Grupo de pesquisadores desenvolve playlist para relaxamento

Playlist para relaxamento. Enjoy!

Praticamente, qualquer aula de Yoga hoje em dia termina com uma seção de relaxamento. Às vezes esse relaxamento é realizado antes da prática de meditação. Como na maioria das vezes os professores buscam dar uma aula “laica” sem conotação espiritual, se usarem músicas da tradição indiana para o relaxamento alguns alunos não gostarão.
Para lidar com isso, podemos utilizar uma playlist com músicas comuns, sem conotação espiritual. Como não é fácil encontrar músicas para relaxamento que tenham o aval de um especialista. Nós do site Ciência Contemplativa (o original) estamos repassando a playlist desenvolvida por neurocientistas do Mindlab International. A playlist pode ser acessada no Youtube e dentre as músicas disponíveis, a que produz o melhor efeito contra ansiedade é a Weightless. Confira as músicas em ordem crescente de efeito relaxante e antiansiedade:

  1. We Can Fly, by Rue du Soleil (Café Del Mar)
  2. Canzonetta Sull’aria, by Mozart
  3. Someone Like You,” by Adele
  4. Pure Shores, by All Saints
  5. Please Don’t Go, by Barcelona
  6. Strawberry Swing, by Coldplay
  7. Watermark, by Enya
  8. Mellomaniac (Chill Out Mix), by DJ Shah
  9. Electra, by Airstream
  10. Weightless, by Marconi Union

Yoga e Ciência: O Método Científico

Neste vídeo, uma abordagem genérica do método científico é apresentada bem como a análise de um artigo científico recente na área de ciência contemplativa.

Neste vídeo, uma visão geral do método científico é apresentada, detalhando os passos principais de uma abordagem genérica do método. Além disso, na parte final do vídeo, um artigo científico recente que avalia os efeitos de práticas contemplativas em seres humanos é analisado a partir da perspectiva do que foi descrito no vídeo.

Os passos principais do método científico mencionados no artigo são: observação do mundo, levantamento de hipóteses, coleta de dados, teste de hipóteses, refinamento das hipóteses e desenvolvimento de teorias.

Para facilitar o entendimento do método, é apresentado um exemplo do dia-a-dia: o exemplo da torradeira. Esse exemplo foi proposto no site Khan Academy e foi adaptado para os propósitos desta série de vídeos.

O artigo que é analisado no fim do vídeo avalia os efeitos de Yoga e meditação nos níveis de estresse dos participantes de um treinamento de 3 meses de duração.

Nova Série de Vídeos Elucida as Conexões entre Yoga e Ciência

Neste vídeo apresentamos os conceitos básicos de Yoga, tanto da perspectiva oriental quanto ocidental. A partir deste vídeo, o leitor poderá perceber o quão amplo é o oceano de conhecimentos do Yoga. Além disso, algumas perguntas são respondidas: O que é Yoga? Pra que Yoga? Como o Yoga atua?

Podemos dizer que, de modo geral, as diversas metodologias yogui têm sido estudadas no ocidente sob o tema de pesquisa chamado de Ciência Contemplativa. Este é o tema principal desta página.

Com o intuito de se conectar ainda mais com o tema de Ciência Contemplativa, a partir desta semana, estaremos produzindo uma série de vídeos sobre Yoga e Ciência. O objetivo desta série de vídeos é buscar na literatura científica explicações para os efeitos psicofisiológicos provocados pela prática de Yoga e apresentar tais explicações de modo suave. Além disso, serão abordados temas sobre Qualidade de Vida e Yoga.

Ao longo dos vídeos iremos elucidar alguns termos técnicos relacionados ao Yoga e à biologia e psicologia. O objetivo não é dar aulas desses assuntos mas esclarecê-los minimamente para tornar possível traçar as conexões entre Ciência e Yoga.

Neste primeiro vídeo, uma das chaves de sucesso do Yoga na redução do stress é explicada utilizando o conceito introduzido por Eanes: “Engenharia Reversa do Yoga”.

Vamos nessa?

 

Estudo sugere melhoria em fatores anti-inflamatórios em praticantes de Yoga, Meditação e Terapias Mente-Corpo

Esta é uma tradução resumida do abstract do artigo original em inglês disponível na Revista Frontiers in Human Neuroscience.

Um estudo realizado por B. Rael Cahne colegas (Departamento de Psiquiatria e Ciências Comportamentais da Universidade do Sudeste da Californa) indicam melhorias em fatores anti-inflamatórios. Os resultados foram obtidos usando os indicadores de BDNF (Brain Derived Neurotrophic Factor), níveis de cortisol salivares e citoquinas pro e anti-inflamatórias.

Os dados foram coletados de 38 pessoas, com idade média de 34,8 anos, que participaram de um retiro de Yoga e Meditação com duração de 3 meses. Os participantes foram avaliados antes e depois do retiro. Os autores tem como hipótese que os itens avaliados indicam padrões de mudança na integração mente-corpo e no bem-estar.

Os níveis elevados de BDNF observados são um mediador potencial entre as práticas meditativas e a saúde cerebral. A taxa aumentada de CAR (Cortisol Awakening Response), provavelmente, é um reflexo do aumento da excitação dinâmica fisiológica e do relacionamento entre as mudanças pro e anti-inflamatórias de citoquinas para ajudar o funcionamento saudável do sistema imunológico.

A principal atividade meditativa dos participantes foi a prática chamada de Samyama. Essa prática faz parte do Yoga Clássico de Patañjali e é composta de três estados: Dharana, Dhyana e Samadhi.

Esta é uma tradução livre e adaptada do texto original em inglês. Caso a utilize, por favor mencione a fonte.

