yoga é o meio que mostra a verdade

योगशास्त्रेऽपि अथ तत्त्वदर्शनाभ्युपायो योगः इति  (भ्रमसूत्रभाष्य २.१.३)

e nos shastras yoga [é], certamente, o meio que mostra a verdade

योगशास्त्रेऽपि = योग शास्त्रे अपि

योग = yoga

शास्त्रे = nos shastras

अपि = também, e

अथ = então, certamente, mas

तत्त्वदर्शनाभ्युपायो = तत्त्व दर्शन अभ्युपायः = meio que mostra [a] verdade

तत्त्व = verdade

दर्शन = que mostra

अभ्युपायः = m1s = meio

योगः = yoga

इति = “”

Como lidar com o desejo

यतो न कामप्राप्त्या कामप्रविलयः अपि तु दोषपरिभावनाभुवा प्रसङ्ख्यानेन ( मण्डनमिश्र ब्रह्मसिद्धि )

pois [a] dissolução do desejo não [é alcançada] pela obtenção [do que se] deseja mas certamente por  prasaṅkhyāna  com base na contemplação do defeito [do objeto desejado].

यतो = यतः (हशि च ६.१.११४ ) = indec. = pois, onde

न = indec. = não

कामप्राप्त्या = काम प्राप्त्या (षष्टी-तत्पुरुष-समास) = pela obtenção do desejo (ou do que é desejado)

काम = masc. = desejo

प्राप्त्या = fem. 3 sing. = प्राप्ति = pela obtenção

कामप्रविलयः = काम प्रविलयः ( षष्टी-तत्पुरुष-समास )

काम = masc. = desejo

प्रविलयः = masc. 1 sing. = dissolução

अपि = indec. = e, também, certamente

तु = indec. = mas

दोषपरिभावनाभुवा = ( ( दोष परिभावना – षष्टी-तत्पुरुष-समास ) भुवा – सप्तमी-तत्पुरुष-समास)

दोष = masc. = defeito

परिभावना = fem. = contemplação

भुवा = fem. 3. sing = भू = pela/por/com base

प्रसङ्ख्यानेन = 3 sing = por  prasaṅkhyānena

Nirvana Shatkam – Sexteto do Nirvana – Verso 2

न च प्राणसंज्ञो न वै पञ्चवायुर्न वा सप्तधातुर्न वा पञ्चकोशः ।

न वाक्पाणिपादौ न चोपस्थपायुश्चिदानन्दरूपः शिवोऽहं शिवोऽहम् ॥ २॥

E não sou o que é conhecido como prana, nem mesmo os cinco ventos ou os sete elementos ou as cinco coberturas. Não sou a fala, as mãos, os dois pés e nem órgãos genitais, nem órgãos excretores. Eu sou a essência da felicidade e da consciência. Eu sou Shiva. Eu sou Shiva. 

न => não

च => e

प्राणसंज्ञो => प्राण संज्ञो => प्राण + संज्ञः => bahuvrihi => o que é conhecido como prana

न => não

वै => mesmo

पञ्चवायुर्न => पञ्च वायुः न

पञ्च => cinco

वायुः => m1s => vento

न   => não

वा => ou

सप्तधातुर्न => सप्त  धातुः न

सप्त => sete 

धातुः => m1s => elemento

न => não

वा => ou

पञ्चकोशः => पञ्च कोशः

पञ्च => cinco

कोशः => coberturas

न => na

वाक्पाणिपादौ => वाक् पाणि पादौ

वाक् => f => fala

पाणि => m => mão

पादौ => m1d => dois pés

न => não

चोपस्थपायुश्चिदानन्दरूपः => च उपस्थ पायुः  चिद्  आनन्द रूपः

च => e

उपस्थ => m => órgãos genitais

पायुः => m1s => órgão excretor

चिद् => consciência

आनन्द => felicidade

रूपः => m1s => forma

शिवोऽहं => शिवः अहम् 

शिवः => m1s => shiva

अहम् => pron. => eu

शिवोऽहम् => शिवः अहम्

शिवः => m1s => shiva

अहम् => eu

Tradução de subhāṣita em sânscrito

पुस्तकस्था तु या विद्या परहस्तगतं धनम् |

कार्यकाले समुत्पन्ने  सा विद्या न तद् धनम् ||

pustakasthā tu yā vidyā parahastagataṃ dhanam |

kāryakāle samutpanne sā vidyā na tad dhanam ||

[o] conhecimento (विद्या) que está nos livros (पुस्तकस्था) e (tu) [a] riqueza (धनम्) possuída longe (परहस्तगतम् )  no tempo oportuno (कार्यकाले) esse (सा) conhecimento (विद्या) [e] essa (तद्) riqueza (धनम्) não surgirão (समुत्पन्ने).

Sutra 15 – Pada I – Yoga Sutra de Patanjali

Tradução do sutra 15 do pada I do Yoga Sutra de Patanjali. Esse sutra define vayragya.

