Como Filtramos a Realidade

Este texto é um excerto do livro “As Virtudes do Yoga: Antigos Ensinamentos para esta Época de Crise Global” do autor Georg Feurstein.

A realidade que compartilhamos é uma realidade de conceitualizações comuns. Alguns escritores, portanto, chamaram-na de realidade consensual. Agora, se o modo como vemos e nos relacionamos com a realidade fosse puro, não haveria nenhum problema. Mas o fato é que nós não vivemos a realidade como ela realmente é. Em vez disso, como a psicologia moderna já demonstrou, nossas percepções passam pelo filtro da interpretação. Elas são tomadas por todo tipo de conjecturas, inclusive a principal delas, de que existem seres e coisas concretos. Estamos acostumados a pensar em nós mesmos como entidades estáveis ou objetos estáveis e concretos. Essa maneira simplista de perceber todas as coisas equivale a uma intriga (fabulação) geralmente aceita. Embora essa excessiva simplificação das complexidades da existência tenha uma indiscutível utilidade prática, em termos espirituais, ela é um rematado desastre, na medida em que impede que nós estejamos plenamente conscientes de nossa liberdade inerente.

Quem é o verdadeiro amigo de um ser humano?

No poema épico Mahabharata, o príncipe Yudhisthira, consultou Brihaspati a respeito de quem era o verdadeiro amigo de um ser humano. Mãe? Pai? Professor? Amigos? Não, replicou o velho sábio, guru de todas as dividandes:

Uma pessoa nasce sozinha, Oh rei, e morre sozinha; ela atravessa sozinha as dificuldades que encontra e enfrenta sozinha todo sofrimento que lhe couber em sua sina. Ela não tem realmente nenhuma companhia nesses atos. Pai, mãe, irmão, filho, professor, parentes e amigos abandonam o corpo morto como se fosse uma tora de madeira ou um torrão de terra. Depois da aflição temporária, todos eles se afastam e prosseguem com seus próprios interesses. Apenas o dharma segue o corpo, que é assim abandonado por todos. Por essa razão, é evidente que o dharma é o único amigo e que só ele deveria ser buscado por todos.

Trecho retirado do livro: “As virtudes do Yoga: Antigos Ensinamentos para Esta Época de Crise Global” do autor Georg Feurstein.

Você está procurando a meditação quando deveria estar procurando psicoterapia?

Embora o ocidente esteja correndo loucamente em direção à meditação como se ela fosse uma panacéia para os problemas mentais, a revelação de alguns mestres de meditação sobre os problemas mentais que enfrentam pode estar indicando a verdade sobre tal prática milenar.

Após alguns mestres consagrados de meditação (principalmente budistas) revelarem que enfrentam problemas mentais, alguns aspirantes ou praticantes de meditação demonstraram desapontamento sobre a eficácia da meditação.

Muitos casos de transtornos mentais entre mestres budistas vieram à tona após a morte de Michael Stone por overdose de opióides. Michael Stone foi um renomado professor canadense de meditação, psicoterapeuta e yogi que escondia de seus alunos os problemas que enfrentava com transtorno bipolar. Pessoas próximas a ele relataram que ele temia o estigma da doença mental, dos preconceitos, e tinha medo de ser rejeitado como professor de Budismo devido aos problemas que enfrentava.

O monge Zen Budista Dogo Barry Graham diz que sempre que percebe algum aluno em busca de cura de problemas mentais usando meditação fala objetivamente com ele que a meditação não pode tratar problemas mentais. Mais que isso, Graham explica que tem problemas mentais e que o Prozac o ajuda muito mais que o Zazen.

O fato é que devido aos próprios budistas a meditação tem sido vista como uma panacéia para os problemas mentais. Especialmente, devido aos “cientistas” envolvidos com o movimento chamado perjorativamente de McMindfulness. Ou seja, a meditação usada como pílula para aumentar o foco no trabalho, para lidar com o stress da vida moderna, etc.