Chaves para uma vida de sucesso – Swami Rama

As chaves para a felicidade residem dentro de nós, mas nossa educação moderna não nos ensina como encontrá-las.

Todas as pessoas querem ter sucesso na vida, mas onde estão as chaves para o sucesso? Nós temos que sair e procurar as chaves ou já temos esses potenciais dentro de nós? Quando começamos a examinar a vida, podemos ver que ela está dividida em dois aspectos — a vida dentro e a vida fora; a vida interna e a vida externa – e podemos ver que esses aspectos são de igual importância. Mesmo se nós tivermos renunciado o mundo, ido para longe da civilização e vivermos fazendo nada mais que meditar, não podemos ignorar a vida externa. Nós ainda temos que ver que comemos, fazemos nossas abluções e realizamos nossas práticas a seu tempo. Então, a vida no mundo externo é tão importante quanto a vida no mundo interno. Mesmo uma pessoa que renunciou o mundo tem que entender a palavra relacionamento adequadamente, por que a própria vida é na verdade um relacionamento. O corpo está relacionado à respiração e a respiração está relacionada à mente. O corpo, a respiração, os sentidos e a mente todos funcionam juntos como uma unidade. Então, a vida virtualmente significa relacionamento e assim a arte de viver e ser requer um entendimento dos próprios relacionamentos com o mundo externo e com os próprios mundos internos.
Todos os seres humanos têm potenciais internos, mas muitas pessoas não estão cientes desses potenciais e não sabem como usá-los para ter uma vida de sucesso. Aqueles que não são felizes internamente podem nunca ser felizes externamente; aqueles que não são felizes dentro de si mesmas podem nunca fazer os outros felizes. Aqueles que não amam a si mesmos nunca podem amar os outros. Se não somos felizes, como poderemos ter uma vida de sucesso? O sucesso reside em nossa felicidade. As chaves para a felicidade residem dentro de nós, mas nossa educação moderna não nos ensina como encontrá-las. É útil ter algumas fórmulas para praticar na vida diária para dar-lhe mais sucesso. Eu não criei essas fórmulas; elas são derivadas de observações fundamentadas em experiência. Há cinco pontos a lembrar: primeiro, como tomar decisões a tempo; segundo, como estudar os padrões de hábitos pessoais; terceiro, como conduzir a nós mesmos no mundo externo; quarto, que atitude tomar; quinto, onde encontrar felicidade. Para alcançar o sucesso na vida, a pessoa deveria aprender e aplicar esses cinco pontos.

Tomando decisões a tempo
O primeiro ponto a entender é a filosofia e ciência da decisão – como tomar decisões a tempo. A pessoa de maior sucesso é que sabe como tomar decisões a tempo. Há muitas pessoas extraordinariamente brilhantes que entendem as coisas muito rapidamente, mas quando chega o momento de tomar uma decisão, quando uma oportunidade surge, elas se afastam e não são capazes de agir. Elas não sabem como decidir. Elas sabem que deveriam aprender a decidir a tempo, mas não o fazem. Elas sempre dizem Bem, eu sei disso. Eu entendo a importância, mas eu não tomo uma atitude a tempo. Embora elas possam pensar corretamente e precisamente entenderem a situação, elas repentinamente perdem a confiança. Este é um mundo de competição; outra pessoa está sempre tentando obter a mesma coisa que nós. Então, se não decidirmos a tempo, outra pessoa obterá o que queremos. O tempo é valioso no mundo externo. Um bambu jovem pode ser facilmente dobrado, mas se tentarmos dobrar um bambu maduro, ele se quebrará. Isso é o que temos que fazer hoje, não devemos postergar para amanhã, mas também não devemos tomar decisões na pressa.
Podemos ter um contratempo se tomarmos uma decisão incorreta, mas nossos erros nos ensinarão. Muitas pessoas evitam tomar decisões durante toda a vida, assim sua faculdade mental decisória, a faculdade de discriminação, torna-se enferrujada e morre. Tais pessoas tornam-se totalmente dependente dos outros. Quando estudamos as quatro funções da mente – buddhi, a faculdade de decisão; ego, o princípio de identidade; chitta, o depósito de impressões; e manas, o importador e exportador de sensações e experiências – então tornamo-nos cientes do poder da vontade. O poder de vontade é aquela coisa dentro de nós que vai em frente e diz Faça isso. Será útil para você. O treinamento das funções internas nos ajuda a entender a faculdade mental de decisão, sem a qual não pode ter sucesso.
Devemos entender nossas capacidades e potenciais e assim devemos nos expressar no mundo externo com total confiança, agir sem quaisquer reservas. Assim, há três passos para realizar uma ação: primeiro, formar uma opinião dentro de nós mesmos; segundo, epxressar nossa opinião aos outros; e terceiro, executar nossa opinião em ação.

