Este texto foi escrito por Sutra Journal.
é uma tradução livre por Eanes T. P. do original em inglês que pode ser acessado no siteO Hatha Yoga ou a Dimensão Física da Meditação
O Hatha Yoga é a dimensão física do Yoga, sua duas principais disciplinas são a postura e o trabalho com a respiração. Mas o Hatha Yoga não é – ou pelo menos historicamente não era – um estilo de yoga que reduzia-se ao seu aspecto físico. No início, havia apenas um yoga, às vezes chamado de Maha Yoga, o grande Yoga. Antes do grande yoga quebrar-se em pequenas frações, o Hatha Yoga era a escola física por meio da qual todos os yoguis tinham de passar. Nenhum yogui, contudo, permanecia no nível do Hatha Yoga ou mesmo reduzia o Yoga a este nível. O Hatha Yoga foi, portanto, a ‘escola primária’ do sistema educacional yóguico. De modo similar, o Raja Yoga foi a escola de meditação do Maha Yoga, que todos os yoguis frequentavam durante algum tempo em sua jornada. Poderíamos compará-la ao colégio dos dias de hoje. Antigamente, você não começava nesse nível de yoga sem ter passado pela educação primária.
De modo similar podemos olhar para o Bhakti Yoga, a disciplina devocional do Yoga, como um nível educacional terciário. Ele era frequentado após proficiência em Raja Yoga ter sido obtida: você nunca iria lá diretamente da escola primária sem passar por qualquer educação anterior. É apenas na história moderna que a ligação entre essas disciplinas tem sido fraturada e as pessoas praticam uma delas ou a outra exclusivamente.
O texto de Yoga medieval Hatha Ratnavali afirma que, sem o sucesso no Hatha Yoga, o Raja Yoga não pode ser obtido. Essa afirmação significa que a realização espiritual tem uma dimensão física sem a qual não é mais que auto-hipnose. Tal auto-hipnose ou crença pode facilmente colapsar na próxima crise. Os yoguis não são satisfeitos com crença; eles querem saber. Pois, se você acredita, como você saberia que sua crença não está errada?
O conhecimento profundo, ou vijnana como os yoguis o chamam, permanece mesmo em momentos de crise. Tal conhecimento tem que permanecer mesmo se for testado nos momentos difíceis da vida. Por essa razão, para alcançar a transformação total do ser humano não é suficiente apenas mudar sua mente sentando-se e meditando. Isso não levará a uma mudança duradoura. O corpo e a respiração devem ser incluídas na mudança também. O Yoga superior da meditação é uma semente que pode brotar na flor da liberdade espiritual, mas para que ocorra a smeente deve ser enterrada no solo que passou pela preparação do Hatha Yoga.
To counteract such tendencies, the Hatha Yoga Pradipika states that, as long as prana has not entered the Sushumna (central energy channel), all talk of knowledge is nothing but the rambling of fools.[4] Yoga has always held that true knowledge is not something that just takes place in one’s mind, but that true knowledge has a physical, a biochemical or bioelectrical, component (although one should never reduce it to that component alone). In yoga this component is called siddhi (power of attainment).
O grande Shankaracharya declara no seu texto Aparokshanubhuti que o Raja Yoga (i.e. o yoga da meditação) pode levar à liberdade, mas apenas para aqueles cujas mentes estão completamente purificadas. Mas ele também diz que, para aqueles que não chegaram a esse estágio, o Raja Yoga precisa ser combinado com Hatha Yoga. É importante que não nutramos prematuramente pensamentos de realização, pois isso evitará a realização verdadeira. Para contrariar tais tendências, o Hatha Yoga Pradipika afirma que, enquanto o prana não entra na Shushumna (canal de energia central), toda conversa de conhecimento é nada menos que divagação de tolos. O Yoga tem sempre afirmado que o verdadeiro conhecimento não é algo que somente toma lugar na mente de alguém, mas que o verdadeiro conhecimento tem um componente físico, bioquímico ou bioelétrico (embora ninguém deve reduzi-lo a apenas um componente). No Yoga esse componente é chamado siddhi (poder de realização). Os yoguis acreditam que não é suficiente apenas falar de jnana (conhecimento). Siddhi significa que a realização do verdadeiro conhecimento deve também envolver a transformação do corpo e dos padrões da respiração. De outro modo, o conhecimento é relegado a esfera da crença ou apenas consiste de declarações ousadas.
O Hatha Yoga é a disciplina que lida com o componente físico e respiratório do verdadeiro conhecimento. Ele é a fundação de todo yoga e prepara o yogui para a prática dos membros superiores.
Hatha Yoga also guarantees that we always remain firmly grounded and safe. The yogic idea of personality disorders such as schizophrenia and megalomania is that certain higher energy centres (chakras) have been opened before some of the lower ones. This may result in a person accessing knowledge that he/she cannot properly integrate. The result may be mental disorders. Hatha Yoga guarantees that the body and the breathing patterns are prepared to conduct the large amounts of energy that spiritual insight brings. It makes sure that one does not get ahead of oneself in a very literal sense.
O Hatha Yoga também garante que sempre permaneceremos firmemente aterrados e seguros. A ideia yóguica de desordens de personalidade tais como esquizofrenia e megalomania é que certos centros de energia superiores (chackras) foram abertos antes de algum dos inferiores. Isso pode resultar em um pessoa acessando o conhecimento que não pode integrar apropriadamente. O resultado pode ser desordens mentais. O Hatha Yoga garante que o corpo e os padrões respiratórios estão preparados para conduzir a grandes quantidades de energia que o insight espiritual traz. Ele assegura que a pessoa não passe na frente de si mesma num sentido bastante literal.