Em um texto recente da revista Tricycle o autor afirma:

Como praticada no contexto tradicional Budista, a mindfulness não é uma forma poderosa espiritualizada de psicoterapia, ou um dispositivo para afinar o ego, muito menos um estratégia para alcançar uma completa autossuficiência invulnerável. Embora de uma forma resumida ela pode ser legitimamente aproveitada para o objetivo de curar o self de uma gama de desordens emocionais e mentais, como um componente essencial no caminho Budista para o nibbana, a mindfulness não é sobre ficar feliz, ou se tornar uma pessoa melhor. Não é sobre felicidade de jeito nenhum – pelo menos não se felicidade é entendida como satisfação de desejos. A mindfulness é, sim, sobre insight enraizado, renúncia , e auto-entrega não-qualificada.

O melhor texto em português que conheço sobre a deturpação dos objetivos da meditação nos dias de hoje foi escrito por Eduardo Pinheiro no Papo de Homem. O título do texto é o Zen Canalha de Steve Jobs, vale a pena ser lido.

Enfim, a meditação é uma ferramenta de desenvolvimento espiritual. Pode ter efeitos colaterais positivos como relaxamento e paz. Mas também pode ter efeitos horrivelmente fortes na mente do praticante. As meditações de youtube totalmente desconectadas de tradição, no máximo são concentração ou relaxamento. A meditação mais profunda e com objetivos espirituais deve ser praticada com o apoio de uma comunidade em que há um professor e pessoas mais experientes. Além disso, as comunidades que praticam meditação com objetivos espirituais seguem tradições milenares que dão segurança ao buscador.

Retiro de Yoga e Meditação em Abril de 2018

Informações sobre o retiro de Yoga e Meditação que ocorrerá em abril de 2018.

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As inscrições serão realizadas via formulário digital no seguinte endereço: https://tinyurl.com/yaglk956

ANTES DE PREENCHER E SUBMETER ESTE FORMULÁRIO VOCÊ DEVE:
1) Enviar e-mail perguntando se ainda há vagas para shri.yoga.devi.pb@gmail.com ou entrar em contato por mensagem inbox pela página no Facebook: https://www.facebook.com/shriyogadevipb ;
2) Fazer o pagamento da inscrição no valor de 350 reais via transferência bancária para a conta enviada no passo anterior; O valor total pode ser dividido em duas parcelas, a primeira no ato da inscrição (175 reais) e a segunda até um dia antes do início do retiro;
3) Enviar o recibo da transferência ou foto do mesmo anexado a este formulário. Caso seja pago em duas vezes, o segundo recibo deverá ser enviado para o e-mail shri.yoga.devi.pb@gmail.com ;

REGRAS SOBRE DESISTÊNCIA DO RETIRO
No caso de desistência, 30 dias ou mais antes do início do retiro, o valor que tiver sido pago antecipadamente será devolvido integralmente. No caso de desistência com menos de 30 dias antes do início do retiro, haverá devolução de 80% do valor pago. No caso de desistência do retiro no dia ou durante não haverá devolução do valor pago. Caso já tenha pago e desista, há a possibilidade de passar sua vaga para outra pessoa, mediante consulta prévia aos organizadores do retiro.

REGRAS SOBRE CANCELAMENTO DO RETIRO
Em caso de cancelamento do retiro por motivos de acidentes ou qualquer situação que impeça os professores de realizarem o retiro, o valor pago será devolvido integralmente sem ônus para os participantes do treinamento.

DATAS E HORÁRIOS DO RETIRO
O retiro terá início no dia 20 de abril no fim da tarde e encerramento no dia 22 de abril após o almoço.

O nome e a foto associados à sua Conta do Google serão registrados quando você fizer upload de arquivos e enviar este formulário.

Mais informações: https://www.facebook.com/events/1618263464862678

Samsara: as voltas que a gente dá

Idas e vindas no caminho do Yoga.

Ultimamente tenho me sentido cansado da “busca”. Pensei sobre várias coisas que ocorreram durante esses anos envolvido com Yoga e etc. Como é engraçado olhar pra trás e ver como nossos objetivos com Yoga mudam. Eu comecei no Yoga para lidar com tendinites infernais cujas dores nenhum ortopedista nem fisioterapeuta tradicionais tinham conseguido reduzir.

Lembro-me da primeira aula de ásanas:

– Professora, preciso acreditar em coisas estranhas ou recitar rezas para seres sobrenaturais para poder praticar Yoga?