Entendendo os padrões de hábitos
A coisa principal que alguém deveria aprender na vida – e isso não é ensinado em casa ou nas escolas – é a auto-análise. Nós deveríamos aprender a nos analisar. Se nós realmente queremos entender nós mesmos, podemos analisar nossa personalidade entendendo nossos hábitos. Isso não é difícil. Deveríamos simplesmente tentar estar conscientemente cientes de toda ação que realizamos e entender que nossas ações são virtualmente nossos pensamentos. Sem pensamento não pode haver ação. Os padrões de hábitos e pensamentos são revelados através do comportamento.
Há um ramo da psicologia chamado behaviorismo que é fundamentado nesse conceito. Mas alguém deveria entender que o comportamento externo apenas não pode revelar tudo sobre uma pessoa. A risada, por exemplo, não pode ser analisada comportamentalmente. Se estiver prester a rir, você também rirá comigo simplesmente por que eu estava rindo mas sem entender por que. Sua risada é por pura reação. Assim, você deveria rir uma segunda vez, desta vez de você mesmo por que você não entendeu por que estava rindo e mesmo assim riu. Você também deveria rir uma terceira vez por que finalmente entendeu de que eu estava rindo e você agora também acha isso engraçado. Todas as três vezes que você riu pareceria o mesmo para os outros, mas a cada tempo teve um motivo diferente. Assim, estados internos não podem ser entendidos apenas por meio da análise de comportamento. Apenas uma pequena parte de alguém e dos outros pode ser entendida através da observação do comportamento. Mas conhecer nossos padrões de hábitos pode nos ajudar a analisar e entender nossa personalidade.
O que é a personalidade? A palavra personalidade vem da raiz persona, que signifca máscara. Nossa personalidade é uma máscara que vestimos. Nós não temos que vestir uma máscara quando estamos sozinhos; nós usamos uma máscara para nos expressar para os outros. Nossa personalidade é um personagem e esse personagem é composto de certos hábitos. Cada um de nós tem numerosos hábitos; então quando queremos entender nossa personalidade, devemos entender nossos padrões de hábitos. Um padrão de hábito é um pensamento consciente ou ação que alguém repete repetidamente. Isso cria um entalhe na mente inconsciente e forma um hábito inconsciente. Os hábitos inconscientes são mais fortes do que os hábitos conscientes. Todos os padrões de hábitos são auto-criados. Quando sentamos e tentamos entender qual de nossos hábitos controla nossa vida, vemos que há muitos hábitos profundamente enraizados dentro de nós. Nós deveríamos aprender a estudá-los. Uma vez que nos tornamos cientes dos pensamentos perigosos e emoções que têm criado ranhuras profundas na mente, podemos começar a mudá-los criando novas ranhuras. Então, a mente parará de fluir para as ranhuras antigas e começará a fluir para as novas. Deste modo podemos mudar nossos hábitos.

Você também deveria aprender a executar suas intenções. Por exemplo, muitas pessoas têm intenções muito boas para fazer algo ótimo para seus vizinhos e elas pensam sobre isso o tempo todo, mas então esses pensamentos nunca são executados, eles nunca são permitidos de se tornarem ações. Nós temos muitos pensamentos que nunca foram executados e é por isso que somos miseráveis. Se aprendermos a selecionar esses pensamentos que são utéis e então nos permitirmos executá-los, isso trará realização e a vida será feliz. Criamos miséria para nós mesmos quando não trazemos nossos bons pensamentos em ação. Um dos escritores franceses tem explicado esse conselho lindamente: Todos os pensamentos bons que não são trazidos à ação são traição ou aborto. Os bons pensamentos são aqueles que ajudam os outros e que também nos ajudam. Os maus pensamentos são aqueles que obstruem nosso progresso e criam barreiras para os outros.
Os hábitos profundamente estabelecidos podem te impeder de fazer aquilo que você sabe que seria bom pra você fazer. Você torna-se desamparado por causa das obsessões e vícios que são causados por seus hábitos. Você pode continuar num hábito que você sabe que não é bom – que não é bom para sua saúde nem útil e que não deveria ser feito – por que o hábito se tornou tão profundamente enraizado que você é impotente para mudar seu comportamento. A sociedade não ajuda você a mudar seus maus hábitos e há poucos lugares onde você pode obter ajuda. Muitas pessoas que estão na penitenciária sabem que o que elas fizeram é um crime, mas a força do hábito as levou a agir inapropriadamente. Suas faculdades de discriminação dentro das funções – seu entendiemnto d que é certo e do que não é certo – mas seus hábitos profundamente estabelecidos as têm motivado a fazer algo que não é bom, que não é aceitável. Na verdade, ninguém deveria ser considerado uma pessoa boa ou má. Na lei tradicional inglesa, quando alguém era punido, era-lhe dito: Não estamos punindo você por você mesmo. Estamos punindo você por seus maus hábitos.

Controlando os impulsos primitivos
Os padrões de hábitos são motivações muito fortes na vida; não deveríamos os ignorar. Nós não deveríamos criar um mecanismo de defesa e dizer: Bem, e daí se eu tiver esse hábito? Nós deveríamos aprender a estudar nossos padrões de hábitos e trabalhar com nossos hábitos para mudá-los. Há pouquíssimos padrões de hábitos básicos e eles surgem das quatro fontes: comida, sexo, sono e auto-preservação. Entendendo essas quatro fontes, podemos entender nossos padrões de hábitos e então podemos aprender a mudá-los e transformar nossa personalidade.

A comida é o primeiro impulso básico. Se um marido diz a sua esposa Não coma demais, ela pode dizer: Eu como demais por sua causa. Você não presta atenção em mim, então eu tenho que comer demais. Às vezes, quando o apetite sexual não é cuidado apropriadamente, as pessoas comem demais. Essa é a lei universal da compensação. Se nós mantemos uma dieta nutritiva, não teremos qualquer problema da fonte primitiva chamada comida. A comida passa pelo corpo e então afeta a mente, mas o sexo se origina na mente e então é expresso no corpo. Se nossa mente é equilibrada e alcançamos a maturidade emocional, então podemos lidar competentemente com o impulso do sexo. Pois é a mente, não o corpo, que lida com o sexo. O pobre corpo não pode lidar com a precipitação, a inundação, da mente e assim quase ninguém está feliz sexualmente. Para ter uma vida sexual equilibrada, a pessoa deveria entender que uma mente calma, tranquila, é muito útil.