दृष्टानुश्रविकविषयवितृष्णस्य वशीकारसञ्ज्ञा वैराग्यम्

dṛṣṭānuśravikaviṣayavitṛṣṇasya vaśīkārasañjñā vairāgyam

दृष्टा => ppp => visto, percebido, notado

अनुश्रविक => adj. => conhecido através/dos shastras

विषय => m => domínio, região, território, objeto dos sentidos

वितृष्णस्य => m/n6s => do livre de desejo

वशीकार => m => superação, conquista, dominação

सञ्ज्ञा => f => concordância, harmonia

वैराग्यम् => n => não apego

Sujeito da frase: वैराग्यम्

Verbo: implícito => verbo Ser

Tradução

[O] não apego é [a] harmonia da conquista daquele que é livre de desejos pelos objetos dos sentidos vistos [ou] conhecidos através dos shastras.

 

Espiritualidade, à la carte ou self-service?

O risco de querermos inventar nosso caminho espiritual.

Houve um tempo em que alguém que quisesse aprender sobre Yoga (ásanas, ascese, pranayama, etc), meditação, Vedanta, Rituais ou qualquer assunto relacionado à espiritualidade deveria procurar por alguém que reconhecidamente era um professor daquele assunto. Veja que enfatizei a palavra reconhecidamente. O reconhecimento de que alguém era um professor de assuntos espirituais vinha de pelo menos duas origens: (i) de uma linhagem de mestres-díscipulos da qual o professor reconhecido fazia parte; (ii) de uma comunidade que estava em volta daquele professor, estudava com, punha em prática seus ensinamentos e os validava em sua vida.

Como muitos desses professores reconhecidos não tinha o ensino do autoconhecimento como uma profissão, mas como parte da sua vida, eles não divulgavam aos quatro ventos que estavam ensinando esses assuntos e que estavam à procura de alunos. Então, pra começo de conversa era meio complicado de achar alguns professores. Em segundo lugar, não bastava chegar ao professor e dizer que queria estudar com ele, você deveria mostrar-se merecedor do conhecimento.

O tempo passou, algumas tradições morreram de morte natural ou foram atacadas por outras tradições e destruídas. Alguns professores, por medo de que o conhecimento morresse com eles pediram para seguidores anotarem seus ensinamentos. Outros professores, simplesmente escreveram os ensinamentos ou comentários sobre os ensinamentos. Além disso, as tecnologias evoluíram permitindo que os textos fossem reproduzidos digitalmente favorecendo a propagação e divulgação dos assuntos espirituais.

Com a popularização da Internet, ficou muito fácil de encontrar textos sobre praticamente qualquer assunto “dito espiritual”. Melhor/Pior que isso, ficou muito fácil acessar “ensinamentos” de “mestres” espirituais via vídeos e áudios. Veja a quantidade de aspas que usei nas sentenças anteriores. Só por que os textos estão disponíveis facilmente não quer dizer que sua leitura ou estudo serão benéficos para qualquer pessoa em qualquer estágio de sua vida. Outro fator complicador é que os textos tradicionais estão escritos em sânscrito. A maioria deles não tem tradução. Por mais que os acadêmicos se esforcem para criar traduções “neutras” sem viés de linhagem, isso não é possível (na minha humilde opinião). A questão da tradução é ainda mais grave, devido a existirem muitas traduções péssimas de vários textos em sânscrito.

É evidente que o primeiro passo de qualquer pessoa hoje ao buscar conhecimentos sobre espiritualidade é fazer uma pesquisa na Internet. Essa possibilidade é uma bênção, não há como negar. Também é evidente que as primeiras tradições com as quais nos conectamos o fazemos por afinidade. (Uma amiga anarquista foi quem me fez perceber isso). E essa conexão por afinidade é similar a escolha de uma comida em um cardápio. Ou seja, à la carte. Não há outra forma de ser, exceto quando você não tem escolha. Mas isso não quer dizer que todos os caminhos são iguais. Nesse caso, devo admitir que Raul Seixas estava errado quando falava com seu amigo Pedro. Todos os caminhos não são iguais, por que cada tradição tem objetivos específicos e para objetivos específicos há métodos específicos. Você não deveria usar um martelo para pregar um parafuso.

Um problema comum na prática de meditação, por exemplo, é alguns praticantes de aplicativos praticarem meditações de tradições transcendentalistas cujo foco principal é o desenvolvimento espiritual de renunciantes (monges, swamis, etc) quando na verdade estão buscando algo para viverem melhor suas vidas e não para abandonar a vida prática. Isso pode dar um nó na cabeça, principalmente quando ocorrem efeitos que são considerados adversos para um pai ou mãe de família mas que para um monge ou swami é o efeito esperado. Se você se considera autodidata e não tem a quem recorrer para conversar sobre os efeitos da sua prática de meditação, o que vai fazer? Provavelmente, seu aplicativo não tem inteligência artificial para ajudar nisso.

Problemas podem surgir de pelo menos duas formas diferentes: (i) quando escolho meu caminho espiritual à la carte, mas invento minha sadhana; (ii) quando escolho práticas de caminhos espirituais diversos (self-service) e invento minha sadhana. Observe que em ambas as situações existe o “inventar a sadhana”. Sadhana é uma prática espiritual, desenvolvida dentro de tradições que tem objetivos específicos dentro daquela tradição. Quando um leigo, do alto de sua ignorância, decide escolher o mantra do mês no instagram para repetir antes de ir à missa, temos um problema. Não com a missa, mas com a mistura de sadhanas. Para que um caminho espiritual funcione adequadamente deve haver um alinhamento entre visão, prática (sadhana) e resultado.

