Meditação e Saúde

A meditação é uma prática milenar que tem ganhado cada vez mais popularidade na sociedade contemporânea. Ela consiste em um estado de concentração profunda, no qual se busca a paz interior e a tranquilidade mental. A meditação pode trazer inúmeros benefícios para a saúde, especialmente para a saúde mental, e é uma prática complementar que pode ser adotada em conjunto com outras terapias.

A saúde mental é uma das áreas em que a meditação tem sido mais estudada e aplicada. A meditação pode ajudar a reduzir a ansiedade e o estresse, dois problemas que afetam muitas pessoas na atualidade. A ansiedade é uma resposta natural do corpo a situações estressantes, mas quando se torna crônica, pode prejudicar a qualidade de vida das pessoas. A meditação pode ajudar a controlar a ansiedade, aumentando a sensação de calma e bem-estar.

O mindfulness é uma técnica de meditação que se concentra na atenção plena. É um estado mental em que se presta atenção aos pensamentos, emoções e sensações corporais, sem julgamento ou distração. A técnica do mindfulness tem se mostrado eficaz no tratamento de transtornos mentais, como a depressão e a ansiedade.

O estresse é uma das principais causas de problemas de saúde no mundo moderno. A meditação pode ajudar a reduzir o estresse, diminuindo a frequência cardíaca e a pressão arterial. Além disso, a meditação pode melhorar a qualidade do sono, reduzindo a insônia e a fadiga.

A meditação também pode ser praticada em conjunto com outras técnicas de Yoga, uma prática milenar que combina movimentos corporais com técnicas de respiração e meditação. O Yoga pode ajudar a reduzir a ansiedade, melhorar a flexibilidade e a postura corporal e aumentar a sensação de bem-estar.

O autoconhecimento é outro benefício da prática da meditação. Ao meditar, as pessoas podem se conectar consigo mesmas, entender seus pensamentos e emoções, e descobrir seus pontos fortes e fracos. Isso pode ajudar a aumentar a autoestima e a confiança, além de promover a sensação de realização pessoal.

O relaxamento é outro benefício da meditação. A meditação pode ajudar a reduzir a tensão muscular e a sensação de estresse, promovendo a sensação de relaxamento e bem-estar. Além disso, a meditação pode ajudar a melhorar a concentração e a produtividade, favorecendo o desempenho em atividades cotidianas e profissionais.

A respiração é uma técnica importante na prática da meditação. A respiração profunda e consciente pode ajudar a reduzir o estresse, aumentar a concentração e promover a sensação de relaxamento. A meditação também pode ajudar a controlar a respiração em momentos de ansiedade e estresse, o que pode ser útil em situações cotidianas e em momentos de pressão.

Em resumo, a meditação é uma prática que pode trazer inúmeros benefícios para a saúde, especialmente para a saúde mental. A meditação pode ajudar a reduzir a ansiedade. A ansiedade é um estado de apreensão, medo e tensão, que pode afetar a saúde mental e física das pessoas. A meditação pode ajudar a controlar a ansiedade, aumentando a sensação de calma e bem-estar.

Embora o objetivo tradicional da meditação não seja reduzir ansiedade e estresse, nós podemos nos beneficiar de sua prática.

Curso: Viver em Yoga

Atualmente, é comum o Yoga ser divulgado como uma prática dividida em  exercícios físicos, meditação, respiração, etc. Com essa visão, o praticante pode ser levado a pensar que o Yoga se pratica apenas quando está em seu tapetinho de ásana ou está sentado em sua almofada de meditação. Isso pode causar problemas de entendimento, levando o praticante a se tornar uma pessoa desintegrada, incapaz de associar os benefícios recebidos durante as práticas com a sua vida fora da aula de Yoga. Neste curso, serão abordados temas fundamentais para que o praticante de Yoga possa integrar sua prática à sua vida. O objetivo deste curso é trazer ensinamentos e técnicas que se praticadas adequadamente levarão o praticante a experimentar Uma Vida em Yoga.