– “Homi”, deixe de bobagem e se estique logo aí.

Creio que muitos de nós começamos assim, em busca de saúde física e bastante desconfiados com os seres antropormóficos com cabeça de elefante ou corpo de macaco.

Em algum momento, descobrimos algum livro do tipo: Yoga para pessoas XYZ. Onde XYZ pode ser trocado por ansiosas, nervosas, diabéticas, claustrofóbicas, distópicas (a modinha do momento), depressivas, etc. É claro que um assunto que é tratado como panácea merece muito ceticismo.

Embora nossa sociedade tente nos vender o Yoga como um remédio para todos os males, esse erro nos traz uma coisa boa: é por aí que todo mundo entra. Por estarmos insatisfeitos com algo em nós mesmos ou com o mundo, buscamos alternativas. Uma solução possível é o Yoga.

Mas com o tempo tenho começado a entender (eu acho) o que meus professores têm ensinado: não há nada errado comigo, nem com você, nem com o mundo. É fácil falar, mas estou começando a concordar com eles. Algo me diz que estão certos. Provavelmente, um dos erros básicos da auto-ajuda barata é o consenso de que há algo errado com você. Livros do tipo “Como lidar com XYZ negativo” podem até ajudar no início, mas depois de um tempo tentando e percebendo que o XYZ continua lá, percebemos que provavelmente ele não é negativo, mas a forma com que lidamos com ele sim.

Muitas dessas conclusões que tenho tirado sobre a (minha) vida têm surgido do estudo de Vedanta. Um estudo que tem sido bastante precioso no caminho do auto-entendimento. É confortante saber que, de partida, não há nada de errado consigo mesmo. Mas a distância entre saber e realizar só pode ser sobrepujada com a ajuda de alguém mais experiente, possivelmente um professor.

Então, aqui estou de volta ao começo olhando para as coisas que gostaria de lidar usando o Yoga e percebendo que elas estão bem como estão…

Dandipani: O Alquimista da Energia

Para iniciar o ano novo, nada melhor do que dicas para desenvolver a concentração e a força de vontade. Se você acha que nunca termina o que começa ou mesmo que não tem força de vontade para começar o que gostaria, este vídeo é para você. Neste vídeo, Dandipani explica que mente e consciência são coisas diferentes. Que a sua energia está onde sua consciência está. Além disso ensina como desenvolver a concentração e a força de vontade. Ative as legendas em português.

O diálogo entre Astavakra e Janaka, no Tripura Rahasya, sobre os estados de consciência

Este é o resumo do artigo publicado na Revista Religare sobre as relações entre o Capítulo 16 do Tripura Rahasya e o Yoga Sutra de Patanjali.

Resumo: Este artigo apresenta uma tradução de partes do capítulo 16 do Tripura Rahasya seguidas de discussões e análises tendo como base conceitos apresentados no Yoga Sutra de Patanjali. O capítulo 16 do Tripura Rahasya trata dentre outros fatores do conceito de indizível na tradição indiana e de métodos para alcançar o estado em que é possível acessar o indizível, ou aquilo que não pode ser explicado por palavras. Argumentamos que o Rāja-Yoga de Patañjali é uma metodologia adequada para experimentar esse estado.

O artigo completo pode ser lido no site da Revista Religare.

Livros Recomendados

Nesta página, há algumas sugestões de livros sobre Yoga e Meditação. Será atualizada com certa regularidade.

Última Atualização: 20 de dezembro de 2017

A Tradição do Yoga – Georg Feuerstein

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Ótimo livro para quem deseja ter uma visão geral do Yoga como tradição espiritual presente como prática em diversas religiões especialmente de origem indiana (ex., Hinduísmo, Budismo e Janinismo). Georg Feurstein foi um praticante-acadêmico, ele praticou Yoga desde a adolescência, teve contato com grandes mestres e posteriormente se dedicou à pesquisa e escrita acadêmica sobre temas relacionados ao Yoga e as tradições espirituais de origem indiana. Este livro apresenta o Yoga como ferramenta de desenvolvimento espiritual. Além disso, apresenta traduções de trechos de importantes textos tradicionais e explicações sobre os diversos ramos do Yoga: Hatha Yoga, Raja Yoga, Laya Yoga, Jnana Yoga, Karma Yoga, Bhakti Yoga, etc. Este livro vale a pena ser lido por todos os praticantes que encaram o yoga como caminho espiritual.