Mesmo vivendo em uma socieade onde “o que eu acho” é mais importante do que a verdade/realidade, temos que perceber que, se você não sabe para onde está indo, pelo menos duas coisas podem acontecer: ou você não chegará a lugar algum, ou onde quer que você chegue você ficará satisfeito. Se você está caminhando na orla de João Pessoa e um amigo passa e pergunta onde você está indo e você diz estou indo à Roma. Ele vai rir de você e dizer que por ali você não vai chegar. Mas você poderá ficar chateado e dizer “eu seu o que estou sentindo, estou na direção certa”. Devemos sempre ter em mente a seguinte pergunta: “e se eu estiver errado e não souber?” É para ajudar a responder essa pergunta que existem os professores. Outro problema agravado pela popularização da Internet foi o aumento na quantidade de autodidatas. Pessoas que dizem que aprenderam a fazer algo sozinhas. Dizer que aprendeu a fazer algo sozinho é meio falacioso. Pois, se você leu algum texto ou ouviu alguém falando sobre o assunto, você não aprendeu sozinho. Mesmo que tenha sido uma revelação de algum ser sobrenatural, esse ser foi quem te falou.

Quando estamos falando de autoconhecimento, estamos falando em lidar com o ego. O ego é um bichinho muito traiçoeiro e esperto. É praticamente impossível você lidar com ele sozinho ou sem a ajuda de alguém mais experiente. Vejamos por exemplo, a prática de mantras. Nos tempos remotos, um mantra era passado para um aluno por um professor que conhecia aquele aluno, conhecia um pouco da personalidade dele, das dificuldades que ele tinha, dos pontos fortes e fracos. O professor ensinava um mantra que sabia que iria auxiliar o aluno em sua jornada. Mais que isso, o professor tinha praticado o mantra milhares de vezes.

Atualmente, tem muita gente ensinando coisas que nunca praticaram, ou por que fizeram um curso no domingo e na segunda já vai ensinar, ou por que leu um livro o mês passado e já que ensinar isso agora, sem nem ter integrado aquilo em sua vida. Hoje em dia, se você quer ganhar dinheiro fácil (como se isso fosse honestamente possível) você vai num site de vídeos online e digita “mantra para a prosperidade”.  Aí você executa simultaneamente o self-service (você quer um mantra para uma “fome” específica) e o à la carte (há vários artistas disponíveis cantando o mantra!).

As sadhanas foram criadas dentro de tradições e foram validadas pela prática de muitas pessoas durante séculos ou milênios. Por mais iluminado que você pense que é, dificilmente vai inventar algo novo em termos de abordagens espirituais e isso vai funcionar sem que seja aprimorado por gerações de praticantes. O ponto principal que devemos entender é que existe um método a ser seguido para que a sadhana funcione. Se você faz várias etapas de uma sadhana, mas do modo como lhe vem à cabeça, dificilmente você vai alcançar o objetivo. E não me venha dizer que o que vale é a intenção. Se o que vale é a intenção, então você não precisa praticar sadhana nenhuma, apenas mentalize sua intenção e veja onde você vai chegar.

Curso: Viver em Yoga

Atualmente, é comum o Yoga ser divulgado como uma prática dividida em  exercícios físicos, meditação, respiração, etc. Com essa visão, o praticante pode ser levado a pensar que o Yoga se pratica apenas quando está em seu tapetinho de ásana ou está sentado em sua almofada de meditação. Isso pode causar problemas de entendimento, levando o praticante a se tornar uma pessoa desintegrada, incapaz de associar os benefícios recebidos durante as práticas com a sua vida fora da aula de Yoga. Neste curso, serão abordados temas fundamentais para que o praticante de Yoga possa integrar sua prática à sua vida. O objetivo deste curso é trazer ensinamentos e técnicas que se praticadas adequadamente levarão o praticante a experimentar Uma Vida em Yoga.

Ementa. O problema fundamental do sofrimento humano; Tattvas e meditações associadas; Introdução aos Yoga Sutras de Patanjali; Introdução à Meditação Tântrica. Como integrar os ensinamentos do Yoga à sua vida pessoal.

Textos que serão usados como base: Yoga Sutras de Patanjali; Samkhya Karika; Tripura Rahasya; Vijnana Bhairava Tantra; Svabodha Manjari.

Modo de Funcionamento. Aulas online, uma vez por semana com duração de uma hora. As aulas ficarão gravadas por uma semana. A cada semana serão passadas atividades práticas/teóricas para os participantes realizarem e discutirem os resultados na aula seguinte. Serão disponibilizados áudios com meditações guiadas. Serão disponibilizados materiais em PDF sobre os temas abordados. Haverá 2 retiros em fins de semana a serem combinados, online ou presencial (a ser definido).

Início. Fevereiro de 2021.

Duração. 40 semanas.

Sobre o professor. Eanes Torres é praticante de Yoga/Meditação há mais de 13 anos. Fez o curso de formação de professor de Yoga com a equipe Shri Yoga Devi. É aluno do Instituto Vishva Vidya (Vedanta, Sânscrito e Mantras) desde 2015. Tem feito vários cursos e treinamentos sobre Tantra com o professor Hareesh Wallis.

