Um pequeno guia de estudos sobre Raja Yoga

Este post apresenta uma pequena lista de textos e livros para aqueles interessados em iniciar os estudos em Raja Yoga.

O Raja Yoga é a metodologia de prática yogui cujo texto mais importante é o Yoga Sutra de Patanjali. Dito de outra forma, a prática yogui fundamentada no Yoga Sutra é chamada de Raja Yoga. O termo Raja pode ser traduzido como real ou régio. Neste sentido, o Raja Yoga é considerado por seus adeptos a metodologia de Yoga mais importante.

Alguns aspectos peculiares sobre o Raja Yoga são:

  1. Não se tem conhecimento de uma tradição mestre-discípulo que tenha se perpetuado por séculos como sendo a tradição do Raja Yoga. Porém, pode-se dizer que as práticas que compõem a metodologia do Raja Yoga são práticas tradicionais, algumas delas encontradas há milênios na tradição espiritual indiana.
  2. O texto autoritativo do Raja Yoga é um sutra. Um sutra é um texto que se propõe a ser criptográfico por definição. É propositalmente impossível um principiante ler um sutra e entender alguma coisa dele. Os sutras são escritos de modo muito resumido, são um tipo de texto para servir de guia para um professor que já estudou/praticou o tema e está usando apenas uma lista de tópicos mais importantes pra ensinar um assunto.
  3. Alguns autores modernos tem apontado para o fato de que os oito “membros” do Yoga não são práticas que devem ser seguidas numa sequência e, não necessariamente, todos os oito “membros” devem ser praticados para se dizer que a prática é de Raja Yoga. Na verdade, diz-se que esses oito componentes são auxiliares à prática de Yoga.
  4. Estudiosos acadêmicos apontam veementemente que a base filosófica do Raja Yoga é o Samkhya. Assim, recomenda-se o estudo de textos como o Samkhya Karika de Ishvara Krishna.
  5. Para o Raja Yoga, Yoga é Samadhi.

Dito isso, podemos afirmar que seria falso determinado professor dizer que faz parte de uma tradição de Raja Yoga que foi transmitida ininterruptamente de mestre a discípulo e que se estende há séculos ou milênios. Mas pode-se dizer que determinado professor faz parte de uma tradição centenária/milenar de sabedoria indiana em que se ensina, dentre outras coisas, Raja Yoga.

A ausência do fator linhagem pode parecer à primeira vista um ponto negativo, mas na verdade é um ponto forte do Raja Yoga. Pois isso dá liberdade ao praticante de exercer de modo flexível sua prática. No entanto, exceto por graça divina, ninguém aprende algo sozinho. Todos nós precisamos ouvir de alguém ou ler algo que alguém escreveu para aprendermos qualquer coisa. Mas neste ponto, temos mais um fator positivo. Um professor autêntico de Raja Yoga procura desde o início desenvolver a habilidade de autonomia em seus alunos. O treinamento em Raja Yoga procura desenvolver no praticante a habilidade de “ouvir” a sabedoria interna (ou divina) que está o tempo todo a nos falar, mas que em nosso modo usual de vida não a ouvimos. Um professor autêntico de Raja Yoga não quer manter discípulos dependentes de si por tempo indefinido. Na verdade, uma das maiores alegrias do professor autêntico de Raja Yoga é ver seu aluno atuando independentemente, mas no caminho certo.

Existem centenas de traduções diferentes dos Yoga Sutras e uma quantidade ainda maior de livros explicando o que dizem ser Raja Yoga. O principal problema é que, devido ao fato de que os sutras são textos muito difíceis de interpretar, cada pessoa que interpreta o interpreta de uma perspectiva que “puxa a sardinha” para a brasa da sua tradição.

A seguir, apresento uma lista de textos que expõem traduções e explicações sobre o Raja Yoga. Alguns desses textos podem apresentar explicações um pouco divergentes mas todos são muito bons e seus autores são muito importantes para a tradição Yogue:

A Dificuldade de Manter a Xícara Vazia em Tempos de Internet

Erros comuns na relação professor-aluno no processo ensino-aprendizagem nas disciplinas de autoconhecimento.