Viagem Interior – Caco de Paula, Jomar Morais, Karen Gimenez e Marcia Bindo

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Durante muitos anos a Revista Super Interessante publicou artigos sobre Yoga e Meditação. Os autores desse livro juntaram várias idéias presentes nos artigos da Super Interessante e construíram este livro, que antes havia sido publicado como quatro livros independentes. O livro é dividido em quatro partes: Yoga, Meditação, Buda e Dalai Lama. Cada parte contém, além de uma introdução ao tema, dicas de leitura e de sites para posterior aprofundamento nos temas. É um livro ótimo para quem está começando e não sabe nada sobre o assunto.

Yoga: Imortalidade e Liberdade – Mircea Eliade

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Este livro é de caráter mais acadêmico e de linguagem mais complexa para o leigo. Porém, seu conteúdo é de grande profundidade espiritual. Este livro apresenta as origens históricas do Yoga, como ele surgiu na sociedade indiana, quais os textos mais antigos que tratam do assunto, quais os principais conjuntos de práticas envolvidos, etc. O livro foi um dos resultados da pesquisa de doutorado do autor. Por se tratar de um livro que foi publicado há décadas e seu autor já faleceu, há uma versão digital no site Archive.

Tantra – Sexualidade e Espiritualidade

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Neste livro, Georg Feurstein apresenta as principais influências do Tantra na cultura indiana. A discussão do livro gira em torno, principalmente, do Tantra Kaula. O autor desmistifica vários mal-entendidos que existem no ocidente em torno do termo Tantra. O leitor não deve ler este livro buscando um guia de práticas, nem de posturas. Primeiro por que Tantra, não necessariamente, envolve sexo, segundo por que este livro não é um manual. O fato dele não ser um manual decorre de não ser possível ensinar/aprender adequadamente práticas de Yoga por meio da leitura de textos sem que a pessoa nunca tenha tido instruções de uma pessoa mais experiente.

Tantra Illuminated – Christopher Wallis

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Esta é uma obra enciclopédica sobre o Tantra, especialmente sobre o Tantra Não-Dual Shaiva (TNDS). O autor é praticante desde a adolescência, foi aluno de grandes mestres e posteriormente fez doutorado em Oxford em temas relacionados à tradução de textos escritos em sânscrito. Seu orientador de doutorado foi Alexis Sanderson um dos poucos ocidentais que foram alunos do último mestre da filosofia TNDS. O livro trata das origens históricas do Tantra, sua cosmologia e práticas. Além disso, apresenta as nove principais linhagens do Tantra. Provavelmente, é o melhor livro escrito sobre o tema nos dias de hoje.

O Despertar da Kundalini

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Neste livro, Gopi Krishna conta a sua trajetória no caminho da meditação. Ela conta como foi o despertar da Kundalini para ele, o estado doentio pelo qual ele passou, as dificuldades enfrentadas, o sofrimento e praticamente desejo de morte que teve devido ao despertar da energia da Kundalini sem que tivesse alguém para orientá-lo. Este livro deve ser lido por todas as pessoas que têm curiosidade sobre o tema, mas que às vezes não são criteriosas quanto às suas práticas nem quanto à busca por professores adequados.

Neurofisiologia da Meditação

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Este é um livro escrito para quem tem curiosidade de saber o que se passa na mente em termos de eletroquímica e biologia durante as práticas meditativas. O tema é apresentado de modo que um leitor que não tenha formação nas áreas de saúde ou ciências biológicas seja capaz de entender o que é apresentado. Um ponto fraco do livro são as referências exageradas a determinadas pessoas conhecidas na área de cura espiritual. De certa forma, essas referências fogem ao tema alvo do livro.

Autobiografia de um Yogue

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Este é um livro, no mínimo, divertido. O autor apresenta relatos de suas experiências com Yogues realizados. Dentre os relatos há casos de pessoas capazes de atravessar paredes, flutuar e se multiplicar. Deve ser lido com mente aberta.