Ementa. O problema fundamental do sofrimento humano; Tattvas e meditações associadas; Introdução aos Yoga Sutras de Patanjali; Introdução à Meditação Tântrica. Como integrar os ensinamentos do Yoga à sua vida pessoal.

Textos que serão usados como base: Yoga Sutras de Patanjali; Samkhya Karika; Tripura Rahasya; Vijnana Bhairava Tantra; Svabodha Manjari.

Modo de Funcionamento. Aulas online, uma vez por semana com duração de uma hora. As aulas ficarão gravadas por uma semana. A cada semana serão passadas atividades práticas/teóricas para os participantes realizarem e discutirem os resultados na aula seguinte. Serão disponibilizados áudios com meditações guiadas. Serão disponibilizados materiais em PDF sobre os temas abordados. Haverá 2 retiros em fins de semana a serem combinados, online ou presencial (a ser definido).

Início. Fevereiro de 2021.

Duração. 40 semanas.

Sobre o professor. Eanes Torres é praticante de Yoga/Meditação há mais de 13 anos. Fez o curso de formação de professor de Yoga com a equipe Shri Yoga Devi. É aluno do Instituto Vishva Vidya (Vedanta, Sânscrito e Mantras) desde 2015. Tem feito vários cursos e treinamentos sobre Tantra com o professor Hareesh Wallis.

As vagas são limitadas, para reservar a sua vaga você deve fazer a transferência do valor da inscrição (216 reais) até o dia 20 de janeiro de 2021. Entre em contato pelo e-mail ciencia.contemplativa.cg@gmail.com para obter mais detalhes.

Por que Grupos de Estudo de Espiritualidade Indiana são um Beco sem Saída

Por que não se estuda tradição védica como se estuda história e matemática. Pelo menos, não se você quer alcançar o objetivo proposto pela tradição.

Uma das formas de se estudar assuntos do colégio ou da universidade é por meio de grupos de estudo. Em grupos de estudo, nos unimos com pessoas que têm interesses comuns de aprender determinado assunto, utilizamos livros de autores diferentes e buscamos, por meio da discussão de pontos de vista diferentes, entender um assunto.

Grupos de estudos podem ser ótimos para aprender matemática, por exemplo. Pois na matemática, na maioria das vezes, existe uma solução exata para os problemas. O que poderia variar é o modo como chegamos a essa solução exata. Grupos de estudos são ótimos também para outras áreas como história, geografia, português, etc.

No entanto, não necessariamente essa estratégia de estudos vai funcionar para temas de autoconhecimento. Por exemplo, digamos que três amigos (João, Marcos e Mateus) desejam estudar sobre a espiritualidade do Yoga. Após fazerem algumas buscas na Internet, chegam à conclusão de que dois textos muito populares da espiritualidade yogui são os Yoga Sutras e a Bhagavad Gita.

O processo natural para se estudar um tema acadêmico laico, seria comprar livros sobre o tema, estudar esses livros, caso haja divergência entre os autores comparar as opiniões e, em seguida, tirar as suas próprias conclusões. É absolutamente normal que uma pessoa que estudou um pouco na escola ou na universidade queira repetir esse padrão de estudo com temas relacionados à tradição védica.

Mas, infelizmente, trago-lhe a notícia de que empregar a mesma abordagem que você emprega para estudar matemática ou geografia não vai dar certo com temas relacionados à tradição védica, por vários motivos. Vou comentar sobre alguns a seguir. Também quero deixar claro que estou incluindo no pacote tradição védica: yoga, tantra, mantra, vedanta, ayurveda, astrologia védica, etc.

Pode-se dizer que a tradição védica  tem como um de seus objetivos primordiais conduzir o indivíduo à libertação. Ou, em outras palavras, levar o indivíduo a reconhecer sua liberdade. Aqui já começa a confusão, pois os estudantes que empregam a abordagem acadêmica vão querer comparar esse conceito de indivíduo com o que a psicologia ou psiquiatria chama de indivíduo. Não vou entrar por aí, tentando diferenciar. Basta dizer que são coisas diferentes.