O sono é outra fonte primitiva. Nos consideramos extremamente conhecedores e altamente avançados, mas não sabemos nada sobre como dormir. É muito importante entender a anatomia do sono. Se você quisesse ir dormir agora, você não poderia conseguir por que você precisa de muitas acomodações para criar uma atmosfera apropriada para o sono, mas os yoguis sabem como dormir voluntariamente, permanecer conscientes, e então acordarem no momento exato que ees tinham determinado que iriam. As pessoas vão dormir apenas por hábito, mas deveríamos aprender a treinar nossa vontade de modo que dormíssemos ou acordássemos em qualquer momento que quiséssemos. E quando dormíssemos, deveríamos estar conscientes. Isso é possível. Há métodos para dormir profundamente, registrando o que está ocorrendo ao redor e então acordor e lembrar-se. Os Yoguis sabem esses métodos e os têm demonstrado cientificamente. As pessoas não precisam dormir tanto quanto costumam. Podemos ir ao estado de sono por apenas duas horas e acordar totalmente revigorados. Isso tem sido observado por cientistas que têm feito pesquisas sobre a anatomia do sono. Se soubermos como dormir, pode dar descanso completo ao corpo e à mente consciente à qualquer instante.

A quarta fonte é a auto-preservação. O modo vem do impulso por auto-preservação e quando os medos são aprofundados eles criam fobias. As pessoas estão sempre tentando proteger a si mesmas; elas estão sempre com medo. É bom proteger-nos do mundo físico, mas não é bom nos proteger do mundo mental – isso é muito perigoso. As pessoas deveriam aprender a encarar seus medos internos e a entender por que estão com medo. As pessoas sempre querem evitar as coisas não prazerosas e assim nunca examinam seus medos. Isso é por que elas têm inumeráveis medos dentro delas. A maioria dos medos não são examinados e eles são imaginários; eles não são válidos. Meu marido não vem para casa. Talvez ele tenha tido um acidente. Talvez algo ruim tenha acontecido! Por que imaginar apenas o negativo; por que não imaginar o positivo também? Meu marido não veio para casa. Talvez ele tenha ganhado na loteria hoje. Talvez ele tenha se tornado milionário! As pessoas estão no hábito de criar medos imaginários e quando eles não se tornam verdade, elas os esquecem. Elas não voltam e analisam aqueles medos. Mesmo quando as pessoas sabem que seu medo é imaginário, o medo auto-criado ainda as torna miseráveis.

Mesmo quando as pessoas estão apaixonadas, estão com medo do amado. Talvez ela esteja com raiva. Talvez eu tenha feito algo errado e a tornado triste. As pessoas também estão sempre com medo de seus inimigos. As pessoas forma um hábito forte de estarem com medo de tudo. Mas quando elas aprendem a examinar seus medos, elas entendem que todos os medos são imaginários. Imaginário significa que há uma imagem dentro. Nós recebemos uma imagem de fora, de nosso relacionamento, e então criamos uma imagem dentro. nós temos milhões de imagens dentro de nós. Para ser livre de todos os medos, devemos aprender a encarar imagens amedrontadoras e examiná-las. Os medos são extremamente perigosos, mas são todos auto-criados. Aprender a viver livres dos medos que surgem do impulso de auto-preservação é muito importante.

Vivendo no mundo externo
Como alguém pode viver com sucesso no mundo externo? É muito difícil viver no mundo externo, colocar-se no mundo, lidar com os desejos de muitas pessoas, agradar a todos. Então é útil ter alguns princípios para aplicar às várias situações e circunstâncias que nos encontramos envolvidos. Assim, sozinhos é possível para nós termos sucesso. Nós temos numerosas experiências todos os dias – algumas agradáveis, algumas desagradáveis. Mas há uma categoria de experiência pela qual esperamos: o tipo de experiência que nos guia, que nos motiva a fazer algo útil para os outros e para nós mesmos. Mas tais experiências são muito raras.

Gastamos nosso tempo e energia. Mesmo o tempo e energia que pensamos que estamos investindo em prazer não estamos aproveitando, por que não sabemos realmente como aproveitar as coisas do mundo. Mas podemo aprender como fazer isso; todas as coisas do mundo podem ser aproveitadas. Os renunciantes dize, Seu mundo não tem nada. Não é um bom mundo. Todas as coisas são flutuantes, todas as coisas mudam. Todas as coisas são momentâneas e nada faz você feliz. Por que você está nesse mundo? Por que você não renuncia? Mas eles estão errados. Nós podemos viver no mundo e aprender a usar as coisas do mundo como meio. Como São Bernardo disse, Aprenda a usar as coisas do mundo mas ame apenas a Deus. As coisas do mundo não deveriam ser amadas. A natureza delas deveria ser entendida e elas deveriam se tornar meios, mas não deveriam ser amadas. Quando as usamos, tendemos a nos apegar a elas – isso não é saudável. Deveríamos amar a Deus e deveríamos aprender que todas as coisas do mundo são usadas apenas como meio de alcançar o centro do amor. O Senhor da vida é chamado de amor. Nós deveríamos aprender a amar nossas responsabilidades e a executar nossos deveres amavelmente, sem nenhum apego.

O estudantes ocidentais pensam que não é possível amar alguém sem apego. Mas talvez a palavra apego não seja entendida. O amor é diferente do apego. No amor nós damos – nós realizamos nossas atividades amavelmente – e isso é inteiramente diferente de apego. O apego não é autorizado. No apego nos tornamos de olhos vendados e egoístas. Em apego, esperamos todo o tempo e nunca estamos satisfeitos e então nos tornamos miseráveis. Não há uma única coisa que possamos dizer que realmente é nossa. Nós podemos ter coisas – e deveríamos aprender a olhá-las apropriadamente – mas não deveríamos tentar possui-las. Em apego, as pessoas ficam com medo. Isso é meu. O que acontecerá comigo se ele morrer. O que acontecerá comigo se ele for destruído? As pessoas permanecem constantemente sob a pressão do medo de perder o que elas têm ou de não ganharem o que querem. Todo o problema do medo surge dessas fontes.

