Chaves para uma vida de sucesso – Swami Rama

As chaves para a felicidade residem dentro de nós, mas nossa educação moderna não nos ensina como encontrá-las.

Todas as pessoas querem ter sucesso na vida, mas onde estão as chaves para o sucesso? Nós temos que sair e procurar as chaves ou já temos esses potenciais dentro de nós? Quando começamos a examinar a vida, podemos ver que ela está dividida em dois aspectos — a vida dentro e a vida fora; a vida interna e a vida externa – e podemos ver que esses aspectos são de igual importância. Mesmo se nós tivermos renunciado o mundo, ido para longe da civilização e vivermos fazendo nada mais que meditar, não podemos ignorar a vida externa. Nós ainda temos que ver que comemos, fazemos nossas abluções e realizamos nossas práticas a seu tempo. Então, a vida no mundo externo é tão importante quanto a vida no mundo interno. Mesmo uma pessoa que renunciou o mundo tem que entender a palavra relacionamento adequadamente, por que a própria vida é na verdade um relacionamento. O corpo está relacionado à respiração e a respiração está relacionada à mente. O corpo, a respiração, os sentidos e a mente todos funcionam juntos como uma unidade. Então, a vida virtualmente significa relacionamento e assim a arte de viver e ser requer um entendimento dos próprios relacionamentos com o mundo externo e com os próprios mundos internos.
Todos os seres humanos têm potenciais internos, mas muitas pessoas não estão cientes desses potenciais e não sabem como usá-los para ter uma vida de sucesso. Aqueles que não são felizes internamente podem nunca ser felizes externamente; aqueles que não são felizes dentro de si mesmas podem nunca fazer os outros felizes. Aqueles que não amam a si mesmos nunca podem amar os outros. Se não somos felizes, como poderemos ter uma vida de sucesso? O sucesso reside em nossa felicidade. As chaves para a felicidade residem dentro de nós, mas nossa educação moderna não nos ensina como encontrá-las. É útil ter algumas fórmulas para praticar na vida diária para dar-lhe mais sucesso. Eu não criei essas fórmulas; elas são derivadas de observações fundamentadas em experiência. Há cinco pontos a lembrar: primeiro, como tomar decisões a tempo; segundo, como estudar os padrões de hábitos pessoais; terceiro, como conduzir a nós mesmos no mundo externo; quarto, que atitude tomar; quinto, onde encontrar felicidade. Para alcançar o sucesso na vida, a pessoa deveria aprender e aplicar esses cinco pontos.

Tomando decisões a tempo
O primeiro ponto a entender é a filosofia e ciência da decisão – como tomar decisões a tempo. A pessoa de maior sucesso é que sabe como tomar decisões a tempo. Há muitas pessoas extraordinariamente brilhantes que entendem as coisas muito rapidamente, mas quando chega o momento de tomar uma decisão, quando uma oportunidade surge, elas se afastam e não são capazes de agir. Elas não sabem como decidir. Elas sabem que deveriam aprender a decidir a tempo, mas não o fazem. Elas sempre dizem Bem, eu sei disso. Eu entendo a importância, mas eu não tomo uma atitude a tempo. Embora elas possam pensar corretamente e precisamente entenderem a situação, elas repentinamente perdem a confiança. Este é um mundo de competição; outra pessoa está sempre tentando obter a mesma coisa que nós. Então, se não decidirmos a tempo, outra pessoa obterá o que queremos. O tempo é valioso no mundo externo. Um bambu jovem pode ser facilmente dobrado, mas se tentarmos dobrar um bambu maduro, ele se quebrará. Isso é o que temos que fazer hoje, não devemos postergar para amanhã, mas também não devemos tomar decisões na pressa.
Podemos ter um contratempo se tomarmos uma decisão incorreta, mas nossos erros nos ensinarão. Muitas pessoas evitam tomar decisões durante toda a vida, assim sua faculdade mental decisória, a faculdade de discriminação, torna-se enferrujada e morre. Tais pessoas tornam-se totalmente dependente dos outros. Quando estudamos as quatro funções da mente – buddhi, a faculdade de decisão; ego, o princípio de identidade; chitta, o depósito de impressões; e manas, o importador e exportador de sensações e experiências – então tornamo-nos cientes do poder da vontade. O poder de vontade é aquela coisa dentro de nós que vai em frente e diz Faça isso. Será útil para você. O treinamento das funções internas nos ajuda a entender a faculdade mental de decisão, sem a qual não pode ter sucesso.
Devemos entender nossas capacidades e potenciais e assim devemos nos expressar no mundo externo com total confiança, agir sem quaisquer reservas. Assim, há três passos para realizar uma ação: primeiro, formar uma opinião dentro de nós mesmos; segundo, epxressar nossa opinião aos outros; e terceiro, executar nossa opinião em ação.

