sensações, apenas para observá-los desaparecerem. A quem eles pertencem? Onde eles vão? De volta ao vazio, que é onde eu fui ontem, tão bem quanto nossa infância, Sócrates, Genghis Khan e os construtores das pirâmides.

À medida que deixamos passar o apego, sentimos o altruísmo tentador das coisas. Às vezes os limites se dissolvem e não podemos separar-nos da ameixeira, do cantar dos pássaros ou do tráfego matinal. O sentido inteiro de self torna-se experiência vazia de surgimento na consciência. Mais e mais profundamente, entendemos a alegria do “sem self, sem problemas.” Nós provamos a iluminação através do portal do altruísmo e do vazio.

Há muitos outros portais: os portais da compaixão, da pureza, da entrega, do amor. Há também o que é chamado de “portal sem portal”. Um professor descreve-o dessa forma: “Eu fui por meses a treinamentos de retiros e nada espetacular aconteceria, nenhuma grande experiência. Ainda assim de algum modo tudo mudou. O que mais me transformou foram as horas infindáveis de atenção plena e compaixão, dar atenção e cuidado ao que eu estava fazendo. Eu descobri como eu automaticamente apertava e segurava e o com aquele entendimento eu comecei a deixar passar, a abrir para uma apreciação do que quer que estivesse presente. Eu achei uma facilidade. Eu desisti do esforço. Me tornei menos sério, menos preocupado comigo mesmo. Minha bondade se aprofundou. Eu experimentei uma profunda liberdade, simplesmente o fruto de estar presente sempre.” Isso era seu portal sem portal.

Expressões de iluminação
Qualquer que seja seu portal para a iluminação, o primeiro sabor real, entrada na correnteza, é seguido por muitos outros sabores quando aprendemos a estabilizar, aprofundar e corporificar esta sabedoria em nossa própria vida única. Com o que isso se parece? As facetas da iluminação expressam a si mesmas maravilhosamente em nossos professores. Cada um manifesta a iluminação com seus próprios sabores.

Dipa Ma, uma maravilhosa avó em Calcutá, foi uma das grandes mestres de nossa tradição. Uma pessoa pequena com uma mente poderosamente treinada, Dipa Ma expressou iluminação como amor. Ela devotamente instruiu seus alunos em atenção plena e amor-bondade e então ela os abraçava – pondo suas mãos em suas cabeças, face e ombros, cochichando frases de “metta”. Eles se embriagavam de amor. Como Dipa Ma, Ammachi, uma professora Hindu do sul da Índia, manifesta a iluminação como a “guru do abraço”. Ela entra em transe e durante toda a noite abraça as pessoas; ela deve tomar umas 2000 pessoas em seu colo e abraça-las. Isso é iluminação como amor.

Para o mestre Zen Suzuki Roshi a iluminação foi expressa estando apenas onde você está. Uma mulher disse a Suzuki Roshi que ela achava difícil misturar a prática Zen com as demandas de ser uma dona de casa: “Eu sinto que estou tentando subir uma escada, mas todo passo para cima eu escorrego dois passos para baixo.” “Esqueça a escada”, disse Suzuki Roshi. “Quando você desperta, tudo está bem aqui no solo.” Ele explicou como o desejo de obter alguma coisa significa perder a realidade do presente. “Quando você entende a verdade de que tudo muda e encontra sua compostura nela, então você se encontra no nirvana.” Posteriormente questionado sobre a iluminação, Suzuki Roshi disse, “Estritamente falando não há seres iluminados; há apenas a atividade iluminada.” Se você pensa que você está iluminado, não é isso. O objetivo é deixar de lado ser alguém especial e encontrar cada momento com a mente de principiante.

Mahasi Sayadaw, o mestre Burmês, expressou a iluminação como vazio. Observando-o em suas visitas à América, vimos que ele raramente gargalhava ou julgava. Ao invés, ele exalava uma equanimidade quieta. Os eventos e as conversas aconteciam em torno dele enquanto ele permanecia estável. Ele era como o espaço – transparente, ninguém lá. Isto é a iluminação como vazio.

Para Ajahn Jumnien, um mestre Thai da floresta, o despertar não é apenas vazio; é cheio. Seu robe é coberto por centenas de medalhões sagrados e ele emprega duzias de meios hábeis para ensinar – meditações guiadas, cânticos sagrados, mantras, chakras e práticas de energia, remédios da floresta, estórias de animais e rituais xamânicos. Seu Dharma é toda-hora, não para, cheio de vida e alegria. Há um senso de abundância nele e a felicidade apenas brota como uma fonte. Ele expressa iluminação como plenitude.