As vagas são limitadas, para reservar a sua vaga você deve fazer a transferência do valor da inscrição (216 reais) até o dia 20 de janeiro de 2021. Entre em contato pelo e-mail ciencia.contemplativa.cg@gmail.com para obter mais detalhes.

Por que Grupos de Estudo de Espiritualidade Indiana são um Beco sem Saída

Por que não se estuda tradição védica como se estuda história e matemática. Pelo menos, não se você quer alcançar o objetivo proposto pela tradição.

Uma das formas de se estudar assuntos do colégio ou da universidade é por meio de grupos de estudo. Em grupos de estudo, nos unimos com pessoas que têm interesses comuns de aprender determinado assunto, utilizamos livros de autores diferentes e buscamos, por meio da discussão de pontos de vista diferentes, entender um assunto.

Grupos de estudos podem ser ótimos para aprender matemática, por exemplo. Pois na matemática, na maioria das vezes, existe uma solução exata para os problemas. O que poderia variar é o modo como chegamos a essa solução exata. Grupos de estudos são ótimos também para outras áreas como história, geografia, português, etc.

No entanto, não necessariamente essa estratégia de estudos vai funcionar para temas de autoconhecimento. Por exemplo, digamos que três amigos (João, Marcos e Mateus) desejam estudar sobre a espiritualidade do Yoga. Após fazerem algumas buscas na Internet, chegam à conclusão de que dois textos muito populares da espiritualidade yogui são os Yoga Sutras e a Bhagavad Gita.

O processo natural para se estudar um tema acadêmico laico, seria comprar livros sobre o tema, estudar esses livros, caso haja divergência entre os autores comparar as opiniões e, em seguida, tirar as suas próprias conclusões. É absolutamente normal que uma pessoa que estudou um pouco na escola ou na universidade queira repetir esse padrão de estudo com temas relacionados à tradição védica.

Mas, infelizmente, trago-lhe a notícia de que empregar a mesma abordagem que você emprega para estudar matemática ou geografia não vai dar certo com temas relacionados à tradição védica, por vários motivos. Vou comentar sobre alguns a seguir. Também quero deixar claro que estou incluindo no pacote tradição védica: yoga, tantra, mantra, vedanta, ayurveda, astrologia védica, etc.

Pode-se dizer que a tradição védica  tem como um de seus objetivos primordiais conduzir o indivíduo à libertação. Ou, em outras palavras, levar o indivíduo a reconhecer sua liberdade. Aqui já começa a confusão, pois os estudantes que empregam a abordagem acadêmica vão querer comparar esse conceito de indivíduo com o que a psicologia ou psiquiatria chama de indivíduo. Não vou entrar por aí, tentando diferenciar. Basta dizer que são coisas diferentes.

Sabendo que o objetivo é levar o indivíduo a reconhecer sua liberdade e que há em nós algo (que por falta de uma palavra melhor vou chamar de ego) que atua boicotando esse reconhecimento da liberdade, temos o primeiro pressuposto que nega a possibilidade de alguém reconhecer essa liberdade sozinho sem o auxílio de alguém mais experiente ou de um professor (que já tenham pelo menos vislumbrado sua própria liberdade).

Agora, voltemos ao grupo de três amigos que compraram livros para estudar Yoga. Suponha que eles tenham comprado livros sobre o Yoga Sutra de três autores. Vou usar como exemplo a tradução do verso 15 do pada 1 de três autores diferentes:

  1. Tradução de Lilian Cristina Gulmini na Dissertação de Mestrado (O YOGAS  SUTRA, DE PATAÑJALI Tradução e análise da obra, à luz de seus fundamentos contextuais, intertextuais e lingüísticos):  Desapego é o discernimento sob comando daquele que está livre da sede do domínio objetivo das coisas vistas e ouvidas por tradição.
  2. Tradução de Glória Arieira no livro O Yoga que Conduz à Plenitude: O desapego é chamado de domínio de quem é livre de desejo por objeto visto ou escutado.
  3. Tradução de Gabriel Pradipika disponível em seu site: Vairāgya ou Renúncia (vairāgyam) se conhece (sañjñā) como o ato de subjugar (vaśīkāra) o desejo (vitṛṣṇasya) com relação a objetos (viṣaya) vistos (dṛṣṭa) ou acerca dos quais se ouviu repetidamente das escrituras (ānuśravika).

Meu objetivo aqui não é discutir se uma tradução é melhor que outra, nem dizer que uma tradição é correta e outra errada. Meu objetivo aqui é comentar sobre o que passaria na mente de alguém que se intitula autodidata ao tentar estudar o Yoga Sutra a partir da discussão de traduções de três autores diferentes.

Uma das expressões mais recorrentes em grupos de estudo desse tipo é: “Eu acho que…“. Aqui temos o primeiro erro. Partindo do pressuposto de que cada tradição estabelece o entendimento correto sobre determinado tema e esse entendimento correto é passado de professor a aluno sucessivamente através das gerações de estudantes, não podemos aceitar como correto alguém dizer que seu entendimento ainda influenciado pelo ego e, por isso mesmo um achismo, seja válido.