Um caminho com coração – Jack Kornfield

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Jack Kornfield é um renomado professor americano de meditação budista. Passou mais de dez anos como monge budista na ásia, teve aulas com mestres como  Sri Nisargadatta Maharaj, Ajahn Chah e Kalu Rinpoche. Após seu treinamento na Ásia, voltou aos Estados Unidos e recebeu formação em Psicologia Clínica. Este livro, embora numa temática budista, é de extremo valor para qualquer pessoa que se dedica à meditação. Este livro apresenta várias dificuldades que podem surgir na vida de quem medita e como lidar adequadamente com elas.

Emergência Espiritual – Stanislav Grof e Christina Grof

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Os autores apresentam uma coletânea de textos de mestres renomados sobre as diversas transformações e dificuldades que as pessoas podem passar durante a caminhada espiritual. Apresenta também uma discussão polêmica sobre o fato de que, em nossa sociedade, a transformação espiritual pode ser encarada como doença mental e as pessoas que estão passando por transformações espirituais podem sofrer preconceitos e serem medicadas sem terem nenhuma doença física.

Ciência Contemplativa – Alan Wallace

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Antes que me perguntem, adianto a resposta: ALAN WALLACE NÃO É O CRIADOR DA CIÊNCIA CONTEMPLATIVA! Ninguém é o criador! A ciência contemplativa é um conjunto de práticas de engajamento psicofísicas que são capazes de transformar positivamente o ser humano trazendo-lhe saúde e proporcionando-lhe qualidade de vida. Tais práticas foram desenvolvidades, especialmente, em sociedades asiáticas em tradições como: Yoga, Budismo, Taoísmo, etc. Neste livro, o autor apresenta a visão geral da Ciência Contemplativa, apresenta, também, as críticas da Ciência moderna às experiências em primeira pessoa e discute respostas às críticas da Ciência Moderna. A principal crítica a este livro é a ausência de neutralidade, pois a parte teórico-filosófica é totalmente embasada no Budismo Tibetano. Porém, isso ocorre devido o autor ter passado mais de dez em treinamento por grandes mestres tibetanos.

O Yoga Tradicional de Patanjali – Roberto de A. Martins

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Provavelmente, o melhor livro sobre Raja-Yoga escrito no Brasil. O autor apresenta o Raja-Yoga de Patanjali por meio de um apanhado de textos históricos e tradicionais da cultura indiana, tais como Upanishads e Puranas. Ao final do livro há dois apêndices contendo as traduções do autor para os textos “Sankhya Karika” e “Yoga Sutra”. O autor é praticante de Raja-Yoga há mais de quarenta anos, além de ser um exímio pesquisador nas áreas de Yoga e Filosofia da Ciência.

Uma luz sobre o Hatha-Yoga

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Este é, provavelmente, o melhor livro sobre Hatha-Yoga. Apresenta o desenvolvimento histórico do Hatha-Yoga, os personagens principais envolvidos, as práticas existentes. Além disso, apresenta algo que pode surpreender os leitores: a grande quantidade de práticas de meditação existentes no Hatha-Yoga e conhecidas como Laya-Yoga. Este livro não é um manual de posturas. O autor é praticante de Raja-Yoga há mais de quarenta anos, além de ser um exímio pesquisador nas áreas de Yoga e Filosofia da Ciência.

Yoga e Espiritualidade – Georg Feurstein

O texto abaixo foi adaptado de alguns parágrafos do livro “As virtudes do Yoga, antigos ensinamentos para esta época de crise global” do autor Georg Feurstein.

Quando as pessoas pensam no Yoga, na maioria das vezes elas pensam em forma física e postura contorcidas. Aqueles que são melhor informados sabem que o Yoga é uma tradição antiga da Índia de realização espiritual cujo objetivo é liberdade interior e a superação do sofrimento por meio da transcendência do ego, ou “Eu-fazedor”. Portanto, o Yoga é primariamente uma prática espiritual, ou espiritualidade.