Há uma historinha bastante conhecida no contexto de tradições de autoconhecimento que se refere à necessidade de nos desvencilharmos de todo conhecimento prévio que julgamos ter sobre um assunto antes de nos dirigirmos a um professor. A história conta que um determinado aluno foi visitar um mestre e chegou “cheio de conhecimento” falando de tudo que já sabia e de tudo que já tinha lido. O mestre o chamou para tomar um chá e começou a encher a xícara do aluno, mas mesmo depois que a xícara já estava cheia o mestre continuou derramando o chá na xícara. O aluno pediu para ele parar e perguntou por que ele continuava a derramar o chá mesmo com a xícara estando cheia. O mestre disse: da mesma forma que é impossível entrar novo chá nessa xícara é impossível entrar novo conhecimento na mente que já chega cheia. No Zen, esse ensinamento é traduzido na frase: “Mente Zen, mente de Principiante”.

Hoje em dia, é ainda mais difícil de manter as xícaras das nossas mentes vazias devido a grande facilidade de acesso à informação que a Web nos proporciona. No entanto, o que a maioria das pessoas que buscam o autoconhecimento não percebe, pelo menos no início, é que a sabedoria disponível em tradições como Yoga, Vedanta e Budismo não é como Matemática e Geografia que basta você pegar uns livros, ler algumas vezes, fazer exercícios e assim você saberá do conteúdo. Não, não é assim. A transmissão de sabedoria espiritual exige um método que está além das palavras e da abordagem utilizada em escolas e universidades.

Embora nas disciplinas de conhecimento material (chamemos assim), algumas pessoas possam se autointitular autodidatas, nas disciplinas de sabedoria espiritual isso é muito raro ou, praticamente, impossível. Mesmo aqueles que se dizem autodidatas estão enganados pois eles, no mínimo, leram algum livro que foi escrito por outra pessoa e, podemos dizer, essa outra pessoa ensinou indiretamente o conteúdo àquela que leu o livro. No caso de espiritualidade, pode haver uma transmissão espontânea chamada de shaktipat. Mesmo assim, a pessoa que recebe um shaktipat espontâneo vai precisar estudar, por um tempo, com um mestre se desejar ter conhecimento ou desenvolver habilidades mínimas para se tornar autônomo.

O problema pode se tornar ainda mais sério quando a pessoa procura um professor, mas só para cumprir tabela. Chega na aula achando que sabe tudo, mesmo sem expressar isso, ou às vezes nem percebe que está agindo como se soubesse de tudo.

Por exemplo, a pessoa tem determinada experiência durante uma prática e acha que foi algum despertar de chakra (mesmo que tal pessoa não saiba direito o que são chakras nem as possíveis localizações). A pessoa pergunta ao professor se aquela experiência é despertar de um chakra específico e o professor diz que acha que não por que naquela região não tem chakra nenhum, nem nas tradições que ele conhece se menciona a existência de chakra naquela região. O aluno sai e diz: continuo achando que foi a sensação de chakra por que eu li na revista XYZ que isso pode acontecer e eu dei uma palestra sobre isso, etc.

Outro exemplo: o aluno está com alguma dificuldade interna e acha que é devido às práticas, pede conselho ao professor se deve seguir o caminho A ou o caminho B. O professor diz pra seguir o caminho A, mas o aluno diz que acha melhor seguir o caminho B. Isso é, no mínimo, entristecedor. Se você pede um conselho já pensando em não seguir, pra quê pede?

O que vejo alguns professores fazerem em relação a esse tipo de atitudo de xícara cheia é, simplesmente, depois de algumas repetições do comportamento, se abster de dar opinião ou conselho. Em casos extremos, já vi o professor se recusar a ensinar qualquer coisa ao aluno sabichão, pois, afinal, se ele sabe tanto, veio aprender o quê?

Tradução detalhada do verso 38 do capítulo 10 do Tripura Rahasya

A tradução do verso 38 do capítulo 10 menciona “a chegada à realidade residual”. A que esta palavra residual se refere? Vamos analisar o texto original em sânscrito na tentativa de entender esse termo.

Texto em sânscrito

सर्वत्राखिलमात्मानमिति  भूयो न भावयन्

शेषमभ्युपगम्यान्त: स्वस्थो भव निजात्मना

Texto transliterado

sarvatrākhilamātmānamiti bhūyo na bhāvayan

śeṣamabhyupagamyānta: svastho bhava nijātmanā

Decomposição palavra por palavra

सर्वत्र (sarvatra)  => palavra indeclinável, significado: em todo lugar.

