Sobre a Pronúncia de Mantras, Cânticos e Versos

Afinal ,a pronúncia do sânscrito é importante ou não para recitar mantras?

Quando se trata de recitar mantras, cânticos e versos da língua sânscrita (língua antiga indiana em que a maior parte dos textos védicos, yoguis e tântricos estão escritos) como uma prática espiritual devemos considerar dois fatores:

  1. A pronúncia não é importante;
  2. A pronúncia é importante.

Se a pessoa não considera importante a pronúncia correta, por quais motivos ela estaria interessada em recitar o mantra? Pra quê recitar? Só para estar na moda? Não faz o menor sentido a pessoa querer repetir frases em outro idioma se considera que a pronúncia correta não é importante. Se a pessoa quer recitar mantras como prática espiritual e não sabe ou não quer aprender a pronúncia do sânscrito seria melhor ela obter a tradução do mantra que deseja e o repetir em seu próprio idioma.

Mas se a pessoa deseja repetir mantras como prática espiritual e concorda com a tradição no fato de que a pronúncia é importante, algumas orientações devem ser seguidas:

  1. Para recitar corretamente é importante que a pessoa saiba pronunciar os sons do alfabeto sânscrito que inclui sons que não estão presentes no português. Por exemplo, sons em que se coloca a ponta da língua no céu da boca para serem pronunciados.
  2. Tradicionalmente os mantras são passados de mestre a discípulo. É claro que há exceções, mas não deveríamos tomar a exceção pela regra.
  3. A maioria das pessoas não possui boas habilidades auditivas a ponto de perceberem mudanças de tons e de pronúncias sozinhas.  Para a maioria das pessoas, é necessário que alguém as escute pronunciando os versos para que seja possível apontar possíveis erros.

Mas por que essa preocupação toda com os sons dos mantras. Por motivos bem simples. Vejamos os seguintes exemplos de palavras do sânscrito que possuem sons parecidos mas que possuem significados bastante distintos:

  • बल (bala) : força, poder;
  • बाल (bāla): garoto;
  • बाला (bālā): garota;
  • भाल (bhāla): testa;

Perceba que a principal diferença entre as três primeiras palavras está na duração da vogal a. Pois o traço horizontal em cima do a indica que ele deve ter pronúncia mais longa do que a sem o traço horizontal. Na quarta palavra, há outra diferença, o som de b é aspirado.

Agora imagine que você está repetindo um mantra pedindo força e está pronunciando a palavra relativa à força como uma das outras três opções. Que desastre, não? Olha que este é um exemplo simples.

Se você quer repetir mantras e não quer aprender ou não sabe a pronúncia do sânscrito. Peça a alguém que sabe que lhe ensine alguma tradução. Ou então, você pode ouvir a gravação do mantra recitado por alguém que saiba.

Invocação Não-Dual (Verso 4 do Shiva Manasa Puja) – Tradução e Áudio

O verso 4 do Shiva Manasa Puja pode ser cantado separadamente e é conhecido como Invocação Não-Dual. Neste post apresentamos o verso em sânscrito, transliterado e traduzido. Além disso, apresentamos também um áudio com a recitação do verso.

Texto em Sânscrito

आत्मा त्वं गिरिजा मतिः सहचराः प्राणाः शरीरं गृहं पूजा ते विषयोपभोगरचना निद्रा समाधिस्थितिः।
सञ्चारः पदयोः प्रदक्षिणविधिः स्तोत्राणि सर्वा गिरो यद्यत्कर्म करोमि तत्तदखिलं शम्भो तवाराधनम्॥४॥

Texto Transliterado

ātmā tvaṁ girijā matiḥ sahacarāḥ prāṇāḥ śarīraṁ gr̥haṁ pūjā te viṣayopabhogaracanā nidrā samādhisthitiḥ।
sañcāraḥ padayoḥ pradakṣiṇavidhiḥ stotrāṇi sarvā giro yadyatkarma karomi tattadakhilaṁ śambho tavārādhanam॥4॥

Tradução

Tu és o Eu, a intuição ,Girijā, a nascida da montanha. A minha força vital é tua companhia. O meu corpo é tua casa. Reverência a ti. A criação é o desfrute do teu reino. O meu sono é  a tua permanência em samādhi.

O movimento dos meus dois pés para a direita e para a esquerda são uma cerimônia. Toda palavra é hino de elogio a você. Qualquer que seja a ação que eu faço isso tudo é tua adoração, Oh Senhor Shiva.

Áudio do Verso Recitado

Tradução Detalhada

Primeira parte do verso

आत्मा (ātmā): masculino, nominativo, singular. Significado: eu, uma pessoa.