A pobreza moral e espiritual de algumas escolas modernas de Yoga não deveriam nos cegar para a natureza real do Yoga, que é óbvia do ponto de vista de sua longa história e também de suas formas tradicionais atuais. Neste ponto, eu deveria claramente distinguir religião e espiritualidade. Frequentemente, esses termos são usados de modo intercambiável, mas é útil demarcar as diferenças entre religião e espiritualidade. Entendo a religião como referindo-se a valores pessoais, crenças, atitudes e práticas relativas a uma pessoa suprema chamada “Deus” ou o “Divino”, que tipicamente são compartilhados por uma comunidades de pessoas que crêem. A ênfase da religião está em “fazer a coisa certa” – comportamento moralmente saudável – de modo a receber a graça de Deus e ter a aprovação e o suporte da comunidade. Além disso, o conceito religioso de Deus é de uma autoridade suprema, uma Superpessoa (geralmente, sexo masculino) que de algum modo existe fora das pessoas e com o qual a interação é possível mas apenas como criador versus criatura. A forma característica de interação com esse Deus pessoal é a devoção e a oração.

A espiritualidade, ao contrário, pode ser entendida como uma busca mais individualizada por conhecimento direto de, ou união com, a Realidade suprema, que é mais frenquentemente concebida como impessoal e que é núcleo do ser. Portanto, o conhecimento de, ou união com, a Realidade suprema também é frequentemente chamada de “Auto-realização”. Outros termos para esse evento são “iluminação”, “realização” e “libertação”. Já que a Realidade suprema não é apenas a Base de toda a existência mas também o Cerne último de nosso ser interno, ele não é uma força externa ou agente para o qual podemos dirigir nossos pedidos. Estritamente falando, não podemos nem mesmo nos unir a ele, pois ele já é nossa verdadeira natureza.

Todas as formas de Yoga concordam que a existência humana é repleta de sofrimento. A causa desse sofrimento não está em um agente externo mas é uma construção psicológica artificial que chamamos de “Eu”, ou ego. O ego é nossa identificação errônea com um corpo-mente particular, quando na verdade nós transcendemos todas as realidades físicas, emocionais e mentais.

Mas em muitas tradições de Yoga, o ego-self não é considerado como a causa-raiz do sofrimento. As autoridades do Yoga apontam para a ignorância espiritual como a fonte de todo mal. Essa ignorância precede a formação do ego-self: nós nascemos em ignorância da nossa verdadeira natureza como Espírito. Isso nos leva a desenvolver um senso cada vez mais forte de “eu” limitado (expressado como “Eu“, “mim”, “meu”).  Esse processo psicológico é completado com a individuação do humano adulto. De uma perspectiva convencional, isto é considerado um objetivo desejável. Da perspectiva yogui, é meramente um processo de estranhamento de nossa verdadeira identidade, o Ātman.

Os Motivos Puros – Hareesh

No texto disponível em https://tantrikstudies.squarespace.com/blog/the-pure-motive , Hareesh apresenta antídotos para os motivos “não muito corretos” pelos quais buscamos o Yoga. Neste post, há um resumo dos motivos e antídotos.

Segundo Hareesh, os 3 motivos impuros que enfraquecem nossa prática e evitam que nosso objetivo seja alcançado são:

  1. Manter um visão de si mesmo como quebrado, danificado ou pecaminoso e fazer Yoga para “consertar” a si mesmo;
  2. Praticar Yoga (ou qualquer disciplina espiritual) para sentir-se bem, ter barato e/ou alcançar estados alterados de consciência;
  3. Praticar Yoga (ou qualquer disciplina espiritual) para obter poder sobre os outros, para “conseguir amigos e influenciar pessoas” ou para apoiar o ego por receber reconhecimento e admiração.

Os 3 motivos puros, que servem como antídoto para os impuros, segundo Hareesh são:

  1. Trilhar o caminho para conhecer a verdade de seu próprio ser, por amor de si mesmo e para o benefício de todos;
  2. Trilhar o caminho para descobrir sua divindade inata já existente, porque esse é o desejo natural do seu coração e para oferecer o fruto da descoberta a todos os seres;
  3. Trilhar o caminho com reverência e amor, simplesmente porque é sua natureza fazê-lo.