अखिलम् (akhilam) => palavra indeclinável, significado: inteiramente, totalmente.

आत्मा (ātmā) => palavra masculina, nominativo, singular, significados: self, alma individualizada. Essa palavra é difícil de traduzir, não existe palavra em português que transmita adequadamente seu significado.

नमिति (namiti) => verbo de raiz nam, significados: curve-se, submeta-se.

भूयो (bhūyo), é um caso de sandhi de visarga da palavra भूयः (bhūya:) => gerúndio do verbo tornar(-se), significados: tornando(-se).

न (na), palavra indeclinável, significado: não. Geralmente, tem signicado de negação, não necessariamente apenas não.

भावयन् (bhāvayan) => verbo, significados: considerando, meditando, contemplando.

शेषम् (śeṣam) => palavra neutra, nominativo/acusativo, singular, significados: remanescente, sobra, resto, lugar de descanso (Śeṣanāga).

अभ्युपगम्य , gerúndio da forma verbal अभ्युपगम् (abhyupagam), significados: aproximando-se, chegando a.

अन्तः (antah) => masculino, nominativo, singular, significados: fim, limite, conclusão.

स्वस्थः (svasthah), note o sandhi de visarga da palavra स्वस्थो => masculino, nominativo, singular, significados: estar em si mesmo, estar no próprio estado natural, independente, autossuficiente, saudável.

भव (bhava) => verbo, segunda pessoa do imperativo do verbo de raiz bhū, significados: torna-te.

निज (nija) => palavra masculina, significados: constante, contínuo, nativo.

आत्मना (ātmanā) => caso instrumental singular da palavra ātmā, significado: pelo ātmā, com o ātmā.

Tradução literal

Não meditando, curve-se [e] tornando-se inteiramente [o] ātmā [que está] em todo lugar.

[O] fim, chegando [ao] lugar de descanso, torna-te independente constante com o ātmā.

Tradução adaptada ao contexto

Sem meditar mais, renda-se e torne-se inteiramente como o ātmā que permeia tudo (na verdade, o ātmā é tudo!). No fim, repouse nesse lugar de descanso, tornando-se independente e constante no ātmā.

Discussão sobre o termo que havia sido traduzido como residual (śeṣam)

A partir da tradução palavra por palavra do verso 38 podemos concluir que uma boa tradução para o termo śeṣam é “aquele lugar de descanso” em que a consciência individualizada é capaz de repousar no ápice da prática meditativa. Mas Hemalekha exorta Hemachuda para que ele seja capaz de repousar nesse “lugar” mesmo sem precisar meditar.

Como Filtramos a Realidade

Este texto é um excerto do livro “As Virtudes do Yoga: Antigos Ensinamentos para esta Época de Crise Global” do autor Georg Feurstein.

A realidade que compartilhamos é uma realidade de conceitualizações comuns. Alguns escritores, portanto, chamaram-na de realidade consensual. Agora, se o modo como vemos e nos relacionamos com a realidade fosse puro, não haveria nenhum problema. Mas o fato é que nós não vivemos a realidade como ela realmente é. Em vez disso, como a psicologia moderna já demonstrou, nossas percepções passam pelo filtro da interpretação. Elas são tomadas por todo tipo de conjecturas, inclusive a principal delas, de que existem seres e coisas concretos. Estamos acostumados a pensar em nós mesmos como entidades estáveis ou objetos estáveis e concretos. Essa maneira simplista de perceber todas as coisas equivale a uma intriga (fabulação) geralmente aceita. Embora essa excessiva simplificação das complexidades da existência tenha uma indiscutível utilidade prática, em termos espirituais, ela é um rematado desastre, na medida em que impede que nós estejamos plenamente conscientes de nossa liberdade inerente.

Você está procurando a meditação quando deveria estar procurando psicoterapia?

Embora o ocidente esteja correndo loucamente em direção à meditação como se ela fosse uma panacéia para os problemas mentais, a revelação de alguns mestres de meditação sobre os problemas mentais que enfrentam pode estar indicando a verdade sobre tal prática milenar.

Após alguns mestres consagrados de meditação (principalmente budistas) revelarem que enfrentam problemas mentais, alguns aspirantes ou praticantes de meditação demonstraram desapontamento sobre a eficácia da meditação.

