Livros Recomendados

Nesta página, há algumas sugestões de livros sobre Yoga e Meditação. Será atualizada com certa regularidade.

Última Atualização: 20 de dezembro de 2017

A Tradição do Yoga – Georg Feuerstein

Compre neste link.

Ótimo livro para quem deseja ter uma visão geral do Yoga como tradição espiritual presente como prática em diversas religiões especialmente de origem indiana (ex., Hinduísmo, Budismo e Janinismo). Georg Feurstein foi um praticante-acadêmico, ele praticou Yoga desde a adolescência, teve contato com grandes mestres e posteriormente se dedicou à pesquisa e escrita acadêmica sobre temas relacionados ao Yoga e as tradições espirituais de origem indiana. Este livro apresenta o Yoga como ferramenta de desenvolvimento espiritual. Além disso, apresenta traduções de trechos de importantes textos tradicionais e explicações sobre os diversos ramos do Yoga: Hatha Yoga, Raja Yoga, Laya Yoga, Jnana Yoga, Karma Yoga, Bhakti Yoga, etc. Este livro vale a pena ser lido por todos os praticantes que encaram o yoga como caminho espiritual.

Viagem Interior – Caco de Paula, Jomar Morais, Karen Gimenez e Marcia Bindo

Compre neste link.

Durante muitos anos a Revista Super Interessante publicou artigos sobre Yoga e Meditação. Os autores desse livro juntaram várias idéias presentes nos artigos da Super Interessante e construíram este livro, que antes havia sido publicado como quatro livros independentes. O livro é dividido em quatro partes: Yoga, Meditação, Buda e Dalai Lama. Cada parte contém, além de uma introdução ao tema, dicas de leitura e de sites para posterior aprofundamento nos temas. É um livro ótimo para quem está começando e não sabe nada sobre o assunto.

Yoga: Imortalidade e Liberdade – Mircea Eliade

Compre neste link.

Este livro é de caráter mais acadêmico e de linguagem mais complexa para o leigo. Porém, seu conteúdo é de grande profundidade espiritual. Este livro apresenta as origens históricas do Yoga, como ele surgiu na sociedade indiana, quais os textos mais antigos que tratam do assunto, quais os principais conjuntos de práticas envolvidos, etc. O livro foi um dos resultados da pesquisa de doutorado do autor. Por se tratar de um livro que foi publicado há décadas e seu autor já faleceu, há uma versão digital no site Archive.

Tantra – Sexualidade e Espiritualidade

Compre neste link.

Neste livro, Georg Feurstein apresenta as principais influências do Tantra na cultura indiana. A discussão do livro gira em torno, principalmente, do Tantra Kaula. O autor desmistifica vários mal-entendidos que existem no ocidente em torno do termo Tantra. O leitor não deve ler este livro buscando um guia de práticas, nem de posturas. Primeiro por que Tantra, não necessariamente, envolve sexo, segundo por que este livro não é um manual. O fato dele não ser um manual decorre de não ser possível ensinar/aprender adequadamente práticas de Yoga por meio da leitura de textos sem que a pessoa nunca tenha tido instruções de uma pessoa mais experiente.

Tantra Illuminated – Christopher Wallis

Compre neste link.

Esta é uma obra enciclopédica sobre o Tantra, especialmente sobre o Tantra Não-Dual Shaiva (TNDS). O autor é praticante desde a adolescência, foi aluno de grandes mestres e posteriormente fez doutorado em Oxford em temas relacionados à tradução de textos escritos em sânscrito. Seu orientador de doutorado foi Alexis Sanderson um dos poucos ocidentais que foram alunos do último mestre da filosofia TNDS. O livro trata das origens históricas do Tantra, sua cosmologia e práticas. Além disso, apresenta as nove principais linhagens do Tantra. Provavelmente, é o melhor livro escrito sobre o tema nos dias de hoje.

O Despertar da Kundalini

Compre neste link.

Neste livro, Gopi Krishna conta a sua trajetória no caminho da meditação. Ela conta como foi o despertar da Kundalini para ele, o estado doentio pelo qual ele passou, as dificuldades enfrentadas, o sofrimento e praticamente desejo de morte que teve devido ao despertar da energia da Kundalini sem que tivesse alguém para orientá-lo. Este livro deve ser lido por todas as pessoas que têm curiosidade sobre o tema, mas que às vezes não são criteriosas quanto às suas práticas nem quanto à busca por professores adequados.

Neurofisiologia da Meditação

Compre neste link.

