Propriedades do Fluxo Mental – Aflições mentais segundo o Yoga.

Breve conversa sobre as “cores” dos pensamentos, ou propriedades do fluxo mental segundo o Yoga.

Curso: Viver em Yoga

Atualmente, é comum o Yoga ser divulgado como uma prática dividida em  exercícios físicos, meditação, respiração, etc. Com essa visão, o praticante pode ser levado a pensar que o Yoga se pratica apenas quando está em seu tapetinho de ásana ou está sentado em sua almofada de meditação. Isso pode causar problemas de entendimento, levando o praticante a se tornar uma pessoa desintegrada, incapaz de associar os benefícios recebidos durante as práticas com a sua vida fora da aula de Yoga. Neste curso, serão abordados temas fundamentais para que o praticante de Yoga possa integrar sua prática à sua vida. O objetivo deste curso é trazer ensinamentos e técnicas que se praticadas adequadamente levarão o praticante a experimentar Uma Vida em Yoga.

Ementa. O problema fundamental do sofrimento humano; Tattvas e meditações associadas; Introdução aos Yoga Sutras de Patanjali; Introdução à Meditação Tântrica. Como integrar os ensinamentos do Yoga à sua vida pessoal.

Textos que serão usados como base: Yoga Sutras de Patanjali; Samkhya Karika; Tripura Rahasya; Vijnana Bhairava Tantra; Svabodha Manjari.

Modo de Funcionamento. Aulas online, uma vez por semana com duração de uma hora. As aulas ficarão gravadas por uma semana. A cada semana serão passadas atividades práticas/teóricas para os participantes realizarem e discutirem os resultados na aula seguinte. Serão disponibilizados áudios com meditações guiadas. Serão disponibilizados materiais em PDF sobre os temas abordados. Haverá 2 retiros em fins de semana a serem combinados, online ou presencial (a ser definido).

Início. Fevereiro de 2021.

Duração. 40 semanas.

Sobre o professor. Eanes Torres é praticante de Yoga/Meditação há mais de 13 anos. Fez o curso de formação de professor de Yoga com a equipe Shri Yoga Devi. É aluno do Instituto Vishva Vidya (Vedanta, Sânscrito e Mantras) desde 2015. Tem feito vários cursos e treinamentos sobre Tantra com o professor Hareesh Wallis.

As vagas são limitadas, para reservar a sua vaga você deve fazer a transferência do valor da inscrição (216 reais) até o dia 20 de janeiro de 2021. Entre em contato pelo e-mail ciencia.contemplativa.cg@gmail.com para obter mais detalhes.

Live: O que é Ciência Contemplativa

Neste vídeo explicamos detalhadamente: o que é Ciência Contemplativa e de onde surgiram as tentativas de provar cientificamente que meditação e Yoga fazem bem pra saúde.

Durante o período de isolamento, estamos transmitindo ao vivo todo sábado às 07:00 da manhã.

Esta foi a Live #2

Seria o “Kundalini Yoga” uma Invenção de Yogi Bhajan?

Philip Roland Deslippe argumenta que o “Kundalini Yoga” foi uma montagem criada por Yogi Bhajan e derivada dos ensinamentos sobre Hatha Yoga de duas pessoas: Swami Dhirendra Brahmachari e o Maharaj Virsa Singh.

Este texto é um resumo adaptado do artigo From Maharaj to Mahan Tantric – The Construction of Yogi Bhajan’s Kundalini Yoga, publicado em 2013 por Philip Roland Deslippe. O artigo pode ser acessado neste link. Antes de apontar alguns trechos do artigo que me chamam a atenção eu gostaria de esclarecer três coisas:

  1. Kundalini é um termo do Yoga Tântrico que não é propriedade de ninguém. As práticas de Yoga que têm como objetivo despertar a Kundalini podem ser chamadas de Kundalini Yoga e não têm nada a ver com Yogi Bhajan.
  2. Eu não sou contra a prática de Kundalini Yoga do Yogi Bhajan, inclusive tenho amigos que dão alunas desse Yoga e eu já pratiquei algumas vezes e gostei.
  3. Em geral, se diz que práticas tântricas exigem a transmissão de um guru e que professores de tantra fazem parte de uma linhagem. O problema é alguém não pertencer a linhagem nenhuma e querer forçar a barra inventando linhagem.