त्वं (tvaṁ): pronome pessoal de segunda pessoa, nominativo, singular. Significado: tu, você.

गिरिजा (girijā): tatpurusha 6. गिरि + जा . गिरि (giri): palavra feminina. Significado: montanha. जा (jā): palavra feminina, nominativo, singular, significado: nascida. Signficado: nascida da montanha. Esse é um nome para Parvati.

मतिः (matiḥ): palavra feminina, nominativo, singular. Significado: intuição, intenção, Girijā.

सहचराः (sahacarāḥ): masculino, nominativo, plural. Significado: companhias, amigos, seguidores.

प्राणाः (prāṇāḥ): masculino, nominativo, plural. Significado: força vital,prāṇāḥ.

शरीरं (śarīraṁ): neutro, nominativo, singular. Significado: corpo.

गृहं (gr̥haṁ): neutro, nominativo, singular. Significado: casa.

पूजा (pūjā): feminino, nominativo, singular. Significado: honra, reverência, respeito, adoração.

ते (te): pronome pessoal de segunda pessoa, dativo, singular. Significado: a ti, a você.

विषय (viṣaya): masculino. Significado: domínio, reino, território.

उपभोग (upabhoga): masculino. Significado: consumo, desfrute.

रचना (racanā): feminino, nominativo, singular. Significado: criação, produção, ordem.

निद्रा (nidrā): feminino, nominativo, singular. Significado: sono.

समाधि (samādhi): masculino. Significado: união, estado não usual de consciência, samādhi.

स्थितिः (sthitiḥ): feminino, nominativo, singular. Significado: permanência.

Tu [és o] Eu, [a] intuição nascida da montanha. [A minha] força vital [é tua] companhia. [O meu] corpo [é tua] casa. Reverência a ti. [A] criação [é o] desfrute [do teu] reino. [O meu] sono [é  a tua] permanência [em] samādhi.

Segunda parte do verso

सञ्चारः (sañcāraḥ): masculino, nominativo, singular. Significado: movimento.

पदयोः (padayoḥ): masculino, genitivo, dual. Significado: dos dois pés.

प्रदक्षिण (pradakṣiṇa): masculino. Significado: mover para  a direita.

विधिः (vidhiḥ): masculino, nominativo, singular. Significado: cerimônia.

स्तोत्राणि (stotrāṇi): neutro, nominativo, plural. Significado: hino de elogio.

सर्वा (sarvā): indeclinável. Significado: completamente, toda.

गिरो (giro) => गिर: . masculino, nominativo, singular. Significado: palavra.

यद्यत्  (yadyat): indeclinável. Significado: qualquer que seja.

कर्म (karma): neutro, nominativo, singular. Significado: ação.

करोमि (karomi): primeira pessoa do singular do presente, verbo, classe 8, √kṛ . Significado: eu faço.

तत्दत् (tatdat): pronome demonstrativo neutro no nominativo, repetido para enfatizar. Significado: isso.

अखिलम् (akhilaṁ): neutro, nominativo, singular. Significado: tudo, inteiro.

शम्भो (śambho): masculino, vocativo, singular. Significado: Oh Senhor Shiva.

तव (tava): pronome pessoal de segunda pessoa, genitivo, singular. Significado: teu.

आराधनम् (ārādhanam): neutro, nominativo, singular. Significado: adoração.

[O] movimento dos [meus] dois pés para a direita [e para a esquerda são uma] cerimônia. Toda palavra [é] hino de elogio [a você]. Qualquer que seja [a] ação [que eu] faço isso tudo [é] tua adoração, Oh Senhor Shiva.

21 de Junho – Dia Internacional do Yoga

A data do solstício de inverno/verão foi escolhida para comemorar o dia internacional do Yoga.

Se fôssemos procurar um significado para Yoga no dicionário, provavelmente, a palavra com maior probabilidade de ser escolhida seria união. No entanto, o Yoga não pode ser definido com uma palavra devido a ampla variedade de manifestações do Yoga no mundo. Com certeza, a maioria das pessoas definem os fenômenos e objetos de acordo com o que vem ou experienciam com seus órgãos dos sentidos. Assim, provavelmente, se falarmos de Yoga para alguém, essa pessoa trará à sua mente os ásanas ou posturas físicas do Yoga como sendo uma representação válida do que é Yoga.

Podemos dizer que o Yoga é um fenômeno espiritual presente em formas variadas na maior parte das religiões do mundo. Porém, foi no seio da tradição indiana que o Yoga atingiu o auge de seu esplendor. O Yoga é uma atividade prática, isso não podemos negar. Mesmo que tal prática seja feita apenas com a mente, no caso da meditação, ou com a fala, no caso de mantras e cânticos.