Muitos casos de transtornos mentais entre mestres budistas vieram à tona após a morte de Michael Stone por overdose de opióides. Michael Stone foi um renomado professor canadense de meditação, psicoterapeuta e yogi que escondia de seus alunos os problemas que enfrentava com transtorno bipolar. Pessoas próximas a ele relataram que ele temia o estigma da doença mental, dos preconceitos, e tinha medo de ser rejeitado como professor de Budismo devido aos problemas que enfrentava.

O monge Zen Budista Dogo Barry Graham diz que sempre que percebe algum aluno em busca de cura de problemas mentais usando meditação fala objetivamente com ele que a meditação não pode tratar problemas mentais. Mais que isso, Graham explica que tem problemas mentais e que o Prozac o ajuda muito mais que o Zazen.

O fato é que devido aos próprios budistas a meditação tem sido vista como uma panacéia para os problemas mentais. Especialmente, devido aos “cientistas” envolvidos com o movimento chamado perjorativamente de McMindfulness. Ou seja, a meditação usada como pílula para aumentar o foco no trabalho, para lidar com o stress da vida moderna, etc.

Em um texto recente da revista Tricycle o autor afirma:

Como praticada no contexto tradicional Budista, a mindfulness não é uma forma poderosa espiritualizada de psicoterapia, ou um dispositivo para afinar o ego, muito menos um estratégia para alcançar uma completa autossuficiência invulnerável. Embora de uma forma resumida ela pode ser legitimamente aproveitada para o objetivo de curar o self de uma gama de desordens emocionais e mentais, como um componente essencial no caminho Budista para o nibbana, a mindfulness não é sobre ficar feliz, ou se tornar uma pessoa melhor. Não é sobre felicidade de jeito nenhum – pelo menos não se felicidade é entendida como satisfação de desejos. A mindfulness é, sim, sobre insight enraizado, renúncia , e auto-entrega não-qualificada.

O melhor texto em português que conheço sobre a deturpação dos objetivos da meditação nos dias de hoje foi escrito por Eduardo Pinheiro no Papo de Homem. O título do texto é o Zen Canalha de Steve Jobs, vale a pena ser lido.

Enfim, a meditação é uma ferramenta de desenvolvimento espiritual. Pode ter efeitos colaterais positivos como relaxamento e paz. Mas também pode ter efeitos horrivelmente fortes na mente do praticante. As meditações de youtube totalmente desconectadas de tradição, no máximo são concentração ou relaxamento. A meditação mais profunda e com objetivos espirituais deve ser praticada com o apoio de uma comunidade em que há um professor e pessoas mais experientes. Além disso, as comunidades que praticam meditação com objetivos espirituais seguem tradições milenares que dão segurança ao buscador.

Retiro de Yoga e Meditação em Abril de 2018

Informações sobre o retiro de Yoga e Meditação que ocorrerá em abril de 2018.

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As inscrições serão realizadas via formulário digital no seguinte endereço: https://tinyurl.com/yaglk956

ANTES DE PREENCHER E SUBMETER ESTE FORMULÁRIO VOCÊ DEVE:
1) Enviar e-mail perguntando se ainda há vagas para shri.yoga.devi.pb@gmail.com ou entrar em contato por mensagem inbox pela página no Facebook: https://www.facebook.com/shriyogadevipb ;
2) Fazer o pagamento da inscrição no valor de 350 reais via transferência bancária para a conta enviada no passo anterior; O valor total pode ser dividido em duas parcelas, a primeira no ato da inscrição (175 reais) e a segunda até um dia antes do início do retiro;
3) Enviar o recibo da transferência ou foto do mesmo anexado a este formulário. Caso seja pago em duas vezes, o segundo recibo deverá ser enviado para o e-mail shri.yoga.devi.pb@gmail.com ;

REGRAS SOBRE DESISTÊNCIA DO RETIRO
No caso de desistência, 30 dias ou mais antes do início do retiro, o valor que tiver sido pago antecipadamente será devolvido integralmente. No caso de desistência com menos de 30 dias antes do início do retiro, haverá devolução de 80% do valor pago. No caso de desistência do retiro no dia ou durante não haverá devolução do valor pago. Caso já tenha pago e desista, há a possibilidade de passar sua vaga para outra pessoa, mediante consulta prévia aos organizadores do retiro.