Agora voltemos a uma possível discussão no grupo de estudos de Yoga entre os três amigos. João diz que acha que renúncia e desapego são a mesma coisa. Marcos diz que acha que são diferentes pois um tradutor diz que renúncia é subjugar o desejo e o outro autor diz que desapego é discernimento, logo como discernimento é diferente de subjugar desejo, renúncia não pode ser igual a desapego. Mateus diz que acha que há algo de estranho nas traduções 1 e 2 por que uma diz que desapego é discernimento e a outra diz que desapego é domínio.

Agora eu lhe pergunto: tem como um estudo desse tipo chegar a algum lugar? Não é raro eu ouvir pessoas falando que estão em grupos de estudos de autoconhecimento há anos e a sensação é de que não andam, que andam em círculos.

O que está faltando para esse grupo achar um rumo? Primeiro, decidir que tradição irá seguir. Pois mesmo quando falamos de tradição védica, há várias linhas de raciocínio que podem variar de professor para professor. Segundo, é necessário ter um professor. Mesmo que as pessoas não tenham acesso pessoal a um professor. É necessário buscar textos e vídeos de um mesmo professor ou de um grupo de professores que pertençam a mesma linhagem.

Se você tentar estudar autoconhecimento seguindo a tradição védica como quem estuda literatura comparada, poderá até se tornar um grande acadêmico, mas dificilmente o objetivo desse conhecimento será alcançado: o reconhecimento de sua natureza livre.

Tradução do Ramodantam (Versão Resumida do Ramayana)

O Ramodantam é uma versão bem resumida da história de Rama. Rama foi o avatar de Vishnu que precedeu Krishna. É durante o Ramayana que ocorrem os ensinamentos descritos no texto Yoga Vasishtha. Aqui será apresentada uma tradução do Ramodantam diretamente do sânscrito para o português.

A seguir será apresentada uma tradução direta do sânscrito para o português. Visite esta página para atualizações, a tradução e correções serão apresentadas gradualmente.

    ॥ अथ बालकाण्डः ॥

Agora, a parte da infância

श्रीपतिं प्रणिपत्याहं श्रीवत्साङ्कितवक्षसम् ।

श्रीरामोदन्तमाख्यास्ये श्रीवाल्मीकिप्रकीर्तितम् ॥ १॥

V1. Tendo saudado Maha Vishnu, o marido de Shri, aquele do qual o peito é marcado com Shrivatsa, contarei a história de Shri Rama exposto por Shri Valmiki.

पुरा विश्रवसः पुत्रो रावणो नाम राक्षसः ।

आसीदस्यानुजौ चास्तां कुम्भकर्णविभीषणौ ॥ २॥

V2. O rakshasa chamado Ravana era filho de Visharavas e tinha como irmãos mais jovens Vibhishana e Kumbhakarna.

ते तु तीव्रेण तपसा प्रत्यक्षीकृत्य वेधसम् ।

वव्रिरे च वरानिष्टानस्मादाश्रितवत्सलात् ॥ ३॥

V3. Esses, por sua ascese fizeram aparecer Brahma. Pediram dádivas desejadas a Brahma que é simpático para seus devotos.

रावणो मानुषादन्यैरवध्यत्वं तथानुजः ।

निर्देवत्वेच्छया निद्रां कुम्भकर्णोऽवृणीत च ॥ ४॥

V4. Ravana escolheu o estado de ser livre de ser morto por outros e por humanos. Kumbhakarna, o irmão mais novo, pelo desejo do estado de superar deva, escolhou o sono. (Obs.: Kumbhakarna repetiu o mantra incorretamente trocando a palavra nirdevatvam por nidram).

 

विभीषणो विष्णुभक्तिं वव्रे सत्त्वगुणान्वितः ।

तेभ्य एतान्वरान्दत्त्वा तत्रैवान्तर्दधे प्रभुः ॥ ५॥

V5.1 => Vibhishana [era] dotado de qualidade sattva [e] escolheu devoção a Vishnu.

V5.2 => O mestre tendo dado os melhores para eles, lá mesmo desapareceu.

रावणस्तु ततो गत्वा रणे जित्वा धनाधिपम् ।

लङ्कापुरीं पुष्पकं च हृत्वा तत्रावसत्सुखम् ॥ ६॥

V6.1 => Ravana tendo ido lá [no] deleite [era] vitorioso [como] Dhanadhipa.

V6.2 => E tendo pegado Lankaapurii, que brilha como uma flor, lá habitava [a] felicidade.

यातुधानास्ततः सर्वे रसातलनिवासिनः ।

दशाननं समाश्रित्य लङ्कायां सुखमावसन् ॥ ७॥

V7.1 => Lá, os rakshasas [eram] habitantes do inferno.

V7.2 => Tendo recorrido àquele que tem dez caras, em Lanka habitava [a] felicidade.

मन्दोदरीं मयसुतां परिणीय दशाननः ।

तस्यामुत्पादयामास मेघनादाह्वयं सुतम् ॥ ८॥

V8.1 => Aquele que tem dez caras tendo casado com Mandodarii filha de Maya.

V8.2 => Naquela que nasceu o filho nome Meghanaada.