O Yoga pode ser entendido como uma abordagem prática que leva o praticante a conhecer a si mesmo, a se conectar com a realidade à sua volta e com a natureza. Pensando nesse aspecto de conexão com a natureza, o dia internacional do Yoga foi criado. Pois ele é comemorado no dia do solstício de inverno no hemisfério sul (ou de verão no hemisfério norte). Outro fator que explica a conexão do Yoga com os fenômenos naturais é a cultura de onde ele provém. Na Índia, se observa o calendário lunar. Muitas datas importantes são comemoradas de acordo com as fases da lua e com a posição dos astros.

Esse esforço de se sintonizar com os fenômenos da natureza pode nos ajudar em nosso processo de expansão e de conexão com as forças da natureza. Aqui, vemos que o Yoga não é capaz de nos levar apenas “para dentro”, mas “para fora” também. Mas esse “para fora” é saudável, não é um para fora sintético como a tecnologia tem feito com nossa atenção.

Hoje, há uma guerra sendo travada pelos meios de comunicação para conquistar nossa atenção. Isso faz com que o nosso fluxo mental esteja o tempo todo sintonizado com a tela que está à nossa frente. Isso nos impede de prestar atenção em nossas necessidades internas, nos impede de pensar sobre problemas que precisamos resolver e impede, até mesmo, de irmos ao banheiro e tomar água com mais frequência. Ou o contrário, a tecnologia pode nos lançar num ciclo de ansiedade enorme devido à grande quantidade de informação que “devemos” consumir e que nunca dá tempo, pois sempre há mais seriados e canais online para ver do que o tempo que temos disponível.

Atualmente, o Yoga pode ser a válvula de escape que precisamos para nos observarmos, para ouvirmos as necessidades do nosso corpo e de nossa mente, para entrar em contato com a natureza em práticas que ocorrem em parques. O Yoga pode ser a desculpa que você estava precisando para desligar o celular (por que, afinal de contas, ele poderia tocar durante a meditação).

Diante do exposto, podemos perceber que união é uma palavra muito simples para representar o Yoga. Pois, dependendo do contexto, o Yoga pode representar até desunião. Desunião da sua atenção com a tela do computador, por exemplo. Yoga pode representar a capacidade de realizar uma tarefa habilidosamente e com dedicação. Portanto, você não precisa praticar “Yoga” para praticar Yoga.

Sentar em Silêncio como um Ato de Rebeldia (não conformidade)

Num mundo em que todos correm contra o relógio para terem alto desempenho, sentar em silêncio é um ato de rebeldia.

Vamos começar observando dois fatores importantes que ocorreram para o ser humano ao longo da história: i) a quantidade de horas anuais de trabalho tem diminuido de 1950 até os dias de hoje; ii) a produtividade laboral aumentou de 1950 até os dias de hoje. Isso pode ser visualizado nos gráficos das Figuras 1 e 2.

Figura 1. Horas de trabalhos anuais por trabalhador (fonte: https://ourworldindata.org)

Observando o gráfico da Figura 1, percebemos que ao longo dos últimos 70 anos a quantidade de horas anuais de trabalho por trabalhador vem diminuindo gradativamente. Para o caso do Brasil, se considerarmos hoje aproximadamente um total de 1750 horas por ano de trabalho e em 1950 um total de 2000 horas de trabalho por ano, podemos dizer que o trabalhador brasileiro, em média, trabalha cerca de 87,5% em horas por ano do que trabalhava em 1950. Parece estranho, mas a sensação que alguns de nós temos é a de que nunca trabalhamos tanto quanto atualmente. Essa sensação de sobrecarga pode vir dois fatores: i) não sabemos como era a rotina de trabalho das pessoas em 1950; ii) a produtividade do trabalho aumentou. Vamos focar nossa atenção no fator ii). Se a produtividade do trabalho aumentou, conforme mostra o gráfico da Figura 2, quer dizer que temos tempo sobrando para fazer outras coisas.

Figura 2. Produtividade laboral. (fonte: https://ourworldindata.org)

Como pode ser visto no gráfico da Figura 2, a produtividade laboral teve um crescimento enorme, não tão grande em outros mas ainda expressivo, em alguns países nos últimos. Esse crescimento está associado a várias coisas e uma delas é o desenvolvimento tecnológico. Por enquanto, vamos pensar um pouco em como esse aumento de produtividade tem afetado a sociedade. Uma pessoa ser produtiva quer dizer que ela consegue “fazer as coisas mais rapidamente”. Daí sobraria tempo para se divertir ou estar com a família. No entanto, não raro, algumas pessoas arranjam outro trabalho ou outra ocupação para preencher o tempo livre. Assim, ela se torna ainda mais produtiva do que seus colegas que têm apenas um trabalho.