REGRAS SOBRE CANCELAMENTO DO RETIRO
Em caso de cancelamento do retiro por motivos de acidentes ou qualquer situação que impeça os professores de realizarem o retiro, o valor pago será devolvido integralmente sem ônus para os participantes do treinamento.

DATAS E HORÁRIOS DO RETIRO
O retiro terá início no dia 20 de abril no fim da tarde e encerramento no dia 22 de abril após o almoço.

O nome e a foto associados à sua Conta do Google serão registrados quando você fizer upload de arquivos e enviar este formulário.

Mais informações: https://www.facebook.com/events/1618263464862678

Samsara: as voltas que a gente dá

Idas e vindas no caminho do Yoga.

Ultimamente tenho me sentido cansado da “busca”. Pensei sobre várias coisas que ocorreram durante esses anos envolvido com Yoga e etc. Como é engraçado olhar pra trás e ver como nossos objetivos com Yoga mudam. Eu comecei no Yoga para lidar com tendinites infernais cujas dores nenhum ortopedista nem fisioterapeuta tradicionais tinham conseguido reduzir.

Lembro-me da primeira aula de ásanas:

– Professora, preciso acreditar em coisas estranhas ou recitar rezas para seres sobrenaturais para poder praticar Yoga?

– “Homi”, deixe de bobagem e se estique logo aí.

Creio que muitos de nós começamos assim, em busca de saúde física e bastante desconfiados com os seres antropormóficos com cabeça de elefante ou corpo de macaco.

Em algum momento, descobrimos algum livro do tipo: Yoga para pessoas XYZ. Onde XYZ pode ser trocado por ansiosas, nervosas, diabéticas, claustrofóbicas, distópicas (a modinha do momento), depressivas, etc. É claro que um assunto que é tratado como panácea merece muito ceticismo.

Embora nossa sociedade tente nos vender o Yoga como um remédio para todos os males, esse erro nos traz uma coisa boa: é por aí que todo mundo entra. Por estarmos insatisfeitos com algo em nós mesmos ou com o mundo, buscamos alternativas. Uma solução possível é o Yoga.

Mas com o tempo tenho começado a entender (eu acho) o que meus professores têm ensinado: não há nada errado comigo, nem com você, nem com o mundo. É fácil falar, mas estou começando a concordar com eles. Algo me diz que estão certos. Provavelmente, um dos erros básicos da auto-ajuda barata é o consenso de que há algo errado com você. Livros do tipo “Como lidar com XYZ negativo” podem até ajudar no início, mas depois de um tempo tentando e percebendo que o XYZ continua lá, percebemos que provavelmente ele não é negativo, mas a forma com que lidamos com ele sim.

Muitas dessas conclusões que tenho tirado sobre a (minha) vida têm surgido do estudo de Vedanta. Um estudo que tem sido bastante precioso no caminho do auto-entendimento. É confortante saber que, de partida, não há nada de errado consigo mesmo. Mas a distância entre saber e realizar só pode ser sobrepujada com a ajuda de alguém mais experiente, possivelmente um professor.

Então, aqui estou de volta ao começo olhando para as coisas que gostaria de lidar usando o Yoga e percebendo que elas estão bem como estão…

Dandipani: O Alquimista da Energia

Para iniciar o ano novo, nada melhor do que dicas para desenvolver a concentração e a força de vontade. Se você acha que nunca termina o que começa ou mesmo que não tem força de vontade para começar o que gostaria, este vídeo é para você. Neste vídeo, Dandipani explica que mente e consciência são coisas diferentes. Que a sua energia está onde sua consciência está. Além disso ensina como desenvolver a concentração e a força de vontade. Ative as legendas em português.

O diálogo entre Astavakra e Janaka, no Tripura Rahasya, sobre os estados de consciência

Este é o resumo do artigo publicado na Revista Religare sobre as relações entre o Capítulo 16 do Tripura Rahasya e o Yoga Sutra de Patanjali.

Resumo: Este artigo apresenta uma tradução de partes do capítulo 16 do Tripura Rahasya seguidas de discussões e análises tendo como base conceitos apresentados no Yoga Sutra de Patanjali. O capítulo 16 do Tripura Rahasya trata dentre outros fatores do conceito de indizível na tradição indiana e de métodos para alcançar o estado em que é possível acessar o indizível, ou aquilo que não pode ser explicado por palavras. Argumentamos que o Rāja-Yoga de Patañjali é uma metodologia adequada para experimentar esse estado.