Vamos ao artigo.

Logo no Abstract, Deslippe mostra a que veio e afirma que o objetivo do artigo é argumentar que o “Kundalini Yoga” foi uma montagem criada por Yogi Bhajan e derivada dos ensinamentos de duas pessoas: Swami Dhirendra Brahmachari e o Maharaj Virsa Singh.

Segundo Deslippe, nas aulas de Kundalini se canta o mantra “Ong Namo Guru Dev Namo” com a motivação de se conectar com a suposta tradição de mestres de Kundalini Yoga. Essa tradição teria como elo anterior a Yogi Bhajan o mestre Sant Hazara Singh. Porém, quando essa linhagem é investigada encontram-se registros históricos que relatam uma viagem que Yogi Bhajan fez com 84 de seus alunos para a Índia. Os relatos da viagem são, segundo Deslippe: revelação de professores abandonados e esquecidos, figuras inventadas e um processo de narração e criação de mitos nascidos de necessidade pragmática.

Um fato curioso é que quando Yogi Bhajan começou a ensinar Kundalini Yoga em Los Angeles ele não mencionava Sant Hazara Singh, ao invés disso ele se referia a Virsa Singh como seu professor. Mas embora a recitação do mantra “Naam of Ek Ong Kar Sat Nam Siri Wahe Guru” ensinado por Virsa Singh seja essencial para os alunos de Yogi Bhajan, os elementos típicos da prática não vieram de Maharaj Virsa Singh, mas sim do yogi hindu chamado Swami Dhirendra Brahmachari. O diretor do asharam, Vanmala Vachani, onde Yogi Bhajan teve aulas com Swami Dhirendra Brahmachari o descreve como alguém que frequentava as aulas mas que não era muito próximo do professor nem seu ajudante (acólito).

O Swami Dhirendra Bramachari era visto como um professor de Hatha Yoga, mas o principal texto que seguia era o Sukshma Vyayama, um texto que trata principalmente de práticas sutis para limpeza de nadis e sistemas glandulares. Percebe-se que grande parte do que é ensinado como Kundalini Yoga de Bhajan provém dos pranaymas e bandhas ensinados no Sukshma Vyayama.

Deslippe afirma que no início, os ensinamentos de Yogi Bhajan eram um mistura do que ele aprendeu com Swami Dhirendra Brahmachari e Maharaj Virsa Singh e mantras e cânticos derivados do Sikhismo. À medida que a mistura foi sendo transformada por Yogi Bhajan algumas coisas foram adaptadas para “os jovens americanos”. Por exemplo, Maharaj Virsa Singh não acreditava no Yoga como um caminho espiritual e seus seguidores não praticavam nenhuma forma de Yoga físico. De modo similar, os ensinamentos de Swami Dhirendra Brahmachari eram dados no contexto do código de conduta da Hatha Yoga Pradipika, o que incluia abstência sexual e não ingestão de cebola e alho. Além disso, havia serias desconexões entre o que Yogi Bhajan ensinava e o que ele clamava que seus professores lhe haviam ensinado.

Uma viagem que um grupo de alunos fez com Yogi Bhajan para a Índia acabou tendo uma série de mudanças de última hora e acabou se transformando numa viagem focada em Sikhismo sem que as pessoas tivessem sido avisadas antes. A viagem para a Índia acabou com Yogi Bhajan sendo detido por defraudar um homem chamado Amarjit Singh e o grupo voando do país após serem parados no aeroporto. Após retornarem da viagem fracassada, Yogi Bhajan anunciou que tinha recebido o “manto” de “Mahan Tantric”. Após a viagem da década de 1970 todas as influênciasque Yoga Bhajan clamava ter em relação à linhagem tornaram-se inacessíveis, as figuras de Guru Ram Das e Sant Hazara Singh tornaram-se centrais e qualquer referência a Maharaj Virsa Singh eram dirigidas às figuras centrais ou ao próprio Yogi Bhajan.