रसां रसातलं चैव विजित्य स तु रावणः ।

लोकानाक्रमयन् सर्वाञ्जहार च विलासिनीः ॥ ९॥

V9.1 => E mesmo Ravana tendo derrotado o inferno inferior, mas esse

V9.2 => Causaram atacar [a] esposa e conquistou todos [os] mundos 

दूषयन्वैदिकं कर्म द्विजानर्दयति स्म सः ।

आत्मजेनान्वितो युद्धे वासवं चाप्यपीडयत् ॥ १०॥

V10.1 => A ação que está corrompendo o védico certamente destrói o nascido duas vezes.

V10.2 => E também derrotou Indra na guerra.

तदीयतरुरत्नानि पुनरानाय्य किङ्करैः ।

स्थापयित्वा तु लङ्कायामवसच्च चिराय सः ॥ ११॥

V11.1 => Sua árvore dos desejos trazida pelos demônios de volta.

V11.2 => Mas aquele, tendo parado em Lanka e morou [lá] por um longo tempo

ततस्तस्मिन्नवसरे विधातारं दिवौकसः ।

उपगम्योचिरे सर्वं रावणस्य विचेष्टितम् ॥ १२॥

V12.1 => Então, Brahma, do qual a morada é o céu, [está] nesse ornamento de pérolas.

V12.2 => [Brahma] tendo chegado, disse cada atividade de Ravana.

तदाकर्ण्य सुरैः साकं प्राप्य दुग्धोदधेस्तटम् ।

तुष्टाव च हृषीकेशं विधाता विविधैः स्तवैः ॥ १३॥

V13.1 =>  Então, tendo ouvido [o] apropriado junto com os Devas [à] margem do trono de Vishnu.

V13.2 => E Vidhaathaa louvou Hriikesha com hinos variados.

आविर्भूयाथ दैत्यारिः पप्रच्छ च पितामहम् ।

किमर्थमागतोऽसि त्वं साकं देवगणैरिति ॥ १४॥

V14.1 => Mas o inimigo dos daytias aparecendo antes e perguntou [a] Brahmaa.

V14.2 => Por qual motivo você estava vindo com o grupo de devas?

ततो दशाननात्पीडामजस्तस्मै न्यवेदयत् ।

तच्छ्रुत्वोवाच धातारं हर्षयन्विष्टरश्रवाः ॥ १५॥

V15.1 => Portanto, Brahmaa, o não nascido, falou para aquele o problema de [causados por] Ravana.

V15.2 => Tendo ouvido aquilo, Vishnu respondeu à Brahmaa, o criador, que está deleitando-se.

अलं भयेनात्मयोने गच्छ देवगणैः सह ।

अहं दाशरथिर्भूत्वा हनिष्यामि दशाननम् ॥ १६॥

V16.1 => Oh Brahmaa, vá junto com os grupos de devas,  chega de medo

V16.2 => tendo me tornado o filho de Dasharatha, Raama, matarei Ravana.

आत्मांशैश्च सुराः सर्वे भूमौ वानररूपिणः ।

जायेरन्मम साहाय्यं कर्तुं रावणनिग्रहे ॥ १७॥

V17.1 => E os devas com natureza inata, aqueles dos quais a aparência é de macaco, na terra toda

V17.2 => Na punição de Ravana deveria fazer nascer minha amizade/assistência.

एवमुक्त्वा विधातारं तत्रैवान्तर्दधे प्रभुः ।

पद्मयोनिस्तु गीर्वाणैः समं प्रायात्प्रहृष्टधीः ॥ १८॥

V18.1 => Desta forma, tendo dito [a] Brahma, Vishnu desapareceu lá mesmo.

V18.2 => Mas Brahmaa, aquele do qual a mente está satisfeita, foi junto com os devas.

अजीजनत्ततः शक्रो वालिनं नाम वानरम् ।

सुग्रीवमपि मार्ताण्डो हनुमन्तं च मारुतः ॥ १९॥

V19.1 => Portanto, Indra produziu o macaco chamado Vaalinam.

V19.2 => Maartanda [produziu] também Sugriiva e Maaruta [produziu] Hanuman.

पुरैव जनयामास जाम्बवन्तं च पद्मजः ।

एवमन्ये च विबुधाः कपीनजनयन्बहून् ॥ २०॥

V20.1 => e, realmente no início, Brahmaa criou Jaambavantam

V20.2 => e dessa forma, outros devas causaram nascer muitos macacos.

ततो वानरसङ्घानां वाली परिवृढोऽभवत् ।

अमीभिरखिलैः साकं किष्किन्धामध्युवास च ॥ २१॥

V21.1 => Então, Vaalii tornou-se senhor dos grupos de macacos.

V21.2 => e habitou Kishkindham junto com todos eles/aqueles.

आसीद्दशरथो नाम सूर्यवंशेऽथ पार्थिवः ।

भार्यास्तिस्रोऽपि लब्ध्वासौ तासु लेभे न सन्ततिम् ॥ २२॥

V22.1 => Agora, [o] chamado Dasharatha era rei na dinastia solar.

V22.2 => Aquele também tendo obtido três esposas fiéis não obteve criança nelas.

ततः सुमन्त्रवचनादृष्यश‍ृङ्गं स भूपतिः ।

आनीय पुत्रकामेष्टिमारेभे सपुरोहितः ॥ २३॥

V23.1 => Então, o rei [lembrou] Rshyashrnga (ऋष्यश‍ृङ्गं ) da promessa de Sumantra.