Sabendo que o objetivo é levar o indivíduo a reconhecer sua liberdade e que há em nós algo (que por falta de uma palavra melhor vou chamar de ego) que atua boicotando esse reconhecimento da liberdade, temos o primeiro pressuposto que nega a possibilidade de alguém reconhecer essa liberdade sozinho sem o auxílio de alguém mais experiente ou de um professor (que já tenham pelo menos vislumbrado sua própria liberdade).

Agora, voltemos ao grupo de três amigos que compraram livros para estudar Yoga. Suponha que eles tenham comprado livros sobre o Yoga Sutra de três autores. Vou usar como exemplo a tradução do verso 15 do pada 1 de três autores diferentes:

  1. Tradução de Lilian Cristina Gulmini na Dissertação de Mestrado (O YOGAS  SUTRA, DE PATAÑJALI Tradução e análise da obra, à luz de seus fundamentos contextuais, intertextuais e lingüísticos):  Desapego é o discernimento sob comando daquele que está livre da sede do domínio objetivo das coisas vistas e ouvidas por tradição.
  2. Tradução de Glória Arieira no livro O Yoga que Conduz à Plenitude: O desapego é chamado de domínio de quem é livre de desejo por objeto visto ou escutado.
  3. Tradução de Gabriel Pradipika disponível em seu site: Vairāgya ou Renúncia (vairāgyam) se conhece (sañjñā) como o ato de subjugar (vaśīkāra) o desejo (vitṛṣṇasya) com relação a objetos (viṣaya) vistos (dṛṣṭa) ou acerca dos quais se ouviu repetidamente das escrituras (ānuśravika).

Meu objetivo aqui não é discutir se uma tradução é melhor que outra, nem dizer que uma tradição é correta e outra errada. Meu objetivo aqui é comentar sobre o que passaria na mente de alguém que se intitula autodidata ao tentar estudar o Yoga Sutra a partir da discussão de traduções de três autores diferentes.

Uma das expressões mais recorrentes em grupos de estudo desse tipo é: “Eu acho que…“. Aqui temos o primeiro erro. Partindo do pressuposto de que cada tradição estabelece o entendimento correto sobre determinado tema e esse entendimento correto é passado de professor a aluno sucessivamente através das gerações de estudantes, não podemos aceitar como correto alguém dizer que seu entendimento ainda influenciado pelo ego e, por isso mesmo um achismo, seja válido.

Agora voltemos a uma possível discussão no grupo de estudos de Yoga entre os três amigos. João diz que acha que renúncia e desapego são a mesma coisa. Marcos diz que acha que são diferentes pois um tradutor diz que renúncia é subjugar o desejo e o outro autor diz que desapego é discernimento, logo como discernimento é diferente de subjugar desejo, renúncia não pode ser igual a desapego. Mateus diz que acha que há algo de estranho nas traduções 1 e 2 por que uma diz que desapego é discernimento e a outra diz que desapego é domínio.

Agora eu lhe pergunto: tem como um estudo desse tipo chegar a algum lugar? Não é raro eu ouvir pessoas falando que estão em grupos de estudos de autoconhecimento há anos e a sensação é de que não andam, que andam em círculos.

O que está faltando para esse grupo achar um rumo? Primeiro, decidir que tradição irá seguir. Pois mesmo quando falamos de tradição védica, há várias linhas de raciocínio que podem variar de professor para professor. Segundo, é necessário ter um professor. Mesmo que as pessoas não tenham acesso pessoal a um professor. É necessário buscar textos e vídeos de um mesmo professor ou de um grupo de professores que pertençam a mesma linhagem.

Se você tentar estudar autoconhecimento seguindo a tradição védica como quem estuda literatura comparada, poderá até se tornar um grande acadêmico, mas dificilmente o objetivo desse conhecimento será alcançado: o reconhecimento de sua natureza livre.