A maioria das pessoas não está ciente de que elas estão numa viagem. Elas têm o hábito de colecionar lixo inútil e ele cria problemas para elas. As pessoas deveriam aprender a entender que as necessidades são diferentes do que queremos e desejamos. Se necessitamos de algo, nós deveríamos tê-lo, mas não deveríamos querer inutilmente ter coisas desnecessárias. Estudando as vidas de grandes pessoas, encontramos que elas compartilhavam uma característica que as fizeram ter sucesso: elas não pegavam o que não necessitavam. Uma vez, quando Buddha estava indo, como era comum, de porta em porta com sua tigela de esmolas pedindo, uma dona de casa gritou com ele, Você é tão saudável, tão forte e tão bonito. Você era um príncipe! Por que você renunciou seu lar e começou a nos causar problemas? Todo dia você vem com sua tigela de esmolas. Isso se tornou demais para nós. Ela estava com muita raiva por que a cidade inteira estava cheia de renunciantes e havia poucos donos de casa; era um problema para os donos de casa alimentar todos os monges. Ela ficou tão zangada que ela pegou um pouco de sujeira e tentou dar-lhe. Ele sorriu e disse, Mãe, eu não necessito disso. Ele começou a ir em seu caminho, mas um de seus díscipulos ficou com raiva e falou para a mulher, Eu vou matar você por ter se comportado assim com meu senhor! O Buddha voltou-se pra ele e disse, Você não é meu discípulo. Você não aprendeu nada comigo. Se alguém quer te dar algo indesejável, não pegue. Se alguém diz que você é mau, não aceite tal sugestão negativa. Nós deveríamos aprender a entender esse ponto e então poderemos passar pelo processo da vida intactos.

Mas ao invés de permanecer inafetadas, as pessoas permitem que seus valores culturais torne-as dependentes de sugestões externas. Nós somos soprados por sugestões o tempo todo e o poder da sugestão é imenso. Se dez pessoas dizem que parecemos doentes, começamos a nos sentir doentes. Se alguém diz Você é uma pessoa feia, seu dia inteiro estará arruinado. Mas se alguém diz Oh, você parece lindo, então você diz Você fez meu dia valer a pena. Você já é lindo, mas se ninguém te aprecia, você não acredita na sua beleza. Você deveria aprender a apreciar e admirar a si mesmo; você deveria aprender a entender e entrar em contato com a beleza que está dentro de você o tempo todo. Você já é lindo como está! Você não precisa dos outros para te dizer que você é lindo. Você não deveria se tornar dependente das opiniões dos outros; você não deveria tentar conhecer a si mesmo por meio dos outros.

Há uma característica muito perigosa nessa cultura: as pessoas se tornam dependentes umas das outras. As pessoas vivem de sugestões; elas são seduzidas por qualquer um que fale. As pessoas têm o hábito de sempre querer e esperar a atenção dos outros e isso é muito perigoso por que a vida se torna totalmente dependente dos outros. Essa é a pior característica que eu tenho visto na cultura ocidental. As esposas resmungam de seus maridos e seus maridos criticam suas esposas por que eles esperam muito uns dos outros. Quando as pessoas se tornam dependentes de seus relacionamentos, quando elas esperam demais de seus relacionamentos, elas são obrigadas a sofrer.

Quando uma garota vai para a escola, o pensamento que constantemente vive em sua mente é que ela encontrará um bom garoto, casará e será feliz. Mas não nenhum bíblia no mundo que diz que casar fará alguém feliz. O casamento não faz ninguém feliz; é apenas um meio para a felicidade na vida e, se isso for entendido, é muito bom. Mas se alguém espera demais e acha que o casamento é a resposta para todas as questões vitais da vida, então essa pessoa encontrará apenas desapontamento. As pessoas crescem com expectativas irreais sobre o casamento e a filosofia do casamento não é ensinada. Qual é o propósito do casamento? Qual é a filosofia de permanecer solteiro? Se uma pessoa não sabe como usar seu tempo positivamente e se ela não tem nenhuma filosofia de vida, então ela se torna pervertida. Aqueles que não estão casados não são felizes e aqueles que estão casados também não estão felizes. O casamento é como uma fortaleza: aqueles que estão dentro não podem sair e aqueles que estão fora estão querendo entrar. Então eu não vi ninguém que esteja feliz. Isso não significa que as pessoas não deveriam casar; a instituição do casamento é muito necessária. Se ela se desfaz, toda a sociedade se desfaz. Isso é uma grande disciplina para a sociedade humana.
Desenvolvendo a atitude apropriada
Qual deveria ser nossa atitude no mundo? Deveria ser que os relacionamentos e todas as coisas do mundo são meios. O mundo nunca deu a iluminação a ninguém, mas ao mesmo tempo é impossível para alguém alcançar a iluminação se não viver no mundo. Que inutilidade! O mundo não dá iluminação e temos que viver no mundo. Portanto, vamos entender que o mundo seria um meio para a iluminação. Há dois modos de usar o mundo para esse propósito: primeiro, você pode ter a atitude que não irá permitir que o mundo te perturbe, tanto que você pode assim obter a iluminação; e segundo, você pode ter a atitude que você pode usar o mundo para te ajudar, tanto que você pode obter a iluminação. Ambas as atitudes deveriam ser aplicadas. Alguém deveria ter as mesmas atitudes com os relacionamentos: Vou me comportar de tal modo com minha esposa e filhos que elas não irão perturbar minha paz interior; Eu me comportarei de tal modo que eles se tornarão utéis para mim e que eles também crescerão.