É aí que há um possível perigo. Segundo o filósofo Alemão, nascido na Coréia do Sul, Byung-chul Han, em seu livro A Sociedade do Cansaço, Editora Vozes, 2019, página 23, “A sociedade do Século XXI não é mais a sociedade disciplinar, mas uma sociedade de desempenho”. Ele se refere à sociedade disciplinar, como aquela sociedade que foi exposta por Focault em que instituições como Escola, Igreja e Governo exerciam coerção disciplinar em seus membros. Hoje haveria uma suposta liberdade dessa coerção disciplinar, pois a coerção, segundo Han, agora é neuronal.

Você está sempre ansioso por que não terminou algum projeto no prazo, por que não levou seu filho no colégio exatamente no horário que havia planejado, por que não passou 1 hora por dia na academia todos os dias da semana. Como se isso não bastasse, a grande facilidade de acesso à informação e a meios de entretenimento multimídia têm competido também pelo controle da nossa capacidade de desempenho. Pois, sempre há um número maior de séries na Netflix do que você é capaz de assistir em maratonas de fim de semana.

Podemos dizer que a sociedade passou por pelo menos três eras em termos de medida de valor e riqueza: a era em que quem tinha recursos materiais era chamado de rico (terra, gado, etc); a era que ainda estamos vivendo, em que quem tem poder de processamento e manipulação da informação é rico; e a era em que quem domina a atenção das pessoas sobre a informação é que é rico. Sobre as duas últimas eras mencionadas, basta olharmos para o ranking das empresas mais ricas do mundo e veremos que no top 10 estão empresas de tecnologia da informação tais como: Google, Apple, Facebook e Microsoft. Todas essas empresas têm pelo menos um aspecto em comum: exploram ferramentas para capturar a sua atenção. Por que hoje o valor de um software é medido de acordo com quanto tempo ele é capaz de manter a sua atenção nele. Como no mundo capitalista os fins justificam os meios, tais empresas têm explorado o conhecimento de como os mecanismos de vícios em drogas funcionam para criar softwares que provocam vícios semelhantes ao vício em drogas. E lá se vai nossa saúde mental e paz de espírito.

É incrível como o vírus do alto desempenho está impregnado na sociedade contemporânea. Alguém poderia achar que a meditação e o Yoga seriam um uma ilha paradisíaca que poderíamos visitar para não naufragar nesse mar de lágrimas do alto desempenho. Mas como o grande escritor Eduardo Pinheiro (Padma Dorje) já deixou claro seu texto o Zen Canalha de Steve Jobs , mesmo a meditação está sendo usada com o objetivo de alto desempenho e por isso essas abordagens que usam meditação para aumentar a produtividade dos funcionários está sendo chamada pejorativamente de McMindfulness.

Então, o que nos resta é meditar pelo simples prazer de sentar em silêncio. Sabendo que num mundo em que todo mundo está correndo contra o relógio, sentar em silêncio é um ato de rebeldia.

Tradução do Mantra Svasti Prajabhyah…

Mantra

स्वस्तिप्रजाभ्यः परिपालयंतां ।

svastiprajābhyaḥ paripālayaṁtāṁ |

Que o bem-estar das criaturas  seja protegido.

न्यायेन मार्गेण महीं महीशाः ।

nyāyena mārgeṇa mahīṁ mahīśāḥ |

[Que os] poderosos [governem] a terra [no] caminho [da] justiça.

गोब्राह्मणेभ्यः शुभमस्तु नित्यं ।

gobrāhmaṇebhyaḥ śubhamastu nityaṁ

[Que] haja bem-estar eterno para os brâmanes [e para] o gado.

लोकाः समस्ताः सुखिनोभवंतु ॥

lokāḥ samastāḥ sukhinobhavaṁtu ||

[Que] todos os seres humanos sejam felizes.

Tradução Detalhada

स्वस्ति (svasti) => substantivo neutro, caso nominativo. Significado: sorte, prosperidade, bem-estar, sucesso.

प्रजाभ्यः(prajābhyaḥ) => substantivo feminino, caso ablativo, plural . Significado: das pessoas, das criaturas.

परिपालयंतां (paripālayaṁtāṁ) => verbo, raiz pā, modo beneditivo, classe 2 atmanepada, terceira pessoa, plural. Significado: que ele seja protegido.

Que o bem-estar das criaturas  seja protegido.

न्यायेन (nyāyena). masculino,  caso instrumental, singular. Significado: com justiça.

मार्गेण (mārgeṇa).  masculino, caso instrumental, singular. Significado: pelo caminho.