A Dificuldade de Manter a Xícara Vazia em Tempos de Internet

Erros comuns na relação professor-aluno no processo ensino-aprendizagem nas disciplinas de autoconhecimento.

Há uma historinha bastante conhecida no contexto de tradições de autoconhecimento que se refere à necessidade de nos desvencilharmos de todo conhecimento prévio que julgamos ter sobre um assunto antes de nos dirigirmos a um professor. A história conta que um determinado aluno foi visitar um mestre e chegou “cheio de conhecimento” falando de tudo que já sabia e de tudo que já tinha lido. O mestre o chamou para tomar um chá e começou a encher a xícara do aluno, mas mesmo depois que a xícara já estava cheia o mestre continuou derramando o chá na xícara. O aluno pediu para ele parar e perguntou por que ele continuava a derramar o chá mesmo com a xícara estando cheia. O mestre disse: da mesma forma que é impossível entrar novo chá nessa xícara é impossível entrar novo conhecimento na mente que já chega cheia. No Zen, esse ensinamento é traduzido na frase: “Mente Zen, mente de Principiante”.

Hoje em dia, é ainda mais difícil de manter as xícaras das nossas mentes vazias devido a grande facilidade de acesso à informação que a Web nos proporciona. No entanto, o que a maioria das pessoas que buscam o autoconhecimento não percebe, pelo menos no início, é que a sabedoria disponível em tradições como Yoga, Vedanta e Budismo não é como Matemática e Geografia que basta você pegar uns livros, ler algumas vezes, fazer exercícios e assim você saberá do conteúdo. Não, não é assim. A transmissão de sabedoria espiritual exige um método que está além das palavras e da abordagem utilizada em escolas e universidades.

Embora nas disciplinas de conhecimento material (chamemos assim), algumas pessoas possam se autointitular autodidatas, nas disciplinas de sabedoria espiritual isso é muito raro ou, praticamente, impossível. Mesmo aqueles que se dizem autodidatas estão enganados pois eles, no mínimo, leram algum livro que foi escrito por outra pessoa e, podemos dizer, essa outra pessoa ensinou indiretamente o conteúdo àquela que leu o livro. No caso de espiritualidade, pode haver uma transmissão espontânea chamada de shaktipat. Mesmo assim, a pessoa que recebe um shaktipat espontâneo vai precisar estudar, por um tempo, com um mestre se desejar ter conhecimento ou desenvolver habilidades mínimas para se tornar autônomo.

O problema pode se tornar ainda mais sério quando a pessoa procura um professor, mas só para cumprir tabela. Chega na aula achando que sabe tudo, mesmo sem expressar isso, ou às vezes nem percebe que está agindo como se soubesse de tudo.

Por exemplo, a pessoa tem determinada experiência durante uma prática e acha que foi algum despertar de chakra (mesmo que tal pessoa não saiba direito o que são chakras nem as possíveis localizações). A pessoa pergunta ao professor se aquela experiência é despertar de um chakra específico e o professor diz que acha que não por que naquela região não tem chakra nenhum, nem nas tradições que ele conhece se menciona a existência de chakra naquela região. O aluno sai e diz: continuo achando que foi a sensação de chakra por que eu li na revista XYZ que isso pode acontecer e eu dei uma palestra sobre isso, etc.

Outro exemplo: o aluno está com alguma dificuldade interna e acha que é devido às práticas, pede conselho ao professor se deve seguir o caminho A ou o caminho B. O professor diz pra seguir o caminho A, mas o aluno diz que acha melhor seguir o caminho B. Isso é, no mínimo, entristecedor. Se você pede um conselho já pensando em não seguir, pra quê pede?

O que vejo alguns professores fazerem em relação a esse tipo de atitudo de xícara cheia é, simplesmente, depois de algumas repetições do comportamento, se abster de dar opinião ou conselho. Em casos extremos, já vi o professor se recusar a ensinar qualquer coisa ao aluno sabichão, pois, afinal, se ele sabe tanto, veio aprender o quê?