O Raja Yoga ou a Dimensão Mental da Meditação
Atualmente, há uma grande preocupação com o aspecto físico do yoga, o Hatha Yoga. Mas o Hatha Yoga Pradipika afirma que permanecer no nível do Hatha Yoga e não graduar-se no Raja Yoga (yoga da meditação) é nada menos que perda de energia. O Raja Yoga (yoga real) é a parte central do Yoga, sua essência. Em seu comentário aos Yoga Sutras de Patanjali, o Rishi Vyasa disse as palavras imortais ‘Yogah samadhih’, que significam o yoga é caminho da concentração da mente. O que ele queria expressar era que o centro do yoga é o caminho de concentração da mente tal que o mundo (e só depois o self) pode ser visto como ele realmente é.
Para entender por que a concentração é necessária precisamos tomar como recurso a metafóra da lâmpada versus o laser. Uma fonte convencional de luz, tal como uma lâmpada, envia raios de luz de diferentes frequências em todas as direções. Mesmo se a luz de uma fonte dessas for focada em um feixe, os pacotes de luz que o constituem empurram uns aos outros de forma que ela se espalha e as sombras geradas não possuem formas bem definidas.
Um laser é diferente. Nesse caso, os pacotes de luz são todos da mesma frequência, então o feixe não se espalha e as sombras são precisamente definidas. Por essa razão, um laser pode ser usado para transferir informação acuradamente por longas distâncias em alta velocidade; ele também pode ser usado para cruzar objetos que não são penetrados por fontes convencionais de luz.
O caminho do Raja Yoga lida com tornar a mente como um laser. Ele concentra as ondas de pensamentos de forma que a informação do objeto de meditação seja precisamente transferida para a mente e não apenas uma vaga interpretação dela. Imagina como seria ótimo utilizar tal mente?
A maioria dos problemas em nossas vidas são causados por erros de percepção. Eles variam de causar um acidente por entrar no tráfego incorretamente por subestimamos a velocidade de outro carro, a casos complexos onde julgamos erroneamente outra pessoa por projetamos nelas nossas necessidades, medos ou desejos ao invés de vê-las como realmente são. De modo similar, a mente pode ser transformada por meio do Raja Yoga até que ela tenha a capacidade semelhante a do raio laser de penetrar objetos e ver ou fazer download de sua realidade profunda ou diagramas essenciais. Esses métodos são usados durante o samadhi objetivo e Patanjali e outros sábiios usaram-nos para contribuir para as ciências tais como a psicologia (yoga), mediciona (Ayurveda) e a ciência do som (Sanscrito).
Esta é uma exposição simplificada do Raja Yoga, uma parte significante dele consiste em praticar o samadhi objetivo em objetos fora de nós com a intenção de obter conhecimento científico para favorecer a sociedade humana. Esse aspecto do Raja Yoga foi apenas levemente tocado aqui. O Raja Yoga por si mesmo não é o fim do desenvolvimento de alguém, pois ele se mistura com o Bhakti Yoga, o Yoga da devoção com o Divino.
O Bhakti Yoga ou A Dimensão Espiritual da Meditação
Enquanto o Hatha Yoga constitui-se de preparação para o Raja Yoga, o Bhakti Yoga é fruto de ambos. De acordo com o Hatha Yoga Kaumudi, o Yoga é inútil se o êxtase de Bhakti não for alcançado. O Bhakti Yoga, o yoga da devoção ao divino, é a culminância do yoga (embora alguns digam que ele deve se unir ao Jnana Yoga).
É importante para o Bhakti yogui se preparar por meio de Hatha e Raja. Embora seja importante que seu yoga tenha um componente devocional desde o início, se alguém faz do Bhakti sua principal prática desde o início, o problema é que a pessoa pode se tornar um crente. Se você acredita numa forma particular do divino o que você fará se conhecer outras pessoas que acreditam em outra forma? Você ou irá duvidar e converter-se ou terá uma crença forte e, para prová-la, tentará converter os outros, o que geralmente leva a conflitos.
O verdadeiro Bhakti leva você a uma experiência ou visão (darshana) do divino. Quando você conhece outros que possuem outras crenças, você não será ameaçado. Ao invés. surge em você o desejo de ajudá-las e conduzi-las a uma experiência com o divino, não de acordo com suas crenças mas de acordo com as delas. E isso é exatamente a diferença entre um crente religioso e uma bhakta (um praticante de Bhakti Yoga). Um verdadeiro bhakta sabe que há apenas um divino. Esse divino único gerou todas as tradições sagradas e, portanto, pode ser alcançado efetivamente por meio de toda tradição sagrada. A questão não é qual tradição é correta ou errada, pois não é nenhuma. A questão é, como o divino pode ser alcançado rapidamente? O caminho mais rápido de habilitar alguém a ter uma experiência mística é criá-la dentro de sua tradição, dentro de seu contexto e não destruindo suas crenças de antemão.
Devido a ter sido carbonizado pela religião, os estudantes modernos geralmente se afastam do aspecto devocional do yoga. Eles não podem se relacionar com o divino de fora deles. Isso é um problema. Neste caso, apenas olhe para Senhor Krishna, Jesus Cristo ou para o Buddha como sendo uma representação do mais nobre em você, como uma representação de seu ser mais interno e de suas aspirações mais sagradas. Se você começa deste modo gravitará em direção ao sagrado interior e poderá obter uma confirmação do seu divino exterior.