Você deveria primeiro ter a atitude de aconteça o que acontecer você não será perturbado. De outro modo, quando você consegue alguma coisa, você se torna emocional e desequilibrado e, quando você não obtém alguma coisa, você se torna deprimido e desorganizado. Isso significa que você não tem a atitude apropriada por trás de seu pensamento e comportamento. Grandes líderes como Moisés e Jesus tinham que encarar muitos problemas sérios, mas eles tinham a atitude apropriada. Essa atitude pode ser construída apenas quando você considera todos os relacionamentos no mundo externo e todos os objetos do mundo simplesmente como meios e não como fins. Assim não importa se hoje você espera que alguma coisa se torna seu meio e amanhã você veja que não era. Quando sua atitude em direção ao mundo externo é que todas as coisas do mundo são meios e não perturbações, então você pode encontrar felicidade.

Onde está a felicidade?

Se a felicidade fosse algo externo, os americanos já a teriam. Os americanos têm muitas coisas, mas não são felizes. Muitas pessoas são muito boas com as outras, mas não boas consigo mesmas. Elas têm um modo mecânico de se comportar bem com os outros, mas não sabem como serem felizes consigo mesmas. Elas estão criando um grande conflito, uma divisão de personalidade, por fingir expressar uma felicidade que não está lá. A felicidade não está no mundo externo; não é obtida por meio de objetos. As pessoas gastam sua vida inteira querendo ter isto e tendo aquilo; elas amam os objetos e não podem amar sem objetos. Mas o dia que você aprende a amar sem um objeto, esse será o dia de maior felicidade. Quando alguém aprende a amar a Deus, isso é amor sem um objeto. Deus não é um objeto; Deus está além de todos os objetos. Então, o amor sem um objeto é amor a Deus.

A felicidade reside dentro de você e você deveria aprender a usar todas as coisas e aplicar todos os meios para alcançar a felicidade. Essa felicidade interna está numa forma dormente; você tem que desdobrar-se para experienciá-la. Portanto, você deveria aprender a estar quieto, de modo que a parte divina em você possa revelar-se. Esteja quieto e saiba que eu sou Deus. Que grande promessa! Este é o maior aforismo. Muitos cristãos e Judeus pensam que não há meditação na bíblia, mas esta única sentença revela a completa filosofia da meditação.

Todo ser humano deveria aprender a ser calmo e quieto e ver Deus nos outros. Assim você pode se desapegar da parte não divina e você estará amando a parte divina. Você um brilho de Deus. Eu deveria amar você por que eu deveria amar Deus em você. É bom amar as pessoas por que todo mundo é um templo de Deus. As pessoas não amam as paredes de um templo; seu amor é dirigido para aquilo que habita o templo. Então quem quer que você ame, ame a Deus nessa pessoa.

Eu rezo para a divindade dentro de você.

Mesmo os melhores meditadores têm feridas para curar

Jack Kornfield

(Tradução do inglês: Eanes T. Pereira)

Para a maioria das pessoas, a prática “não serve”. No melhor caso, é uma peça importante de um caminho de abertura e despertar.

Na vida espiritual, eu vejo grande importância em trazer atenção para nosso lado de sombra, aqueles aspectos de nós mesmos e de nossa prática dos quais temos permanecido inconscientes. Como um professor da prática budista de atenção plena conhecida como vipassana, eu naturalmente tenho uma firme fé no valor da meditação. Retiros intensivos podem nos ajudar a dissolver nossa ilusão de separatividade e podem fazer surgir insights admiráveis e certos tipos de curas profundas.

Mesmo assim, a prática de meditação tem suas limitações. Falando sobre essas limitações, eu quero falar não apenas teoricamente, mas diretamente de minha própria experiência e do meu coração.

Algumas pessoas chegam à meditação após trabalharem  com a psicoterapia tradicional. Embora elas achem algum valor na terapia, suas limitações a levam a buscar uma prática espiritual. Para mim, foi o contrário. Enquanto me beneficiei enormemente do treinamento oferecido nos monastérios Thai e Burmês onde pratiquei, notei duas coisas impressionantes. Primeiro, havia areas importantes de dificuldade em minha vida, tais como solidão, relacionamentos íntimos, trabalho, feridas da infância e padrões de medo que mesmo a meditação muito profunda não tocava. Segundo, dentre várias dúzias de monges ocidentais (e grandes quantidades de meditadores asiáticos) que eu conheci durante meu período na Ásia, com poucas notáveis excessões, a maioria não era ajudada pela meditação em grandes áreas de suas vidas. Muitos eram profundamente magoados, neuróticos, assustados, rancorosos e, frequentemente, usavam a prática espiritual para esconder e evitar as suas partes problemáticas.

Quando retornei para o ocidente para estudar psicologia clínica e então começar a ensinar meditação, observei um fenômeno similar. Pelo menos metade dos alunos que viam para retiros de três meses não podia simplesmente executar práticas de “atenção básica” por que eles estavam guardando uma grande quantidade de rancor não resolvido, medo, feridas e negócios não resolvidos do passado. Eu também tive a oportunidade de observar grupos de meditadores de sucesso – incluindo estudantes experientes do Zen e do Budismo Tibetano – que tinham desenvolvido samadhi forte e insight profundo na impermanência e na ausência de ego. Mesmo após muitos retiros intensivos, a maioria dos meditadores continuava a experimentar grandes dificuldades e areas significativas de apego e inconsciência em suas vidas, incluindo medo, dificuldades no trabalho, mágoas de relacionamentos e corações fechados. Eles permaneciam perguntando como viver o Dharma e continuavam retornando para retiros de meditação procurando por ajuda e cura. Mas a própria prática de sentar com sua ênfase na concentração e desapego, frequentemente fornecia um meio de esconder, um meio de, na verdade, separar a mente das areas difíceis do coração e do corpo.