O artigo completo pode ser lido no site da Revista Religare.

Livros Recomendados

Nesta página, há algumas sugestões de livros sobre Yoga e Meditação. Será atualizada com certa regularidade.

Última Atualização: 20 de dezembro de 2017

A Tradição do Yoga – Georg Feuerstein

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Ótimo livro para quem deseja ter uma visão geral do Yoga como tradição espiritual presente como prática em diversas religiões especialmente de origem indiana (ex., Hinduísmo, Budismo e Janinismo). Georg Feurstein foi um praticante-acadêmico, ele praticou Yoga desde a adolescência, teve contato com grandes mestres e posteriormente se dedicou à pesquisa e escrita acadêmica sobre temas relacionados ao Yoga e as tradições espirituais de origem indiana. Este livro apresenta o Yoga como ferramenta de desenvolvimento espiritual. Além disso, apresenta traduções de trechos de importantes textos tradicionais e explicações sobre os diversos ramos do Yoga: Hatha Yoga, Raja Yoga, Laya Yoga, Jnana Yoga, Karma Yoga, Bhakti Yoga, etc. Este livro vale a pena ser lido por todos os praticantes que encaram o yoga como caminho espiritual.

Viagem Interior – Caco de Paula, Jomar Morais, Karen Gimenez e Marcia Bindo

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Durante muitos anos a Revista Super Interessante publicou artigos sobre Yoga e Meditação. Os autores desse livro juntaram várias idéias presentes nos artigos da Super Interessante e construíram este livro, que antes havia sido publicado como quatro livros independentes. O livro é dividido em quatro partes: Yoga, Meditação, Buda e Dalai Lama. Cada parte contém, além de uma introdução ao tema, dicas de leitura e de sites para posterior aprofundamento nos temas. É um livro ótimo para quem está começando e não sabe nada sobre o assunto.

Yoga: Imortalidade e Liberdade – Mircea Eliade

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Este livro é de caráter mais acadêmico e de linguagem mais complexa para o leigo. Porém, seu conteúdo é de grande profundidade espiritual. Este livro apresenta as origens históricas do Yoga, como ele surgiu na sociedade indiana, quais os textos mais antigos que tratam do assunto, quais os principais conjuntos de práticas envolvidos, etc. O livro foi um dos resultados da pesquisa de doutorado do autor. Por se tratar de um livro que foi publicado há décadas e seu autor já faleceu, há uma versão digital no site Archive.

Tantra – Sexualidade e Espiritualidade

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Neste livro, Georg Feurstein apresenta as principais influências do Tantra na cultura indiana. A discussão do livro gira em torno, principalmente, do Tantra Kaula. O autor desmistifica vários mal-entendidos que existem no ocidente em torno do termo Tantra. O leitor não deve ler este livro buscando um guia de práticas, nem de posturas. Primeiro por que Tantra, não necessariamente, envolve sexo, segundo por que este livro não é um manual. O fato dele não ser um manual decorre de não ser possível ensinar/aprender adequadamente práticas de Yoga por meio da leitura de textos sem que a pessoa nunca tenha tido instruções de uma pessoa mais experiente.

Tantra Illuminated – Christopher Wallis

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Esta é uma obra enciclopédica sobre o Tantra, especialmente sobre o Tantra Não-Dual Shaiva (TNDS). O autor é praticante desde a adolescência, foi aluno de grandes mestres e posteriormente fez doutorado em Oxford em temas relacionados à tradução de textos escritos em sânscrito. Seu orientador de doutorado foi Alexis Sanderson um dos poucos ocidentais que foram alunos do último mestre da filosofia TNDS. O livro trata das origens históricas do Tantra, sua cosmologia e práticas. Além disso, apresenta as nove principais linhagens do Tantra. Provavelmente, é o melhor livro escrito sobre o tema nos dias de hoje.

O Despertar da Kundalini

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Neste livro, Gopi Krishna conta a sua trajetória no caminho da meditação. Ela conta como foi o despertar da Kundalini para ele, o estado doentio pelo qual ele passou, as dificuldades enfrentadas, o sofrimento e praticamente desejo de morte que teve devido ao despertar da energia da Kundalini sem que tivesse alguém para orientá-lo. Este livro deve ser lido por todas as pessoas que têm curiosidade sobre o tema, mas que às vezes não são criteriosas quanto às suas práticas nem quanto à busca por professores adequados.