Entendendo os padrões de hábitos
A coisa principal que alguém deveria aprender na vida – e isso não é ensinado em casa ou nas escolas – é a auto-análise. Nós deveríamos aprender a nos analisar. Se nós realmente queremos entender nós mesmos, podemos analisar nossa personalidade entendendo nossos hábitos. Isso não é difícil. Deveríamos simplesmente tentar estar conscientemente cientes de toda ação que realizamos e entender que nossas ações são virtualmente nossos pensamentos. Sem pensamento não pode haver ação. Os padrões de hábitos e pensamentos são revelados através do comportamento.
Há um ramo da psicologia chamado behaviorismo que é fundamentado nesse conceito. Mas alguém deveria entender que o comportamento externo apenas não pode revelar tudo sobre uma pessoa. A risada, por exemplo, não pode ser analisada comportamentalmente. Se estiver prester a rir, você também rirá comigo simplesmente por que eu estava rindo mas sem entender por que. Sua risada é por pura reação. Assim, você deveria rir uma segunda vez, desta vez de você mesmo por que você não entendeu por que estava rindo e mesmo assim riu. Você também deveria rir uma terceira vez por que finalmente entendeu de que eu estava rindo e você agora também acha isso engraçado. Todas as três vezes que você riu pareceria o mesmo para os outros, mas a cada tempo teve um motivo diferente. Assim, estados internos não podem ser entendidos apenas por meio da análise de comportamento. Apenas uma pequena parte de alguém e dos outros pode ser entendida através da observação do comportamento. Mas conhecer nossos padrões de hábitos pode nos ajudar a analisar e entender nossa personalidade.
O que é a personalidade? A palavra personalidade vem da raiz persona, que signifca máscara. Nossa personalidade é uma máscara que vestimos. Nós não temos que vestir uma máscara quando estamos sozinhos; nós usamos uma máscara para nos expressar para os outros. Nossa personalidade é um personagem e esse personagem é composto de certos hábitos. Cada um de nós tem numerosos hábitos; então quando queremos entender nossa personalidade, devemos entender nossos padrões de hábitos. Um padrão de hábito é um pensamento consciente ou ação que alguém repete repetidamente. Isso cria um entalhe na mente inconsciente e forma um hábito inconsciente. Os hábitos inconscientes são mais fortes do que os hábitos conscientes. Todos os padrões de hábitos são auto-criados. Quando sentamos e tentamos entender qual de nossos hábitos controla nossa vida, vemos que há muitos hábitos profundamente enraizados dentro de nós. Nós deveríamos aprender a estudá-los. Uma vez que nos tornamos cientes dos pensamentos perigosos e emoções que têm criado ranhuras profundas na mente, podemos começar a mudá-los criando novas ranhuras. Então, a mente parará de fluir para as ranhuras antigas e começará a fluir para as novas. Deste modo podemos mudar nossos hábitos.