Esses problemas também existem para a maioria dos professores de vipassana. Muitos de nós temos levado vidas muito desintegradas e mesmo após práticas profundas e experiências iniciais de “iluminação”, nossa prática sentada ainda deixa areas importantes de nosso ser inconscientes, medrosas ou desconectadas. Muitos professores americanos de vipassana estão agora, tem estado recentemente, em psicoterapia para lidar com esses problemas.

Também deveria ser notado que a maioria dos mais de 20 maiores centros de prática Zen, Tibetana, Hindu e vipassana na América tem observado importantes perturbações, centradas nos próprios professores (tanto asiáticos quanto ocidentais), relacionadas com poder, sexo, honestidade e uso de intoxicantes. Algo está pedindo para ser questionado aqui. Se nós queremos encontrar a liberação verdadeira e a compaixão o que podemos aprender disso?

Algumas conclusões úteis de nossa prática

  1. Para muitas pessoas, a prática de meditação não funciona. No melhor caso, é uma peça importante de um caminho complexo de abertura e despertar. Eu costumava acreditar que a meditação levaria a verdades mais elevadas e universais e a psicologia, a personalidade e nossos “pequenos dramas” eram um reino inferior e separado. Eu queria que funcionasse dessa maneira, mas a experiência e a natureza não-dual da realidade não deu suporte a isso. Se queremos acabar o sofrimento e alcançar a liberdade final, nós não podemos manter esses dois níveis de nossas vidas separadas.
  2. Os vários compartimentos de nossas mentes e corpos são apenas semi-permeáveis à consciência (awareness). A ciência de alguns aspectos não leva automaticamente a outro aspecto, especialmente quando nosso medo e ferimentos são profundos. Isso é verdade para todos nós, professores e alunos. Então, nós frequentemente encontramos meditadores que são profundamente cientes da respiração e do corpo mas são quase totalmente inconscientes dos sentimentos e outros que entendem a mente mas não tem sabedoria na relação com o corpo. A atenção plena funciona apenas quando desejamos dirigir nossa atenção para todas as areas de nosso sofrimento. Isso não quer dizer ser pego em nossas estórias pessoais, como muitas pessoas temem, mas aprender como resolvê-las de modo que possamos realmente nos libertar dos grandes blocos dolorosos de nosso passado. Tal trabalho de cura é frequentemente melhor realizado em um relacionamento terapêutico com outra pessoa.
  3. A meditação e a prática espiritual podem facilmente ser usadas para suprimir e evitar sentir ou escapar de areas difíceis de nossas vidas. Nossas mágoas são difíceis de tocar. Muitas pessoas resistem às raízes pessoais e psicológicas de nosso sofrimento; há tanta dor na experiência real de nossos corpos, nossas estórias pessoais, nossas limitações. Pode ser até mesmo mais difícil do que encarar o sofrimento universal que surge durante a prática sentada. Tememos o pessoal e sua mágoa por que não aprendemos como ele pode ser servir como nossa prática e como pode abrir nossos corações. Precisamos olhar para nossa vida inteira e perguntar a nós mesmos. “Onde estou desperto e o que estou evitando? Eu uso minha prática para esconder? Em quais áreas estou consciente e onde estou com medo, preso ou não livre?”
  4. Há muitas áreas de crescimento (mágoa e outras coisas mal resolvidas, comunicação e amadurecimento de relacionamentos, sexualidade e intimidade, carreira e outros problemas, certos medos e fobias, feridas antigas e mais) onde uma boa terapia ocidental é por inteiro mais rápida e mais eficiente do que a meditação. Esses aspectos cruciais de nosso ser não pode apenas ser eliminado como “coisas de personalidade”. Freud disse que queria ajudar as pessoas a amar e trabalhar. Se não podemos amar bem e dar trabalho significativo à terra, então para que servirá nossa prática espiritual? A meditação pode ajudar nessas áreas. Mas se, após sentar por um tempo, você descobrir que ainda tem trabalho a fazer, encontre um bom terapeuta ou algum outro meio para lidar efetivamente com esses problemas. De fato, há muitos terapeutas mediocres e muitos tipos limitados de terapia. Assim como na meditação, você deveria procurar o melhor. Além das psicoterapias tradicionais dos anos 40 e 50, muitos novos terapeutas tem se desenvolvido como uma base espiritual forte tal como psicossíntese. O trabalho de respiração Reichiana, brincadeira com areia e uma grande série de terapias transpessoais. A melhor terapia, como a melhor prática de meditação, usa a consciência para curar o coração e está não está muito preocupada com nossas estórias, assim como medo e apego e sua liberação e nem como trazer atenção para areas de delusão, avidez e sofrimento desnecessário. Alguém pode, às vezes, encontrar as realizações mais profundas de ausência de ego e não-apego através de alguns métodos de psicologia transpessoal.
  5. Isso significa que deveríamos trocar a meditação por psicoterapia? De modo algum. A terapia também não é a solução. A consciência é! E a consciência cresce em espiral. Se você busca liberdade, a coisa mais importante que eu posso te dizer é que a prática espiritual sempre se desenvolve em ciclos. Há períodos interiores quando o silêncio é necessário, seguido de outros períodos de vida e integração das realizações silenciosas, assim como períodos para obter ajuda de um relacionamento profundo e terapêutico com outra pessoa. Essas são fases igualmente importantes de prática. Não é uma questão de primeiro desenvolver um “self” e então seguir sem ele. Mas ambos vão juntos o tempo todo. Qualquer período de prática pode incluir samadhi e quietude, seguidos por novos níveis de experimentar feridas e história familiar, seguido por grandes períodos de deixar passar, seguido por mais problemas pessoais. É possível trabalhar com todos os níveis no contexto de uma prática espiritual. O que é necessário é a coragem para encarar a totalidade do que surge. Apenas assim podemos encontrar a cura profunda que buscamos – para nós mesmos e para nosso planeta. Em resumo, temos que expandir nossa noção de prática para incluir toda a vida. Como as figuras Zen de pastoreio de vacas, a jornada espiritual nos leva fundo na floresta e nos trás de volta para o mercado de novo e de novo, até que sejamos capazes de encontrar a compaixão e a certeza da liberação do coração em todos os reinos.