Neurofisiologia da Meditação

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Este é um livro escrito para quem tem curiosidade de saber o que se passa na mente em termos de eletroquímica e biologia durante as práticas meditativas. O tema é apresentado de modo que um leitor que não tenha formação nas áreas de saúde ou ciências biológicas seja capaz de entender o que é apresentado. Um ponto fraco do livro são as referências exageradas a determinadas pessoas conhecidas na área de cura espiritual. De certa forma, essas referências fogem ao tema alvo do livro.

Autobiografia de um Yogue

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Este é um livro, no mínimo, divertido. O autor apresenta relatos de suas experiências com Yogues realizados. Dentre os relatos há casos de pessoas capazes de atravessar paredes, flutuar e se multiplicar. Deve ser lido com mente aberta.

Um caminho com coração – Jack Kornfield

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Jack Kornfield é um renomado professor americano de meditação budista. Passou mais de dez anos como monge budista na ásia, teve aulas com mestres como  Sri Nisargadatta Maharaj, Ajahn Chah e Kalu Rinpoche. Após seu treinamento na Ásia, voltou aos Estados Unidos e recebeu formação em Psicologia Clínica. Este livro, embora numa temática budista, é de extremo valor para qualquer pessoa que se dedica à meditação. Este livro apresenta várias dificuldades que podem surgir na vida de quem medita e como lidar adequadamente com elas.

Emergência Espiritual – Stanislav Grof e Christina Grof

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Os autores apresentam uma coletânea de textos de mestres renomados sobre as diversas transformações e dificuldades que as pessoas podem passar durante a caminhada espiritual. Apresenta também uma discussão polêmica sobre o fato de que, em nossa sociedade, a transformação espiritual pode ser encarada como doença mental e as pessoas que estão passando por transformações espirituais podem sofrer preconceitos e serem medicadas sem terem nenhuma doença física.

Ciência Contemplativa – Alan Wallace

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Antes que me perguntem, adianto a resposta: ALAN WALLACE NÃO É O CRIADOR DA CIÊNCIA CONTEMPLATIVA! Ninguém é o criador! A ciência contemplativa é um conjunto de práticas de engajamento psicofísicas que são capazes de transformar positivamente o ser humano trazendo-lhe saúde e proporcionando-lhe qualidade de vida. Tais práticas foram desenvolvidades, especialmente, em sociedades asiáticas em tradições como: Yoga, Budismo, Taoísmo, etc. Neste livro, o autor apresenta a visão geral da Ciência Contemplativa, apresenta, também, as críticas da Ciência moderna às experiências em primeira pessoa e discute respostas às críticas da Ciência Moderna. A principal crítica a este livro é a ausência de neutralidade, pois a parte teórico-filosófica é totalmente embasada no Budismo Tibetano. Porém, isso ocorre devido o autor ter passado mais de dez em treinamento por grandes mestres tibetanos.

O Yoga Tradicional de Patanjali – Roberto de A. Martins

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Provavelmente, o melhor livro sobre Raja-Yoga escrito no Brasil. O autor apresenta o Raja-Yoga de Patanjali por meio de um apanhado de textos históricos e tradicionais da cultura indiana, tais como Upanishads e Puranas. Ao final do livro há dois apêndices contendo as traduções do autor para os textos “Sankhya Karika” e “Yoga Sutra”. O autor é praticante de Raja-Yoga há mais de quarenta anos, além de ser um exímio pesquisador nas áreas de Yoga e Filosofia da Ciência.

Uma luz sobre o Hatha-Yoga

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Este é, provavelmente, o melhor livro sobre Hatha-Yoga. Apresenta o desenvolvimento histórico do Hatha-Yoga, os personagens principais envolvidos, as práticas existentes. Além disso, apresenta algo que pode surpreender os leitores: a grande quantidade de práticas de meditação existentes no Hatha-Yoga e conhecidas como Laya-Yoga. Este livro não é um manual de posturas. O autor é praticante de Raja-Yoga há mais de quarenta anos, além de ser um exímio pesquisador nas áreas de Yoga e Filosofia da Ciência.