Você também deveria aprender a executar suas intenções. Por exemplo, muitas pessoas têm intenções muito boas para fazer algo ótimo para seus vizinhos e elas pensam sobre isso o tempo todo, mas então esses pensamentos nunca são executados, eles nunca são permitidos de se tornarem ações. Nós temos muitos pensamentos que nunca foram executados e é por isso que somos miseráveis. Se aprendermos a selecionar esses pensamentos que são utéis e então nos permitirmos executá-los, isso trará realização e a vida será feliz. Criamos miséria para nós mesmos quando não trazemos nossos bons pensamentos em ação. Um dos escritores franceses tem explicado esse conselho lindamente: Todos os pensamentos bons que não são trazidos à ação são traição ou aborto. Os bons pensamentos são aqueles que ajudam os outros e que também nos ajudam. Os maus pensamentos são aqueles que obstruem nosso progresso e criam barreiras para os outros.
Os hábitos profundamente estabelecidos podem te impeder de fazer aquilo que você sabe que seria bom pra você fazer. Você torna-se desamparado por causa das obsessões e vícios que são causados por seus hábitos. Você pode continuar num hábito que você sabe que não é bom – que não é bom para sua saúde nem útil e que não deveria ser feito – por que o hábito se tornou tão profundamente enraizado que você é impotente para mudar seu comportamento. A sociedade não ajuda você a mudar seus maus hábitos e há poucos lugares onde você pode obter ajuda. Muitas pessoas que estão na penitenciária sabem que o que elas fizeram é um crime, mas a força do hábito as levou a agir inapropriadamente. Suas faculdades de discriminação dentro das funções – seu entendiemnto d que é certo e do que não é certo – mas seus hábitos profundamente estabelecidos as têm motivado a fazer algo que não é bom, que não é aceitável. Na verdade, ninguém deveria ser considerado uma pessoa boa ou má. Na lei tradicional inglesa, quando alguém era punido, era-lhe dito: Não estamos punindo você por você mesmo. Estamos punindo você por seus maus hábitos.

Controlando os impulsos primitivos
Os padrões de hábitos são motivações muito fortes na vida; não deveríamos os ignorar. Nós não deveríamos criar um mecanismo de defesa e dizer: Bem, e daí se eu tiver esse hábito? Nós deveríamos aprender a estudar nossos padrões de hábitos e trabalhar com nossos hábitos para mudá-los. Há pouquíssimos padrões de hábitos básicos e eles surgem das quatro fontes: comida, sexo, sono e auto-preservação. Entendendo essas quatro fontes, podemos entender nossos padrões de hábitos e então podemos aprender a mudá-los e transformar nossa personalidade.

A comida é o primeiro impulso básico. Se um marido diz a sua esposa Não coma demais, ela pode dizer: Eu como demais por sua causa. Você não presta atenção em mim, então eu tenho que comer demais. Às vezes, quando o apetite sexual não é cuidado apropriadamente, as pessoas comem demais. Essa é a lei universal da compensação. Se nós mantemos uma dieta nutritiva, não teremos qualquer problema da fonte primitiva chamada comida. A comida passa pelo corpo e então afeta a mente, mas o sexo se origina na mente e então é expresso no corpo. Se nossa mente é equilibrada e alcançamos a maturidade emocional, então podemos lidar competentemente com o impulso do sexo. Pois é a mente, não o corpo, que lida com o sexo. O pobre corpo não pode lidar com a precipitação, a inundação, da mente e assim quase ninguém está feliz sexualmente. Para ter uma vida sexual equilibrada, a pessoa deveria entender que uma mente calma, tranquila, é muito útil.

O sono é outra fonte primitiva. Nos consideramos extremamente conhecedores e altamente avançados, mas não sabemos nada sobre como dormir. É muito importante entender a anatomia do sono. Se você quisesse ir dormir agora, você não poderia conseguir por que você precisa de muitas acomodações para criar uma atmosfera apropriada para o sono, mas os yoguis sabem como dormir voluntariamente, permanecer conscientes, e então acordarem no momento exato que ees tinham determinado que iriam. As pessoas vão dormir apenas por hábito, mas deveríamos aprender a treinar nossa vontade de modo que dormíssemos ou acordássemos em qualquer momento que quiséssemos. E quando dormíssemos, deveríamos estar conscientes. Isso é possível. Há métodos para dormir profundamente, registrando o que está ocorrendo ao redor e então acordor e lembrar-se. Os Yoguis sabem esses métodos e os têm demonstrado cientificamente. As pessoas não precisam dormir tanto quanto costumam. Podemos ir ao estado de sono por apenas duas horas e acordar totalmente revigorados. Isso tem sido observado por cientistas que têm feito pesquisas sobre a anatomia do sono. Se soubermos como dormir, pode dar descanso completo ao corpo e à mente consciente à qualquer instante.