Esclarecendo Equívocos sobre o Yoga

Nas últimas décadas tem havido um grande alarde por parte dos meios de comunicações em torno de práticas ditas transcendentais ou de medicina alternativa. A atenção do ocidente se voltou para práticas como Yoga e Meditação devido a vários fatores e a vários nomes tanto do Hinduísmo como do Budismo. Em especial, podem ser citados como propagadores de tais conceitos: o Movimento para a Consciência de Khrishna (conhecido popularmente como Movimento Hare Khrishna), os Encontros Mind and Life e o movimento de propagação da meditação Mindfulness (atenção plena). Some-se a esses movimentos, a grande quantidade de artistas famosas que dizem praticar alguma atividade relacionada com Yoga ou meditação.

Como pode acontecer com qualquer conhecimento advindo de uma cultura diferente, o Yoga está envolto em uma série de pré-conceitos (idéias pré-concebidas). Um dos maiores erros que alguém pode cometer em relação ao Yoga é caracterizá-lo como a realização de contorcionismos e posturas acrobáticas. Isso ocorre por culpa dos próprios Yoguis (pelo menos de alguns). A realização de posturas específicas, chamadas de Asanas, e muitas delas incomuns para o ocidente é apenas um dos fatores que caracterizam o Yoga.

A palavra Yoga possui vários significados, mas todos eles levam ao sentido de união. Assim, podemos dizer que Yoga é uma metodologia prática para alcançar a união. No texto clássico sobre o tema, o Yoga Sutra de Patañjali, o Yoga é descrito como uma metodologia para controlar, acalmar e equilibrar a mente. Esse Yoga descrito por Patañjali ficou conhecido por Raja Yoga (Yoga Real) ou Ashtanga Yoga (Yoga de Oito Membros). O Yoga de Patañjali é composto por oito membros agrupados em dois grupos. Membros externos: obrigações éticas, proibições éticas, exercícios respiratórios e execução de posturas físicas. Membros internos: abstenção dos sentidos, concentração, meditação e união.

Após verificarmos a existência de dois grupos de técnicas, pode ficar mais claro o motivo da caracturização do Yoga no ocidente. Em primeiro lugar, dos membros externos o que se sobressai são as posturas físicas. As posturas físicas chamam a atenção devido às dificuldades que muitas pessoas têm para executá-las. No ocidente, geralmente se diz que alguém está praticando meditação quando ele está sentado imóvel e de olhos fechados. Mas como foi mencionado anteriormente, para o Yoga, meditação é algo bem específico.

Outro fator que pode chamar a atenção é que um dos membros do Yoga é sinônimo de Yoga. Veja que primeiro foi afirmado que Yoga significa união e depois que o oitavo membro do Yoga se chama união. Na verdade, esse é um problema do nosso idioma que não possui uma palavra mais adequada para traduzir o significado de Samadhi, que é o oitavo membro do Yoga. Samadhi, é uma técnica e é um estado. É um estado em que o praticante alcança o objetivo do Yoga. Assim, também pode-se dizer que o objetivo do Yoga não é ficar em forma, nem emagrecer, nem aumentar as habilidades de concentração. O objetivo do Yoga é Yoga. Embora, todos os benefícios mencionados possam ser obtidos, mas, de certa forma, como um efeito colateral positivo. Neste ponto, devemos enfatizar que um dos objetivos do Hatha Yoga (que é outro tipo de Yoga, mas que possui grande intercessão com o Raja Yoga) propagados por grandes Yoguis é alcançar um corpo indestrutível como o diamante.

Os equívocos sobre o Yoga são tão grandes que até professores famosos de Yoga não sabem, ou não falam sobre, do fato de que as técnicas mais enfatizadas no Yoga são técnicas internas. Isso quer dizer que mesmo as práticas vistas como exercícios físicos, na verdade, exigem trabalho mental. Além disso, o Yoga abrange toda a vida do praticante comprometido. Pois, indica formas de conduta que poderão causar grandes impactos positivos na sua prática e na sua vida. Esse tipo de equívocos tem levado, por exemplo, pessoas que praticam Yoga a procurar outros caminhos espirituais para aprender a meditar achando que o Yoga é apenas físico. Não há nada demais em procurar outros caminhos espirituais, o que é equivocado é pensar que o Yoga é carente de práticas meditativas.

Um último equívoco comum que podemos mencionar é achar que Yoga é religião. Esse problema é mais cultural, pois no ocidente geralmente associamos qualquer grau de espiritualidade com religiosidade. Mas são duas coisas bastante diferentes. O Yoga é um caminho espiritual, mas não é uma religião. Afinal, o que há de religioso em pacificar as turbulências mentais?