Apesar da figura de Sant Hazara Singh ter se tornado central, parece improvável que tal pessoa tenha existido sem que existisse alguma documentação sobre ela em algum lugar.

O aspecto mais significativo da histórica escondida sobre a Kundalini Yoga de Yogi Bhajan é o problema epistemológico da fundação do entendimento da 3HO sobre o que é Kundalini Yoga e sua própria linhagem. Uma dimensão do papel de Yogi Bhajan como filtro de conhecimento nos anos iniciais da 3HO eram as barreiras de linguagem, cultura e experiência pessoal.

21 de Junho – Dia Internacional do Yoga

A data do solstício de inverno/verão foi escolhida para comemorar o dia internacional do Yoga.

Se fôssemos procurar um significado para Yoga no dicionário, provavelmente, a palavra com maior probabilidade de ser escolhida seria união. No entanto, o Yoga não pode ser definido com uma palavra devido a ampla variedade de manifestações do Yoga no mundo. Com certeza, a maioria das pessoas definem os fenômenos e objetos de acordo com o que vem ou experienciam com seus órgãos dos sentidos. Assim, provavelmente, se falarmos de Yoga para alguém, essa pessoa trará à sua mente os ásanas ou posturas físicas do Yoga como sendo uma representação válida do que é Yoga.

Podemos dizer que o Yoga é um fenômeno espiritual presente em formas variadas na maior parte das religiões do mundo. Porém, foi no seio da tradição indiana que o Yoga atingiu o auge de seu esplendor. O Yoga é uma atividade prática, isso não podemos negar. Mesmo que tal prática seja feita apenas com a mente, no caso da meditação, ou com a fala, no caso de mantras e cânticos.

O Yoga pode ser entendido como uma abordagem prática que leva o praticante a conhecer a si mesmo, a se conectar com a realidade à sua volta e com a natureza. Pensando nesse aspecto de conexão com a natureza, o dia internacional do Yoga foi criado. Pois ele é comemorado no dia do solstício de inverno no hemisfério sul (ou de verão no hemisfério norte). Outro fator que explica a conexão do Yoga com os fenômenos naturais é a cultura de onde ele provém. Na Índia, se observa o calendário lunar. Muitas datas importantes são comemoradas de acordo com as fases da lua e com a posição dos astros.

Esse esforço de se sintonizar com os fenômenos da natureza pode nos ajudar em nosso processo de expansão e de conexão com as forças da natureza. Aqui, vemos que o Yoga não é capaz de nos levar apenas “para dentro”, mas “para fora” também. Mas esse “para fora” é saudável, não é um para fora sintético como a tecnologia tem feito com nossa atenção.

Hoje, há uma guerra sendo travada pelos meios de comunicação para conquistar nossa atenção. Isso faz com que o nosso fluxo mental esteja o tempo todo sintonizado com a tela que está à nossa frente. Isso nos impede de prestar atenção em nossas necessidades internas, nos impede de pensar sobre problemas que precisamos resolver e impede, até mesmo, de irmos ao banheiro e tomar água com mais frequência. Ou o contrário, a tecnologia pode nos lançar num ciclo de ansiedade enorme devido à grande quantidade de informação que “devemos” consumir e que nunca dá tempo, pois sempre há mais seriados e canais online para ver do que o tempo que temos disponível.

Atualmente, o Yoga pode ser a válvula de escape que precisamos para nos observarmos, para ouvirmos as necessidades do nosso corpo e de nossa mente, para entrar em contato com a natureza em práticas que ocorrem em parques. O Yoga pode ser a desculpa que você estava precisando para desligar o celular (por que, afinal de contas, ele poderia tocar durante a meditação).

Diante do exposto, podemos perceber que união é uma palavra muito simples para representar o Yoga. Pois, dependendo do contexto, o Yoga pode representar até desunião. Desunião da sua atenção com a tela do computador, por exemplo. Yoga pode representar a capacidade de realizar uma tarefa habilidosamente e com dedicação. Portanto, você não precisa praticar “Yoga” para praticar Yoga.