Este é um livro escrito para quem tem curiosidade de saber o que se passa na mente em termos de eletroquímica e biologia durante as práticas meditativas. O tema é apresentado de modo que um leitor que não tenha formação nas áreas de saúde ou ciências biológicas seja capaz de entender o que é apresentado. Um ponto fraco do livro são as referências exageradas a determinadas pessoas conhecidas na área de cura espiritual. De certa forma, essas referências fogem ao tema alvo do livro.

Autobiografia de um Yogue

Compre neste link.

Este é um livro, no mínimo, divertido. O autor apresenta relatos de suas experiências com Yogues realizados. Dentre os relatos há casos de pessoas capazes de atravessar paredes, flutuar e se multiplicar. Deve ser lido com mente aberta.

Um caminho com coração – Jack Kornfield

Compre neste link.

Jack Kornfield é um renomado professor americano de meditação budista. Passou mais de dez anos como monge budista na ásia, teve aulas com mestres como  Sri Nisargadatta Maharaj, Ajahn Chah e Kalu Rinpoche. Após seu treinamento na Ásia, voltou aos Estados Unidos e recebeu formação em Psicologia Clínica. Este livro, embora numa temática budista, é de extremo valor para qualquer pessoa que se dedica à meditação. Este livro apresenta várias dificuldades que podem surgir na vida de quem medita e como lidar adequadamente com elas.

Emergência Espiritual – Stanislav Grof e Christina Grof

Compre neste link.

Os autores apresentam uma coletânea de textos de mestres renomados sobre as diversas transformações e dificuldades que as pessoas podem passar durante a caminhada espiritual. Apresenta também uma discussão polêmica sobre o fato de que, em nossa sociedade, a transformação espiritual pode ser encarada como doença mental e as pessoas que estão passando por transformações espirituais podem sofrer preconceitos e serem medicadas sem terem nenhuma doença física.

Ciência Contemplativa – Alan Wallace

Compre neste link.

Antes que me perguntem, adianto a resposta: ALAN WALLACE NÃO É O CRIADOR DA CIÊNCIA CONTEMPLATIVA! Ninguém é o criador! A ciência contemplativa é um conjunto de práticas de engajamento psicofísicas que são capazes de transformar positivamente o ser humano trazendo-lhe saúde e proporcionando-lhe qualidade de vida. Tais práticas foram desenvolvidades, especialmente, em sociedades asiáticas em tradições como: Yoga, Budismo, Taoísmo, etc. Neste livro, o autor apresenta a visão geral da Ciência Contemplativa, apresenta, também, as críticas da Ciência moderna às experiências em primeira pessoa e discute respostas às críticas da Ciência Moderna. A principal crítica a este livro é a ausência de neutralidade, pois a parte teórico-filosófica é totalmente embasada no Budismo Tibetano. Porém, isso ocorre devido o autor ter passado mais de dez em treinamento por grandes mestres tibetanos.

O Yoga Tradicional de Patanjali – Roberto de A. Martins

Compre neste link.

Provavelmente, o melhor livro sobre Raja-Yoga escrito no Brasil. O autor apresenta o Raja-Yoga de Patanjali por meio de um apanhado de textos históricos e tradicionais da cultura indiana, tais como Upanishads e Puranas. Ao final do livro há dois apêndices contendo as traduções do autor para os textos “Sankhya Karika” e “Yoga Sutra”. O autor é praticante de Raja-Yoga há mais de quarenta anos, além de ser um exímio pesquisador nas áreas de Yoga e Filosofia da Ciência.

Uma luz sobre o Hatha-Yoga

Compre neste link.

Este é, provavelmente, o melhor livro sobre Hatha-Yoga. Apresenta o desenvolvimento histórico do Hatha-Yoga, os personagens principais envolvidos, as práticas existentes. Além disso, apresenta algo que pode surpreender os leitores: a grande quantidade de práticas de meditação existentes no Hatha-Yoga e conhecidas como Laya-Yoga. Este livro não é um manual de posturas. O autor é praticante de Raja-Yoga há mais de quarenta anos, além de ser um exímio pesquisador nas áreas de Yoga e Filosofia da Ciência.

Yoga e Espiritualidade – Georg Feurstein

O texto abaixo foi adaptado de alguns parágrafos do livro “As virtudes do Yoga, antigos ensinamentos para esta época de crise global” do autor Georg Feurstein.

Quando as pessoas pensam no Yoga, na maioria das vezes elas pensam em forma física e postura contorcidas. Aqueles que são melhor informados sabem que o Yoga é uma tradição antiga da Índia de realização espiritual cujo objetivo é liberdade interior e a superação do sofrimento por meio da transcendência do ego, ou “Eu-fazedor”. Portanto, o Yoga é primariamente uma prática espiritual, ou espiritualidade.