महीं (mahīṁ). feminino, caso acusativo, singular. Significado: terra.

महीशाः (mahīśāḥ). masculino, caso nominativo, plural. Significado: poderosos.

[Que os] poderosos [governem] a terra pelo caminho com justiça.

[Que os] poderosos [governem] a terra [no] caminho [da] justiça.

गो (go), Significado: gado.

ब्राह्मणेभ्यः (brāhmaṇebhyaḥ), masculino, dativo, plural. Significado: para os brâmanes.

शुभं (śubham), neutro, acusativo, singular. Significado: bem-estar.

अस्तु (astu), verbo, terceira pessoal, singular, parasmeipada, imperativo, raiz as, √अस् . Significado: seja/esteja/haja.

नित्यं (nityam), Significado: eterno.

[Que] haja bem-estar eterno para os brâmanes [e para] o gado.

लोकाः (lokāḥ), masculino, nominativo, plural. Significado: seres humanos.

समस्ताः (samastāḥ), masculino, nominativo, plural. Significado: todos.

सुखिनो (sukhino), masculino, nominativo, plural. Significado: felizes.

भवंतु (bhavaṁtu), verbo, terceira pessoa do plural, imperativo, raiz bhū, classe 1 parasmeipada. Significado: sejam.

[Que] todos os seres humanos sejam felizes.

 

 

Tradução do Mantra Purnamadah Purnamidam

Tradução do mantra “Purnamadah Purnamidam”

Sânscrito/Devanagari

पूर्णमदः पूर्णमिदं पूर्णात्पुर्णमुदच्यते ।

पूर्णस्य पूर्णमादाय पूर्णमेवावशिष्यते ||

Sânscrito/Transliterado

pūrṇamadaḥ pūrṇamidaṁ pūrṇātpurṇamudacyate ।

pūrṇasya pūrṇamādāya pūrṇamevāvaśiṣyate ||

Tradução Palavra-por-Palavra

पूर्णम् (pūrṇam) => neutro, acusativo, singular. Significado: pleno, cheio, completo.

अदः (adaḥ) => pronome demonstrativo, neutro, acusativo, singular. Significado: esse/essa.

पूर्णम् (pūrṇam) => neutro, nominativo, singular. Significado: pleno, cheio, completo.

इदम् (idaṁ) => pronome demonstrativo, neutro, acusativo, singular. Significado: este/esta.

पूर्णात् (pūrṇāt) => neutro, ablativo, singular. Significado: “do” pleno, “do” cheio, “do” completo.

पूर्णम् (pūrṇam) => neutro, acusativo, singular. Significado: pleno, cheio, completo.

उदच्यते (udacyate) => verbo, terceira pessoa do singular, passivo, presente => é produzido.

पूर्णस्य (pūrṇasya) => neutro, genitivo, singular. Significado: “do” pleno, “do” cheio, “do” completo. Aqui, o signicado de “do” tem sentido de posse. Em pūrṇāt, o sentido é de origem.

पूर्णम् (pūrṇam) => neutro, acusativo, singular. Significado: pleno, cheio, completo.

आदाय => indeclinável. Significado: tendo tirado.

पूर्णम् (pūrṇam) => neutro, acusativo, singular. Significado: pleno, cheio, completo.

एव (eva) => indeclinável. Significado: realmente.

अवशिष्यते (avaśiṣyate) => verbo, terceira pessoa do singular, presente, voz passiva. Significado: resta.

Tradução Completa dos Versos

Este pleno [é] pleno. Esse pleno é produzido do pleno.

Do pleno, tendo tirado o pleno, realmente resta o pleno.

Tradução do Mantra Asato Ma Sad Gamaya

Tradução detalhada do mantra “Om asato ma sad gamaya…”

Sânscrito/Devanagari

असतो मा सद्गमय ।

तमसो मा ज्योतिर्गमय ।

मृत्योर्माअमृतंगमय ||

Sânscrito/Transliterado

asato mā sadgamaya ।

tamaso mā jyotirgamaya|

mr̥tyormāamr̥taṁgamaya ||

Tradução

असतो ( asato ) => neutro, ablativo, singular. Significado: “do” irreal.

मा ( mā )  => pronome pessoal, primeira pessoa, acusativo. Significado: me.

सद् ( sad ) => neutro, acusativo, singular. Significado: real.

गमय (gamaya) => verbo, segunda pessoa do singular do imperativo, classe 1, parasmeipada, raiz gam. Significado: leva.

तमसो (tamaso) => masculino, ablativo, singular. Significado: “da” escuridão.

मा ( mā )  => pronome pessoal, primeira pessoa, acusativo. Significado: me.