A quarta fonte é a auto-preservação. O modo vem do impulso por auto-preservação e quando os medos são aprofundados eles criam fobias. As pessoas estão sempre tentando proteger a si mesmas; elas estão sempre com medo. É bom proteger-nos do mundo físico, mas não é bom nos proteger do mundo mental – isso é muito perigoso. As pessoas deveriam aprender a encarar seus medos internos e a entender por que estão com medo. As pessoas sempre querem evitar as coisas não prazerosas e assim nunca examinam seus medos. Isso é por que elas têm inumeráveis medos dentro delas. A maioria dos medos não são examinados e eles são imaginários; eles não são válidos. Meu marido não vem para casa. Talvez ele tenha tido um acidente. Talvez algo ruim tenha acontecido! Por que imaginar apenas o negativo; por que não imaginar o positivo também? Meu marido não veio para casa. Talvez ele tenha ganhado na loteria hoje. Talvez ele tenha se tornado milionário! As pessoas estão no hábito de criar medos imaginários e quando eles não se tornam verdade, elas os esquecem. Elas não voltam e analisam aqueles medos. Mesmo quando as pessoas sabem que seu medo é imaginário, o medo auto-criado ainda as torna miseráveis.

Mesmo quando as pessoas estão apaixonadas, estão com medo do amado. Talvez ela esteja com raiva. Talvez eu tenha feito algo errado e a tornado triste. As pessoas também estão sempre com medo de seus inimigos. As pessoas forma um hábito forte de estarem com medo de tudo. Mas quando elas aprendem a examinar seus medos, elas entendem que todos os medos são imaginários. Imaginário significa que há uma imagem dentro. Nós recebemos uma imagem de fora, de nosso relacionamento, e então criamos uma imagem dentro. nós temos milhões de imagens dentro de nós. Para ser livre de todos os medos, devemos aprender a encarar imagens amedrontadoras e examiná-las. Os medos são extremamente perigosos, mas são todos auto-criados. Aprender a viver livres dos medos que surgem do impulso de auto-preservação é muito importante.

Vivendo no mundo externo
Como alguém pode viver com sucesso no mundo externo? É muito difícil viver no mundo externo, colocar-se no mundo, lidar com os desejos de muitas pessoas, agradar a todos. Então é útil ter alguns princípios para aplicar às várias situações e circunstâncias que nos encontramos envolvidos. Assim, sozinhos é possível para nós termos sucesso. Nós temos numerosas experiências todos os dias – algumas agradáveis, algumas desagradáveis. Mas há uma categoria de experiência pela qual esperamos: o tipo de experiência que nos guia, que nos motiva a fazer algo útil para os outros e para nós mesmos. Mas tais experiências são muito raras.

Gastamos nosso tempo e energia. Mesmo o tempo e energia que pensamos que estamos investindo em prazer não estamos aproveitando, por que não sabemos realmente como aproveitar as coisas do mundo. Mas podemo aprender como fazer isso; todas as coisas do mundo podem ser aproveitadas. Os renunciantes dize, Seu mundo não tem nada. Não é um bom mundo. Todas as coisas são flutuantes, todas as coisas mudam. Todas as coisas são momentâneas e nada faz você feliz. Por que você está nesse mundo? Por que você não renuncia? Mas eles estão errados. Nós podemos viver no mundo e aprender a usar as coisas do mundo como meio. Como São Bernardo disse, Aprenda a usar as coisas do mundo mas ame apenas a Deus. As coisas do mundo não deveriam ser amadas. A natureza delas deveria ser entendida e elas deveriam se tornar meios, mas não deveriam ser amadas. Quando as usamos, tendemos a nos apegar a elas – isso não é saudável. Deveríamos amar a Deus e deveríamos aprender que todas as coisas do mundo são usadas apenas como meio de alcançar o centro do amor. O Senhor da vida é chamado de amor. Nós deveríamos aprender a amar nossas responsabilidades e a executar nossos deveres amavelmente, sem nenhum apego.

O estudantes ocidentais pensam que não é possível amar alguém sem apego. Mas talvez a palavra apego não seja entendida. O amor é diferente do apego. No amor nós damos – nós realizamos nossas atividades amavelmente – e isso é inteiramente diferente de apego. O apego não é autorizado. No apego nos tornamos de olhos vendados e egoístas. Em apego, esperamos todo o tempo e nunca estamos satisfeitos e então nos tornamos miseráveis. Não há uma única coisa que possamos dizer que realmente é nossa. Nós podemos ter coisas – e deveríamos aprender a olhá-las apropriadamente – mas não deveríamos tentar possui-las. Em apego, as pessoas ficam com medo. Isso é meu. O que acontecerá comigo se ele morrer. O que acontecerá comigo se ele for destruído? As pessoas permanecem constantemente sob a pressão do medo de perder o que elas têm ou de não ganharem o que querem. Todo o problema do medo surge dessas fontes.