Thich Nhat Hanh expressa a iluminação como atenção plena. Quando ele vem falar em Spirit Rock, 3.000 pessoas sentam meditativamente na vertente e comem suas maçãs atentamente em preparação para sua chegada. Um sino e tocado e ele caminha vagarosamente e deliberadamente pela estrada – tão atentamente que todo mundo suspira, “Ahhh”. A consciência de 3.000 pessoas é transformada apenas vendo este homem caminhar, cada passo é o universo inteiro. Quando olhamos, mergulhamos na realidade do eterno presente. Isto é onde despertamos. A iluminação como atenção plena.

O Dalai Lama expressa a iluminação como benção compassiva. Por exemplo, uma vez no fim de sua estadia num hotel em San Franscisco, ele pediu ao gerente para trazer todos os empregados. Isso significava as pessoas que cortavam os vegetais na cozinha, que limpavam os carpetes tarde da noite, que arrumavam as camas. A grande entrada de garagem circular preenchida com todos eles que faziam esse hotel funcionar mas que eram geralmente não reconhecidas. Uma por uma, ele olhor cada uma com presença completa, tomou a mão de cada pessoa e disse “Obrigado”, movendo-se sem pressa apenas para ter certeza que ele conectou-se com cada um totalmente. O Dalai Lama personifica a iluminação como bênção compassiva.

A manifestação de Ajahn Chah’s foi como a gargalhada de sabedoria. Seja com generais ou ministros, fazendeiros ou cozinheiros, ele diria, “Quando eu vi o quanto as pessoas estão se esforçando, eu olhei para elas com grande simpatia e perguntei, você está sofrendo? Ah, você deve estar muito apegada. Por que não deixar passar?” Seus ensinamentos eram profundos e diretos ao ponto. Ele diria, “Se você deixar passar um pouco, você será um pouco feliz. Se você deixar passar muito, você será muito feliz. Se você deixar passar completamente, você será completamente feliz.” Ele viu o sofrimento, sua causa, e que a liberdade é possível em qualquer momento. Ele expressou a iluminação como sabedoria.

Quando as pessoas lêem estórias, elas podem perguntar, “Como elas se relacionam comigo? Eu quero essas iluminações. Como eu as obtenho? O que eu deveria fazer?” A jóia da iluminação nos convida a despertar por meio de muitos meios hábeis. Mahasi Sayadaw diria, “Para encontrar o vazio, note cada momento único até que o que você pensa ser o mundo se dissolva e você conhecerá a liberdade.” Ajahn Chah diria, “Apenas deixe passar e torne-se a consciência, seja aquele que sabe.” Dipa Ma diria, “Ame aconteça o que acontecer.” Thich Nhat Hanh diria, “Repouse em atenção plena, este momento, o eterno presente.” Ajahn Jumnien diria, “Seja feliz sem causa.” Suzuki Roshi diria, “Apenas esteja exatamente onde você está. Ao invés de esperar pelo ônibus, entenda que você está no bus.”

Então, a iluminação é um mito? Não. Ela não está longe. Ela é liberdade aqui e agora, a ser saboreada quando quer que você se abra pra ela. Em meu papel como professor, eu tenho o privilégio de ver a bênção das iluminações despertarem em tantos meditantes que vêm para a prática de Dharma e tornam-se transformados através de suas várias expressões. Quando sua tensão inicial e luta com a vida, a dúvida e o esforço fica de lado, eu obeservo seus corpos relaxarem, suas faces suavizarem, sua visão de Dharma se abrir, seus corações florescerem. Alguns tocam o que Buddhadas chamou “nirvana diário”. Outros vêm a conhecer uma pureza profunda de mente e a experienciar um sabor de liberação diretamente.

O Buddha declara, “Se não fosse possível libertar o coração do emaranhamento, eu não ensinaria vocês a fazer isso. Apenas por que é possível libertar o coração, há ensinamentos do Dharma da libertação, oferecidos de coração aberto ara o bem de todos os seres.”

Almejo por nada mais.

Obs.: Infelizmente, alguns sites utilizam nossa tradução sem mencionar a origem.