A pobreza moral e espiritual de algumas escolas modernas de Yoga não deveriam nos cegar para a natureza real do Yoga, que é óbvia do ponto de vista de sua longa história e também de suas formas tradicionais atuais. Neste ponto, eu deveria claramente distinguir religião e espiritualidade. Frequentemente, esses termos são usados de modo intercambiável, mas é útil demarcar as diferenças entre religião e espiritualidade. Entendo a religião como referindo-se a valores pessoais, crenças, atitudes e práticas relativas a uma pessoa suprema chamada “Deus” ou o “Divino”, que tipicamente são compartilhados por uma comunidades de pessoas que crêem. A ênfase da religião está em “fazer a coisa certa” – comportamento moralmente saudável – de modo a receber a graça de Deus e ter a aprovação e o suporte da comunidade. Além disso, o conceito religioso de Deus é de uma autoridade suprema, uma Superpessoa (geralmente, sexo masculino) que de algum modo existe fora das pessoas e com o qual a interação é possível mas apenas como criador versus criatura. A forma característica de interação com esse Deus pessoal é a devoção e a oração.

A espiritualidade, ao contrário, pode ser entendida como uma busca mais individualizada por conhecimento direto de, ou união com, a Realidade suprema, que é mais frenquentemente concebida como impessoal e que é núcleo do ser. Portanto, o conhecimento de, ou união com, a Realidade suprema também é frequentemente chamada de “Auto-realização”. Outros termos para esse evento são “iluminação”, “realização” e “libertação”. Já que a Realidade suprema não é apenas a Base de toda a existência mas também o Cerne último de nosso ser interno, ele não é uma força externa ou agente para o qual podemos dirigir nossos pedidos. Estritamente falando, não podemos nem mesmo nos unir a ele, pois ele já é nossa verdadeira natureza.

Todas as formas de Yoga concordam que a existência humana é repleta de sofrimento. A causa desse sofrimento não está em um agente externo mas é uma construção psicológica artificial que chamamos de “Eu”, ou ego. O ego é nossa identificação errônea com um corpo-mente particular, quando na verdade nós transcendemos todas as realidades físicas, emocionais e mentais.

Mas em muitas tradições de Yoga, o ego-self não é considerado como a causa-raiz do sofrimento. As autoridades do Yoga apontam para a ignorância espiritual como a fonte de todo mal. Essa ignorância precede a formação do ego-self: nós nascemos em ignorância da nossa verdadeira natureza como Espírito. Isso nos leva a desenvolver um senso cada vez mais forte de “eu” limitado (expressado como “Eu“, “mim”, “meu”).  Esse processo psicológico é completado com a individuação do humano adulto. De uma perspectiva convencional, isto é considerado um objetivo desejável. Da perspectiva yogui, é meramente um processo de estranhamento de nossa verdadeira identidade, o Ātman.

O Raja Yoga Não-dualista de Shankara

Shankara foi um dos maiores Yoguis dos quais se tem conhecimento. Além disso, escreveu famosos comentários sobre textos sagrados da tradição de sabedoria indiana. Este texto apresenta os 15 membros do Raja Yoga de Shankara.
Esta é uma tradução resumida e adaptada do texto de David Frawley disponível em: https://vedanet.com/2012/06/13/the-fifteenfold-non-dualistic-raja-yoga-of-shankaracharya/

O original em inglês do qual alguns trechos foram traduzidos está disponível neste link.

shankar

Shankara, o Grande Yogi

Shankaracharya, ou o Professor Shankara, é um ds maiores mestres espirituais da história da Índia. Shankara tem sido chamado de o maior filósofo da Índia, senão de todos os tempos e do mundo. Seus ensinamentos são altamente racionais, claros e concisos, assim como profundamente místicos, desenrolando todos os mistérios do Self, de Deus, do universo, do Absoluto e da imortalidade. A maior parte do que hoje é chamado de Advaita (não-dualístico) Vedanta reflete a marca de sues insights. Ele é o principal professor da tradição Advaita Vedanta.

Shankara é o principal professor de Jnana Yoga ou “Yoga do Conhecimento”, que é frequentemente reconhecido como o elevado caminho yogui. Mesmo Patanjali afirma que a libertação ou Auto-Realização é obtida pelo conhecimento, não por qualquer outro meio e faz do Yoga um meio para alcançar aquele conhecimento mais elevado.

Contudo, muitas pessoas tendem a esquecer que Shankara foi um grande Raja Yogui também, um dos maiores de todos os tempos. Shankara discute todos os principais aspectos do Raja Yoga em seus diferentes livros e mostra que ele conhecia os segredos dos chakras, dos mantras, do pranayama, da concentração e da meditação, assim como as complexidades do Nirvikalpa Samadhi, o estado Yogui mais elevado.