ज्योतिर् (jyotir) => neutro, acusativo, singular. Significado: luz.

गमय (gamaya) => verbo, segunda pessoa do singular do imperativo, classe 1, parasmeipada, raiz gam. Significado: leva.

मृत्योर् ( mr̥tyor ) => मृत्यो: (mr̥tyoḥ), por sandhi de visarga => masculino, ablativo, singular. Significado: “da” morte.

मा ( mā ) =>  मा ( mā )  => pronome pessoal, primeira pessoa, acusativo. Significado: me.

अमृतं (amr̥taṁ)  => neutro, acusativo, singular. Significado: imortalidade.

गमय (gamaya) => गमय (gamaya) => verbo, segunda pessoa do singular do imperativo, classe 1, parasmeipada, raiz gam. Significado: leva.

Tradução dos versos completos

Leva-me do irreal [para] o real |

Leva-me da escuridão [para] a luz |

Leva-me da morte [para] a imortalidade ||

 

Isenção de Garantia Espiritual

Texto traduzido do original:
Spiritual Disclaimer by Jed McKenna (from Spiritual Enlightenment: The Damnedest Thing)
(lightly edited by Christopher Wallis)

Advertência:

Continuando a partir deste ponto, o aspirante-a-buscador reconhece e concorda que o estado de Iluminação Espiritual discutido aqui não transmite ao buscador nenhum poder espiritual e tem pouca ou nenhuma semelhança com varieades New Age amplamente divulgadas sob o mesmo nome. Euforia orgásmica, prazer orgiástico, prosperidade obscena, saúde perfeita, paz eterna, acensão angelical, consciência cósmica, aura purificada, projeção astral, viagem pandimensional, percepção extrassensória, acesso a registros akáshicos, sabedoria profunda, comportamento sábio, continência radiante, onisciência, onipotência, onipresença e abertura do terceiro olho NÃO são possíveis de resultar. Sintonização, harmonização, balanceamento, energização, reversão ou abertura de chakras não deveriam ser esperados. A serpente kundalini habitando na base da espinha não precisa ser despertada, cutucada, estimulada, levantada ou, de outro modo, molestada.

Nenhuma promessa de autoavanço, autoestima, autoengrandecimento, autogratificação, autossatisfação ou automelhoria é feita ou implicada. Assim, pessoas autoindulgentes, autoenvolvidas, autocentradas, autoabsorvidas e egoístas não encontrarão satisfação aqui.

O leitor não deveria alimentar nenhuma garantia de recompensa, êxtase, empoderamento, libertação, salvação, enriquecimento, perdão ou repouso eterno na morada celeste. Nem elevação, alteração, transformação, transferência, transposição, transfiguração, transmutação, transcedência ou transmigração de consciência deve ser esperada.

A busca e a obtenção de Iluminação Espiritual podem implicar perda de ego, identidade, humanidade, mente, amigos, emprego, dinheiro, respeito, especificidade de tempo, solidez de espaço, aderência estrita às leis da física aceitas e razão para viver.

A Iluminação Espiritual aqui referida é um processo e um produto da vontade e da autodeterminação. Ela não requer confiança em Deus, deusa, entidades descorporificadas (angelicais ou demoníacas), gurus, swamis, videntes, sábios, homens-santos, pastores, filósofos, elfos, gnomos, duendes, fadas, criaturas pequeninas de qualquer tipo, ou em qualquer outro agente, ou agência sem autoridade própria.

O aspirante-a-buscador não tem a necessidade de quaisquer práticas espirituais ou sistemas de crenças incluindo mas não limitadas a Budismo, Cabala, Hinduísmo, Paganismo, Ocultismo, Wicca, Yoga, Tai Chi, Feng Shui, Artes Marciais, Magia ou Necromancia.

O aspirante-a-buscador não tem necessidade de qualquer assim-chamada parafernália espiritual ou New Age, bugingangas ou amuletos incluindo mas não limitados a cristais, gemas, pedras, sementes, caroços, conchas incensos, velas, aromas, sinos, gongos, badalos, altares, imagens ou ídolos. Nenhuma roupa especial, joalherias, adornos, tatuagens ou acessórios de moda são necessários nesta jornada.

O aspirante-a-buscador não se beneficia de qualquer míriade de procedimentos de iluminação e técnicas incluindo mas não limitadas a estados de transe, foco-em-vela, subjugação ao guru, ficar em uma perna só, peregrinação sobre a barriga, vôo não auxiliado, plantas medicinais, técnicas de respiração, jejum, vaguear em desertos, autoflagelação, votos de silêncio, indulgência sexual ou continência sexual.