A maioria das pessoas não está ciente de que elas estão numa viagem. Elas têm o hábito de colecionar lixo inútil e ele cria problemas para elas. As pessoas deveriam aprender a entender que as necessidades são diferentes do que queremos e desejamos. Se necessitamos de algo, nós deveríamos tê-lo, mas não deveríamos querer inutilmente ter coisas desnecessárias. Estudando as vidas de grandes pessoas, encontramos que elas compartilhavam uma característica que as fizeram ter sucesso: elas não pegavam o que não necessitavam. Uma vez, quando Buddha estava indo, como era comum, de porta em porta com sua tigela de esmolas pedindo, uma dona de casa gritou com ele, Você é tão saudável, tão forte e tão bonito. Você era um príncipe! Por que você renunciou seu lar e começou a nos causar problemas? Todo dia você vem com sua tigela de esmolas. Isso se tornou demais para nós. Ela estava com muita raiva por que a cidade inteira estava cheia de renunciantes e havia poucos donos de casa; era um problema para os donos de casa alimentar todos os monges. Ela ficou tão zangada que ela pegou um pouco de sujeira e tentou dar-lhe. Ele sorriu e disse, Mãe, eu não necessito disso. Ele começou a ir em seu caminho, mas um de seus díscipulos ficou com raiva e falou para a mulher, Eu vou matar você por ter se comportado assim com meu senhor! O Buddha voltou-se pra ele e disse, Você não é meu discípulo. Você não aprendeu nada comigo. Se alguém quer te dar algo indesejável, não pegue. Se alguém diz que você é mau, não aceite tal sugestão negativa. Nós deveríamos aprender a entender esse ponto e então poderemos passar pelo processo da vida intactos.

Mas ao invés de permanecer inafetadas, as pessoas permitem que seus valores culturais torne-as dependentes de sugestões externas. Nós somos soprados por sugestões o tempo todo e o poder da sugestão é imenso. Se dez pessoas dizem que parecemos doentes, começamos a nos sentir doentes. Se alguém diz Você é uma pessoa feia, seu dia inteiro estará arruinado. Mas se alguém diz Oh, você parece lindo, então você diz Você fez meu dia valer a pena. Você já é lindo, mas se ninguém te aprecia, você não acredita na sua beleza. Você deveria aprender a apreciar e admirar a si mesmo; você deveria aprender a entender e entrar em contato com a beleza que está dentro de você o tempo todo. Você já é lindo como está! Você não precisa dos outros para te dizer que você é lindo. Você não deveria se tornar dependente das opiniões dos outros; você não deveria tentar conhecer a si mesmo por meio dos outros.

Há uma característica muito perigosa nessa cultura: as pessoas se tornam dependentes umas das outras. As pessoas vivem de sugestões; elas são seduzidas por qualquer um que fale. As pessoas têm o hábito de sempre querer e esperar a atenção dos outros e isso é muito perigoso por que a vida se torna totalmente dependente dos outros. Essa é a pior característica que eu tenho visto na cultura ocidental. As esposas resmungam de seus maridos e seus maridos criticam suas esposas por que eles esperam muito uns dos outros. Quando as pessoas se tornam dependentes de seus relacionamentos, quando elas esperam demais de seus relacionamentos, elas são obrigadas a sofrer.