O Raja Yoga Não-dual de Shankara

Shankara ensinou um Raja Yoga de 15 membros em seu curto trabalho Aparokshanubhuti. Aparoksha refere-se ao conhecimento obtido pela percepção direta na própria consciência, que está além da razão e da percepção sensorial. Anubhuti é a experiência disso de momento a momento como a base da próprio ser.

O Yoga de 15 membros de Shankara combina Raja Yoga e Jnana Yoga ao invés das práticas físicas de Hatha Yoga. Este Raja Yoga de 15 membros é bastante avançado, mesmo para Yogis avançados. Não deve haver nenhuma pessoa no mundo, muito menso no ocidente, que possa segui-lo diretamente sem já ter passado por um treinamento considerável e práticas de apoio preliminares. Não estamos recomendando que o aluno convencional de Yoga entre no Raja Yoga de Shankara como sua prática primária, mas use-a para ver grandes profundidades do Yoga que permanecem bastante além do que o Yoga moderno se tornou, particularmente em suas abordagens comerciais e de exercícios. Shankara tira as principais práticas externas e técnicas de Yoga e substitui por seus modos de meditação do conhecimento do Self  ou a realização da não-dualidade.

A importância de Vichara ou Questionamento

O Jnana Yoga ou Yoga do Conhecimento é baseado em pensamento profundo, observação e questionamento (vichara). Esta é também a base do Raja Yoga de Shankara, sem o qual não é possível entendê-lo. Shankara afirma:

  • Sem questionamento (vichara) não há conhecimento, que não é obtido por nenhum outro meio, assim como um objeto é revelado apenas pela luz e não por outra coisa.
  • Tudo surge da ignorância e é dissolvido pelo conhecimento. Os diferentes pensamentos são os criadores de tudo isso. Este questionamento é desse tipo.

Mesmo a meditação não pode nos trazer Auto-realização a menos que esteja aliada a um questionamento profundo ou vichara, uma meditação do Self, ao invés de outros objetos ou ideias. Por outro lado, sem a meditação profunda, vichara ou questionamento também não é suficiente, pois pode permanecer apenas em nível conceitual. Em relação a isso, Shankara ensina seu Raja Yoga de 15 membros para ajudar na realização do conhecimento gerado por vichara ou questionamento, e como um nível mais profundo de questionamento. Claramente, o papel do conhecimento e vichara não tiveram o lugar central apropriado na maior parte do Yoga moderno. Shankara nos ensina como trazê-lo de volta.

O Raja Yoga de 15 membros de Shankara

Os 15 membros são:

  1. Yama
  2. Niyama
  3. Renúncia
  4. Não-falar (Mauna)
  5. Lugar
  6. Tempo
  7. Ásana
  8. Mulabhanda
  9. Equilíbrio do corpo
  10. Fixação do olhar
  11. Pranayama
  12. Pratyahara
  13. Dharana
  14. Atma-Dhyana
  15. Samadhi

Shankara evita a longa descrição de Yamas e Niyamas encontrada em outros textos de Yoga. Ele enfatiza a necessidade de ver tudo como Brahman ou Deus como o meio primário de Yama ou auto-controle. Ele também simplifica os Niyamas promovendo um grande reconhecimento da consciência de unidade e da harmonia de sentimentos que surgem deles.

Mauna é geralmente referido como não falar, que é uma observação importante em muitos caminhos de Yoga. Aqui, Shankara esclarece seu significado mais elevado como uma prática interna de lidar com a realidade além da fala e da mente. Habitar na mais elevada realidade é o Mauna real, não apenas refrear a comunicação verbal. É um estado de consciência além do som, do qual não há base para falar de nada mais como real.

Aqui Shankara define Ásana não como uma postura para sentar ou qualquer outra postura física mas como habitar na contemplação contínua da Suprema Realidade.

Aqui, Mulabhanda consiste em manter-se naquele Brahman que é a raiz de todos os seres e a raiz da mente através da qual a mente é naturalmente controlada.

Para aqueles que ainda não estão maduros em sua vida espiritual ou sadhana, as práticas mais comuns de Hatha Yoga também devem ser incluídas. Isto inclui quase todo mundo. Portanto, Shankara deixa claro que ele não está rejeitando essas práticas mas simplesmente adicionando dimensões mais elevadas. Ele também termina enfatizando a necessidade de devoção como um fundamento para o conhecimento, que de outra forma pode permanecer seco e apenas conceitual.