O aspirante-a-buscador não tem necessidade de quaisquer poderes espirituais, artes ou ciências incluindo mas não limitadas a astrologia, numerologia, adivinhação, tarô ou leitura de runas, criação de mandalas, andar sobre fogo, cirurgia psíquica, escrita automática, canalização, poder da pirâmide, telepatia, clarividência, sonho lúcido, interpretação do sonho, ESP, levitação, bilocação, psicocinese ou visão remota. Além disso, truques ou façanhas tais como atirar flechas de cima de um cavalo, resistência ao frio, ser enterrado vivo, materializar cinzas ou jóias, caminhar sobre o fogo ou sobre vidro, deitar-se sobre vidro ou pregos, furar a face ou os braços, conjuração e truques de corda não tem serventia ou mérito no que diz respeito à Iluminação Espiritual discutida aqui.

A confrontação com demônios pessoais, o enfrentamento de medos profundos e o desmantelamento passo-a-passo da identidade pessoal podem resultar em elevação temporária do pulso, alta pressão arterial, perda de equilíbrio, perda de apetite, perda de sono, sudorese, inchaço ou desmaio. A perturbação emocional que acompanha a descoberta de que quem você pensava que era é simplesmente um personagem ficcional em um drama encenado pode resultar temporariamente em desamparo, raiva, hostilidade, ressentimento, desesperança, desânimo, desespero, depressão ou um consciência libertadora da insignificância da vida.

O aspirante-a-buscador está aqui advertido de que o estudo de culturas antigas ou viagens a terras distantes não traz nenhum benefício e que, para o propósito do entendimento e obtenção da Iluminação Espiritual discutida aqui, não há nenhum lugar melhor do que aqui e nenhum tempo melhor do que agora.

[Tudo o que foi dito acima pode ser resumido em uma frase: para dentro, não para fora! ~Christopher Wallis]

Yoga Virtual

Infelizmente, devido à pressa do mundo moderno, o treinamento de professores de Yoga teve que sofrer mudanças e aos poucos algumas escolas foram reduzindo as exigências para formação de professores de modo que, pasmem, não seria de admirar se fosse possível você receber certificado de professor de Yoga sem nunca ter feito um ásana no curso de formação.

Antes de mais nada: Yoga não é ásana! Yoga não é ginástica! Yoga não é exercício físico! Mas: Yoga tem ásana! Yoga tem ginástica! Yoga tem exercício físico!

O Yoga pode ser definido de várias formas, a definição clássica de Patanjali diz que “Yoga é a cessação das atividades da mente”. Na Bhagavad Gita há várias outras definições, por exemplo: “Yoga é ação habilidosa”. Observe que em nenhuma das duas definições se diz que Yoga é ginástica. Porém, deve-se deixar bem claro que o Yogui deve ter uma boa capacidade física e que há várias técnicas yóguicas (por exemplo, ásanas e kriyas) que trabalham a capacidade física do yogui.

Antes de entrarmos no tema principal, vale a pena diferenciar dois aspectos importantes do yoga:

  • Yoga-darshana: aspectos teórico-filosóficos do yoga, ou seja, a visão do yoga.
  • Yoga-sadhana: o que se faz como Yoga, a prática em si mesma.

Infelizmente, devido à pressa do mundo moderno, o treinamento de professores de Yoga teve que sofrer mudanças e aos poucos algumas escolas foram reduzindo as exigências para formação de professores de modo que, pasmem, não seria de admirar se fosse possível você receber certificado de professor de Yoga sem nunca ter feito um ásana no curso de formação.

O conhecimento tradicional aos poucos vai se adaptando às mudanças impostas pelo tempo e às características culturais das novas sociedades por onde vai se disseminando. Isso não poderia ser diferente para o Yoga. Hoje é fácil encontrar milhares de vídeos na Internet “ensinando” sequências de ásanas ou tutoriais com imagens detalhando as posturas. Ótimo! Excelente! Que maravilha que esse conhecimento está sendo divulgado!

Porém, deveríamos nos questionar: para quem esse conhecimento é adequado? Outro fator que devemos nos lembrar é: o que quer dizer transmissão tradicional de conhecimento? Em primeiro lugar, o fato do conhecimento está sendo transmitido virtualmente pela Internet ou por livros não quer dizer que ele não esteja sendo transmitido de modo tradicional. Nas tradições yóguicas, duas perguntas fundamentais para checar o “pedigree” de alguém que pretende ser professor são:

    • Quem é ou foi o seu professor?
    • Quanto tempo você estudou com ele?

Existem pessoas que sabendo da importância dessas duas perguntas, se matriculam em algum curso com um professor famoso passam alguns meses e desistem. Depois usam o nome daquele professor dizendo “Comecei os estudos com o professor XXX em 20YY”. Mas será que terminou os estudos?

