Muitos de nós, provavelmente, ao começarmos a nos interessar por assuntos relacionados ao Yoga lemos e ouvimos tudo que temos acesso. Como sobre todos os assuntos, existe muito mais material de baixa qualidade disponível do que bom material.
A pouca disponibilidade de material confiável nos faz acreditar em muitas ideias mirabolantes sobre a jornada no caminho do Yoga. Dentre as ideias mais absurdas que há por aí, existe a ideia de que ter experiências alucinantes pode levar alguém à libertação espiritual. Antes de continuar, caro leitor, perceba que eu não estou afirmando que não existam experiências “loucas” no caminho. Sim, pode haver, mas tais experiências não são o objetivo da prática.
Existem algumas marcas registradas de Yoga comercial que tem como um de seus objetivos causar efeitos de hiperventilação nos praticantes, os quais muitas vezes são/somos inocentes o bastante para achar que o “barato” causado pela prática tem algo a ver com uma coisa mística que as pessoas chamam de kundalini ou aquele estado que dizem que pode ser alcançado pela meditação chamado de samadhi.
A confusão básica que temos aqui é a inversão de causa e consequência. Ou causa e efeito colateral. Práticas sérias de Yoga/Meditação podem provocar efeitos semelhantes a estados alterados de consciência, mas nem todo estado alterado de consciência deve ser considerado sinônimo de evolução espiritual. Se estados alterados de consciência fossem sinônimo de evolução espiritual, todos os usuários de drogas seriam bastante evoluídos espiritualmente. Aparentemente, isso não é verdade.
O progresso na jornada espiritual Yogui deve envolver mudanças cognitivas, pois todo resultado proveniente de ações tem duração proporcional ao esforço empregado para obtê-lo. Apenas o conhecimento/sabedoria é capaz de provocar resultados duradouros. No entanto, a afirmação anterior não exclui a necessidade de praticarmos ações físicas (e.g., ásanas) e mentais (e.g., meditação). Pelo contrário, essas ações são úteis por vários motivos, tais como:
- Preparar mente e corpo para as mudanças cognitivas que virão;
- Prover experiências que comprovam o que o conhecimento teórico estabelece como verdadeiro;
- Trazer saúde e qualidade de vida para que o praticante tenha condições de seguir na jornada adequadamente.
Por fim, lembre-se do seguinte: Se o Yoga dobrou o seu corpo, mas não dobrou a sua mente, o objetivo não foi alcançado.