Quando uma garota vai para a escola, o pensamento que constantemente vive em sua mente é que ela encontrará um bom garoto, casará e será feliz. Mas não nenhum bíblia no mundo que diz que casar fará alguém feliz. O casamento não faz ninguém feliz; é apenas um meio para a felicidade na vida e, se isso for entendido, é muito bom. Mas se alguém espera demais e acha que o casamento é a resposta para todas as questões vitais da vida, então essa pessoa encontrará apenas desapontamento. As pessoas crescem com expectativas irreais sobre o casamento e a filosofia do casamento não é ensinada. Qual é o propósito do casamento? Qual é a filosofia de permanecer solteiro? Se uma pessoa não sabe como usar seu tempo positivamente e se ela não tem nenhuma filosofia de vida, então ela se torna pervertida. Aqueles que não estão casados não são felizes e aqueles que estão casados também não estão felizes. O casamento é como uma fortaleza: aqueles que estão dentro não podem sair e aqueles que estão fora estão querendo entrar. Então eu não vi ninguém que esteja feliz. Isso não significa que as pessoas não deveriam casar; a instituição do casamento é muito necessária. Se ela se desfaz, toda a sociedade se desfaz. Isso é uma grande disciplina para a sociedade humana.
Desenvolvendo a atitude apropriada
Qual deveria ser nossa atitude no mundo? Deveria ser que os relacionamentos e todas as coisas do mundo são meios. O mundo nunca deu a iluminação a ninguém, mas ao mesmo tempo é impossível para alguém alcançar a iluminação se não viver no mundo. Que inutilidade! O mundo não dá iluminação e temos que viver no mundo. Portanto, vamos entender que o mundo seria um meio para a iluminação. Há dois modos de usar o mundo para esse propósito: primeiro, você pode ter a atitude que não irá permitir que o mundo te perturbe, tanto que você pode assim obter a iluminação; e segundo, você pode ter a atitude que você pode usar o mundo para te ajudar, tanto que você pode obter a iluminação. Ambas as atitudes deveriam ser aplicadas. Alguém deveria ter as mesmas atitudes com os relacionamentos: Vou me comportar de tal modo com minha esposa e filhos que elas não irão perturbar minha paz interior; Eu me comportarei de tal modo que eles se tornarão utéis para mim e que eles também crescerão.

Você deveria primeiro ter a atitude de aconteça o que acontecer você não será perturbado. De outro modo, quando você consegue alguma coisa, você se torna emocional e desequilibrado e, quando você não obtém alguma coisa, você se torna deprimido e desorganizado. Isso significa que você não tem a atitude apropriada por trás de seu pensamento e comportamento. Grandes líderes como Moisés e Jesus tinham que encarar muitos problemas sérios, mas eles tinham a atitude apropriada. Essa atitude pode ser construída apenas quando você considera todos os relacionamentos no mundo externo e todos os objetos do mundo simplesmente como meios e não como fins. Assim não importa se hoje você espera que alguma coisa se torna seu meio e amanhã você veja que não era. Quando sua atitude em direção ao mundo externo é que todas as coisas do mundo são meios e não perturbações, então você pode encontrar felicidade.

Onde está a felicidade?

Se a felicidade fosse algo externo, os americanos já a teriam. Os americanos têm muitas coisas, mas não são felizes. Muitas pessoas são muito boas com as outras, mas não boas consigo mesmas. Elas têm um modo mecânico de se comportar bem com os outros, mas não sabem como serem felizes consigo mesmas. Elas estão criando um grande conflito, uma divisão de personalidade, por fingir expressar uma felicidade que não está lá. A felicidade não está no mundo externo; não é obtida por meio de objetos. As pessoas gastam sua vida inteira querendo ter isto e tendo aquilo; elas amam os objetos e não podem amar sem objetos. Mas o dia que você aprende a amar sem um objeto, esse será o dia de maior felicidade. Quando alguém aprende a amar a Deus, isso é amor sem um objeto. Deus não é um objeto; Deus está além de todos os objetos. Então, o amor sem um objeto é amor a Deus.

A felicidade reside dentro de você e você deveria aprender a usar todas as coisas e aplicar todos os meios para alcançar a felicidade. Essa felicidade interna está numa forma dormente; você tem que desdobrar-se para experienciá-la. Portanto, você deveria aprender a estar quieto, de modo que a parte divina em você possa revelar-se. Esteja quieto e saiba que eu sou Deus. Que grande promessa! Este é o maior aforismo. Muitos cristãos e Judeus pensam que não há meditação na bíblia, mas esta única sentença revela a completa filosofia da meditação.

Todo ser humano deveria aprender a ser calmo e quieto e ver Deus nos outros. Assim você pode se desapegar da parte não divina e você estará amando a parte divina. Você um brilho de Deus. Eu deveria amar você por que eu deveria amar Deus em você. É bom amar as pessoas por que todo mundo é um templo de Deus. As pessoas não amam as paredes de um templo; seu amor é dirigido para aquilo que habita o templo. Então quem quer que você ame, ame a Deus nessa pessoa.

Eu rezo para a divindade dentro de você.

Etapas do caminho tântrico – uma introdução

Este texto traz uma breve introdução ao Tantra Yoga e delinea as três principais etapas do caminho.