V23.2 => Tendo trazido acompanhado por um sacerdote de família começou [uma] Putrakameshtim ( पुत्रकामेष्टिम् ).

अथाग्नेरुत्थितः कश्चिद्गृहीत्वा पायसं चरुम् ।

एतत्प्राशय पत्नीस्त्वमित्युक्त्वाऽदान्नृपाय सः ॥ २४॥

V24.1 => Agora, [O rei] tendo pego a oferenda paayasam, um certo Agni surgiu.

V24.2 => tendo dito “cause comer isto tuas esposas”, isso deu ao rei.

तद्‍गृहीत्वा तदैवासौ पत्नीः प्राशयदुत्सुकः ।

ताश्च तत्प्राशनादेव नृपाद्गर्भमधारयन् ॥ २५॥

V25.1 => [O] ansioso tendo pego aquilo, então este realmente causou comer [as] esposas.

V25.2 => Elas realmente devido [a] essa comida e devido [ao] rei carregaram o útero.

पूर्णे कालेऽथ कौसल्या सज्जनाम्भोजभास्करम् ।

अजीजनद्रामचन्द्रं कैकेयी भरतं तथा ॥ २६॥

V26.1 =>Agora quando passado um tempo, Kausalyaa [teve] “o sol do lótus que são as  pessoas boas” [nome para Raama].

V26.2 => Raamachandra nasceu, assim como Bharatam [nasceu de] Kaikeyii.

ततो लक्ष्मणशत्रुघ्नौ सुमित्राजीजनत्सुतौ ।

अकारयत्पिता तेषां जातकर्मादिकं द्विजैः ॥ २७॥

V27.1 =>Então Sumitraa deu à luz 2 filhos, LakShmaNa e Shatrughna.

V27.2 => O pai daqueles causou criar  muita ação nascida por nascidos duas vezes.

ततो ववृधिरेऽन्योन्यं स्निग्धाश्चत्वार एव ते ।

सकलासु च विद्यासु नैपुण्यमभिलेभिरे ॥ २८॥

V28.1 => Então, esses quatro amigos mútuos realmente cresceram.

V28.2 => Nos sons suaves e nos conhecimentos alcançam habilidade.

ततः कदाचिदागत्य विश्वामित्रो महामुनिः ।

ययाचे यज्ञरक्षार्थं रामं शक्तिधरोपमम् ॥ २९॥

V29.1 => Então, em algum momento, tendo chegado [o] grande sábio Vishvamitra.

V29.2 => Igual ao Senhor, implorou a Raama o propósito de proteger o ritual.

वसिष्ठवचनाद्रामं लक्ष्मणेन समन्वितम् ।

कृच्छ्रेण नृपतिस्तस्य कौशिकस्य करे ददौ 

V30.1 => por causa da fala de VashiShTha [o rei deu] Raama acompanhado com LakShmaNa.

V30.2 => O rei deu na mão com muita dificuldade daquele Vishvamitra.

तौ गृहीत्वा ततो गच्छन्बलामतिबलां तथा ।

अस्त्राणि च समग्राणि ताभ्यामुपदिदेश सः ॥ ३१॥

V31.1 => Então, tendo pego esses dois desta maneira que está obtendo “बलाम् + अतिबलाम्”.

V31.2 => E esse instruiu esses dois [sobre] todas as armas.

गच्छन्सहानुजो रामः कौशिकेन प्रचोदितः ।

ताटकामवधीद्धीमान् लोकपीडनतत्पराम् ॥ ३२॥

V32.1 => Raama indo junto com o irmão mais novo, induzido por Kaushika

V32.2 => [o] inteligente [raama] matou tATakA, aquela da qual a finalidade é afligir o mundo.

ततः सिद्धाश्रमं प्राप्य कौशिकः सहराघवः ।

अध्वरं च समारेभे राक्षसाश्च समागमन् ॥ ३३॥

V33.1 => Kaushika avança junto com o descendente de Raghu, raama, [para o] Siddhaashrama apropriado.

V33.2 => E [quando] a oblação começou os RakShasas vieram.

राघवस्तु ततोऽस्त्रेण क्षिप्त्वा मारीचमर्णवे ।

सुबाहुप्रमुखान् हत्वा यज्ञं चापालयन्मुनेः ॥ ३४॥

V34.1 => Mas raghava, raama, tendo lançado com armas  mariicha lá no oceano.

V34.2 => e tendo matado aquele dos quais  o líder é subaahu, protegeu o ritual do sábio.

कौशिकेन ततो रामो नीयमानः सहानुजः ।

अहल्याशापनिर्मोक्षं कृत्वा सम्प्राप मैथिलम् ॥ ३५॥

V35.1 => Então raama com o irmão sendo guiado por kaushika, vishvamitra,

V35.2 => tendo feito liberação da maldição de ahalyaa alcançou [o] rei de maithila.

जनकेनार्चितो रामः कौशिकेन प्रचोदितः ।

सीतानिमित्तमानीतं बभञ्ज धनुरैश्वरम् ॥ ३६॥

V36.1 => Raama instigado por Kaushika, Vishvamitra, [foi] adorado por Janaka.