Agora, diante dessas duas perguntas voltemos à situação de alguém que pretende ser professor de Yoga estudando de modo autodidata por livros e vídeos online. Perceba que há pelo menos um erro nessa situação: como alguém pode se autointitular autodidata se estuda o trabalho de outros professores ou vê vídeos de outros professores? Claro que essa pessoa não é autodidata. Uma característica básica de um autodidata é ele ser capaz de intuir o conhecimento sem o auxílio de um professor. Algo raro nos dias de hoje, em que tudo se copia.

Agora, voltemos para a situação daquele que quer ser professor de Yoga. Uma coisa muito comum em estúdios de Yoga é perceber como há uma grande quantidade de pessoas com problemas de coordenação motora (e não precisa ser idoso, há muitos jovens descordenados por aí) e até mesmo com leve dislexia a ponto de não saber diferenciar o que é esquerda do que é direita. Imagine uma pessoa que nunca na vida teve uma aula de Yoga presencial tentando aprender isso por vídeos ou por imagens. Todas as pessoas que já foram a uma aula de Yoga decente sabem que uma das tarefas fundamentais de qualquer professor de Yoga é ajustar a postura do aluno, indicar pra ele o lado correto do corpo, indicar a região do corpo onde ele deve sentir melhor a ação do ásana, etc. Quando começamos a considerar todos esses aspectos, talvez torne-se impossível conceber a possibilidade de alguém que nunca praticou Yoga se tornar um professor por meio de um curso 100% online. Não precisa ser um gênio para perceber isso. Além disso, que argumentos um professor formado virtualmente terá para convencer pessoas a serem seus alunos, quando essas mesmas pessoas podem aprender Yoga vendo vídeos online. Seria, no mínimo, hilária essa tentativa de convencimento.

Isso não quer dizer que o conhecimento de Yoga não possa ser transmitido online. É aqui que voltamos a duas definições dadas anteriormente. O Yoga-darshana pode ser transmitido quase que completamente de modo virtual e pode ser aprendido em grande parte por meio de livros e vídeos. No entanto, para que o conhecimento seja transmitido de modo íntegro, será necessário um contato mínimo com o mestre. Só a interação com o professor, o esclarecimento de dúvidas e a interação com colegas de jornada poderá aparar as pontas finais no processo de autoconhecimento. Em termos de sadhana, uma vez que as técnicas tenham sido aprendidas adequadamente, grande parte do processo será solitário. Mas nunca deve-se desprezar a possibilidade de receber uns ajustes num ásana que, por força do hábito, passamos a fazer com alguma incorreção.

Nada melhor do que a Internet, para vermos o que as pessoas estão falando sobre essas possibilidades de aprender Yoga. Vejamos o resumo de algumas respostas a uma pergunta feita no Reddit sobre Yoga-Online versus Yoga-Presencial:

  • Aulas presenciais são boas por causa da energia dos colegas;
  • Como principiante “eu precisava” de feedback sobre as minhas posturas;
  • A variedade das aulas, a atenção individual e a comunidade são essenciais numa aula presencial;
  • Com as aulas presenciais é mais difícil de procrastinar;
  • Pode-se ganhar muito conhecimento com aulas online, mas nada substitui o olhar atento de um professor experiente na sua execução das posturas;
  • As abordagens não são, necessariamente, mutuamente exclusivas;
  • Algumas posturas podem ser perigosas se executadas sozinhas e sem orientação.
  • Aprender de um professor qualificado é o melhor que podemos ter;
  • Um professor presencial pode ajustar a aula para a sua forma, capacidade física e conforto. As aulas virtuais podem ser usadas como suplemento;
  • As aulas virtuais podem ser boas se você não tem tempo disponível para a aula presencial. Mas a energia da aula presencial é insubstituível;
  • A aula presencial facilita o foco;
  • Se você tem fundações sólidas no Yoga, pode seguir por vídeos;
  • “Eu gosto de assistir aulas online, mas quando quero ir fundo na prática vou a uma aula presencial”;
  • Numa sala de aula muito cheia, mesmo que presencial, não quer dizer que a aula será boa;

Em suma, se você não tem experiência com Yoga não tem tente praticar sozinho em casa, procure o auxílio de alguém mais experiente. Se você já pratica há alguns anos, pode tentar incrementar a sua prática vendo alguns vídeos e pedindo alguma orientação ao seu professor sobre a prática em casa. Mas a prática presencial é insubstituível. E não esqueça de investigar com quem seu professor aprendeu, como e onde. Você poderá se surpreender (ou se decepcionar).