Pode-se dizer que o Tantra é uma variação de Yoga. Neste caso, considerando-se como Yoga um método ou conjunto de técnicas que devem ser praticadas para alcançar a libertação espiritual. Um dos significados da palavra Tantra é teia ou rede e essa é uma das tradições de sabedoria indiana extremamente conectada com a ideia de sucessão mestre discípulo. Tantra também é o nome que se dá aos textos que transmitem os conhecimentos desta tradição.

Termos bastante conhecidos no momento do Yoga que tiveram origem ou que são muito enfatizados no Tantra são: chakras, kundalini e corpo sutil. Um fato desconhecido de grande parte dos praticantes é que as supostas “ginásticas de alongamento” ensinadas por aí como sendo Hatha Yoga ou alguma de suas variações tem origem tântrica. Pois o Hatha Yoga é um das “modalidades” tântricas mais conhecidas.

Vale ressaltar que não se pode separar o Tantra de outras tradições indianas como o Rāja Yoga, o Samkhya e o Vedanta. Pois, por eles terem tido origem no mesmo berço cultural e por suas ideias principais terem sido colhidas dos Vedas eles compartilham de conceitos comuns. Um desses conceitos são os cinco elementos densos ou Mahābhūta: espaço, ar, fogo, água e terra. Esse conceito é descrito e comentado em vários textos de várias tradições indianas, dentre eles: Yoga Sūtra de Patañjali, Samkhya Karikā e Bhagavad Gitā. Além disso, os cinco elementos são essenciais para várias práticas meditativas tântricas.

Embora haja algumas semelhanças com outros caminhos de libertação espiritual, um fator importante no Tantra é que a libertação não é vista como uma “fuga do mundo”, mas sim como uma união com o mundo. A libertação seria realizar que não há bem ou mal e, portanto, tanto faz estar aqui como não estar, pois a realidade é perfeita. Neste sentido, o sofrimento de que tanto se fala nessas tradições seria uma não-aceitação (por ignorância) da realidade.

Um fator essencial da prática tântrica que a distingue de outras práticas é a ênfase na recitação de mantras. Por exemplo, no Rāja Yoga praticamente não há recitação de mantras. Na verdade, o único mantra mencionado no Yoga Sūtra é o Om. A recitação de mantras é tão importante para o Tantra que a maioria dos mestres dá um mantra para o aluno recitar por algum tempo depois que ele é iniciado (depois que recebe Diksha, no bom sentido, não no sentido avacalhado que estamos vendo recentemente). Esse tempo pode durar anos, dependendo do mantra e do objetivo. No Tantra, geralmente se fala em centenas de milhares, ou talvez, milhões de repetições de um mantra, acompanhado de várias outras práticas ritualísticas como Nyasa.

Após o mestre observar a evolução de seu díscipulo, pode iniciá-lo na segunda etapa do percurso: os yantras. Os yantras são imagens, desenhos ou pinturas que representam devas específicos. Dependendo da prática, do ritual, do deva e dos chakras que serão trabalhados, yantras diferentes são empregados. O Yantra de Sri Tripura Sundari é mostrado na imagem abaixo.

Yantra de Tripura Sundari
Yantra de Tripura Sundari

Após a realização do Yantra o díscipulo pode ser iniciado ao Chakra Puja. Aqui temos dois termos que geralmente aparecem separadamente. Chakra significa círculo ou vórtice e puja pode significar ritual. Neste caso, especificamente, o Chakra Puja trata-se de um ritual em que os adeptos formam um círculo e, em geral, o mestre fica no centro do círculo, para realizarem determinados rituais secretos. Pouquíssimos alunos alcançam a graça de poderem ser iniciados neste tipo de prática. Poucas pessoas no mundo já participaram. Esta seria a etapa final do caminho tântrico e, para praticá-la seria necessário que o candidato já tivesse alcançado um elevado grau de realização especialmente em relação ao não-apego e a não ser afetado por objetos que causam perturbação ou desejo na maioria das pessoas.

Uma crítica à meditação como remédio

Adaptações e comentários a partir do texto de W. S. Hickey sobre os problemas de se utilizar a meditação apenas como mais um remédio.