V36.2 => [raama] ganhou sItA causa quebrou arco Ishvara.

V36.2 (tradução forçada) => raama ganhou sItA por que quebrou o arco de Ishvara.

ततो दशरथं दूतैरानाय्य मिथिलाधिपः ।

रामादिभ्यस्तत्सुतेभ्यः सीताद्याः कन्यका ददौ ॥ ३७॥

V37 => Então, o rei mithila tendo causado trazer darshartha por mensageiros para os filhos dele, as jovens meninas sItA e as irmãs deu.

ततो गुरुनियोगेन कृतोद्वाहः सहानुजः ।

राघवो निर्ययौ तेन जनकेनोरु मानितः ॥ ३८॥

V38 => Então, por ordem do guru, junto com o irmão mais novo casou. raaghava, raama, foi grandemente honrado por aquele janaka.

तदाकर्ण्य धनुर्भङ्गमायान्तं रोषभीषणम् ।

विजित्य भार्गवं राममयोध्यां प्राप राघवः ॥ ३९॥

V39 => Tendo ouvido a quebra do arco, aquele que estava chegando tendo vencido parashurama, bhargava [raama] foi para ayodya.

ततः सर्वजनानन्दं कुर्वाणश्चेष्टितैः स्वकैः ।

तामध्युवास काकुत्स्थः सीतया सहितः सुखम् ॥ ४०॥

V40 => Então, a felicidade de todas as pessoas servindo por suas ações essa adyanah uvasa foi morar com sItaa alegremente.

 ॥ इति श्रीरामोदन्ते बालकाण्डः समाप्तः ॥

A parte sobre a infância no shriiraamodanta está completa.

    ॥  अथ अयोध्याकाण्डः ॥

Agora a parte de ayoodhyaa

एतस्मिन्नन्तरे गेहं मातुलस्य युधाजितः ।

प्रययौ भरतः प्रीतः शत्रुघ्नेन समन्वितः ॥ १॥

1. Enquanto isso, bharata (raama) satisfeito foi seguido por shatrughna à casa do tio materno  yudhaajit.

ततः प्रकृतिभिः साकं मन्त्रयित्वा स भूपतिः ।

अभिषेकाय रामस्य समारेभे मुदान्वितः ॥ २॥

2. Então, o rei tendo seguido o conselho alegremente com os ministros começou [a preparação] para a coroação de raama.

 कैकेयी तु महीपालं मन्थरादूषिताशया ।

वरद्वयं पुरा दत्तं ययाचे सत्यसङ्गरम् ॥ ३॥

3. Mas kaikeyii, aquela cujo pensamento foi atormentado por mantharaa, pediu ao rei, aquele do qual a promessa é verdadeira, par de dádivas prometidas antes.

 वनवासाय रामस्य राज्याप्त्यै भरतस्य च ।

तस्या वरद्वयं कृच्छ्रमनुजज्ञे महीपतिः ॥ ४॥

4. [O] rei permitiu par de dádivas nefastas dela para a obtenção do reino de bharata e para a habitação na floresta de raama.

रामं तदैव कैकेयी वनवासाय चादिशत् ।

अनुज्ञाप्य गुरून्सर्वान्निर्ययौ च वनाय सः ॥ ५॥

5. Assim, então, kaikeyi ordenou [राम] para sua residência na floresta. Tendo obtido licença de todos os mestres e ele partiu para a floresta.

दृष्ट्वा तं निर्गतं सीता लक्ष्मणश्चानुजग्मतुः ।

सन्त्यज्य स्वगृहान्सर्वे पौराश्चानुययुर्द्रुतम् ॥ ६॥

6. Tendo visto ele ir [ido] embora siitaa e lakshmana [os dois] foram. Tendo abandonado próprias casas, [foram] rapidamente seguidos por todos e cidadãos.

 वञ्चयित्वा कृशान् पौरान्  निद्राणान् निशि  राघवः । 

वाह्यमानं सुमन्त्रेण रथमारुह्य चागमत् ॥ ७॥

7. Tendo evitado os cidadãos abatidos sonolentos à noite e tendo montado na carruagem, guiado por sumantra, raaghava partiu.

 शृङ्गिबेरपुरम् गत्वा गङ्गाकूलेऽथ राघवः । 

गुहेन सत्कृतस्तत्र निशामेकामुवास च ॥ ८॥

8. Então, tendo ido à shRngiberapuram, à margem do ganges, raaghava (raama) habitou lá uma noite honrado por guha.

सारथिं संनिमन्त्र्यासौ सीतालक्ष्मणसंयुतः ।

गुहेनानीतया नावा सन्ततार च जाह्नवीम् ॥ ९॥

9. E aquele (raama) tendo deixado o charreteiro, cruzou gangaa junto com siitaa e lakSHmaNa levado por guha por barco.

भरद्वाजमुनिं प्राप्य तं नत्वा तेन सत्कृतः ।

राघवस्तस्य निर्देशाच्चित्रकूटेऽवसत्सुखम् ॥ १०॥

10. tendo chegado [ao] sábio bharadvaaja, tendo reverenciado esse/ele e por ele honrado,  do conselho raaghava habitou feliz em citrakuTa.