Nas últimas décadas temos assistido a “uma explosão” de pesquisas sobre meditação e seus efeitos na saúde humana. Essas pesquisas têm sido realizadas por profissionais de diversas áreas, tais como: medicina, psicologia, neurociência, psiquiatria, fisioterapia, etc. As técnicas de meditação abordadas são bastante variadas, desde técnicas de Raja-Yoga, passando por meditação transcendental, até o que está se popularizando como “Mindfulness” (Atenção Plena). Essa última técnica teve como um dos responsáveis por sua popularização o biólogo Jon Kabat-Zinn, criador da abordagem MBSR (Mindfulness Based Stress Reduction). Outro grupo responsável pela intensificação desses estudos são os pesquisadores associados com o Instituo Mind and Life.

Se procurarmos artigos contendo palavras-chave relacionadas com meditação em plataformas de publicações científicas encontraremos milhares de artigos publicados nos últimos anos tentando demonstrar a eficácia de técnicas de Yoga e meditação para problemas que variam desde miopia até cardiopatias. Por exemplo, uma busca realizada no dia de publicação deste texto pela ocorrência das palavras meditation ou mindfulness nos abstracts de artigos publicados nos últimos 5 anos retornou as seguintes quantidades de artigos para as plataformas abaixo:

Embora exista uma grande variedade de abordagens de meditação utilizadas nos experimentos descritos nos artigos, a MBSR tem se destacado como a mais utilizada. W. S. Hickey critica essa abordagem em alguns aspectos:

  • Meditação budista sem Budismo. Hickey afirma que há dois pressupostos problemáticas nesse aspecto. Primeiro, a prática fundamental do Budismo é a meditação. Segundo, as ideias ou práticas religiosas Budistas e Hinduistas são universais e transcendem culturas e contextos históricos.
  • A MBSR separa as práticas yóguicas e meditativas de seu contexto ético e moral.
  • A MBSR reforça a ideia de que a prática individual é o aspecto mais importante para o bem-estar pessoal.

A primeira crítica vai de encontro a um hábito comum no ocidente, o refinamento (no mau sentido). Vejamos o que ocorreu com o Yoga, por exemplo. O Yoga, originalmente, é uma técnica milenar de transformação e libertação espiritual. Segundo sua filosofia, as técnicas visam libertar o praticante do sofrimento e dos ciclos de renascimento. O Yoga tradicional de Patanjali é formado por oito membros, sendo um deles a prática de ásanas ou posturas físicas. Segundo a filosofia indiana, os ásanas fornecem um modo de permitir a ativação de centros de energia sutil e o despertar de energias espirituais latentes no corpo sutil do ser humano. Porém, um dos efeitos colaterais dos ásanas é flexibilidade e saúde física. O que algumas pessoas fazem? Confundem o efeito colateral com o objetivo real. Essa confusão pode ser proposital ou por engano. Não é um problema sério alguém praticar ásanas do Yoga com o único objetivo de saúde física. O problema é reduzir o Yoga a isso.

Problema semelhante ocorre com práticas de meditação. Algumas pessoas, numa tentativa forçosa de popularização, desassociam totalmente as práticas de meditação do Yoga e do Budismo de aspectos espirituais. A meditação está se tornando uma ginástica cerebral. Algo pior que pode ocorrer é praticar técnicas específicas de meditação, que só fazem sentido no contexto do Yoga e do Budismo, associadas com práticas de outros caminhos espirituais que não possuem ou aceitam conceitos como: renascimento, karma, devas, etc.

Outro fator muito importante que está se perdendo com a transformação da meditação em ginástica mental é a necessidade de uma comunidade de prática que possui objetivos comuns respaldados em preceitos éticos que fazem sentido para aquele contexto. Por exemplo, no Budismo há o princípio dos três refúgios: Buda, Dharma e Sanga. Sendo que a Sanga, ou comunidade, é uma peça fundamental para apoiar as pessoas que têm dificuldades para se libertar de maus hábitos ou vícios. Um fato relacionado ao conceito de comunidade é o grande sucesso da metodologia dos A.A. em que o viciado se apóia em uma comunidade com a qual pode contar e possui alguém mais experiente dentro da comunidade para servir de tutor. Podemos nos questionar como, numa sociedade movida pela grande quantidade de informações e pela consequente tentativa de autodidatismo em tudo, alguém poderia obter os reais frutos da meditação praticando-a isolado de uma comunidade e de modo autodidata?

Assim como muitas pessoas acham que Yoga é ásana, muitas pessoas acham que Budismo é meditação. Isso não é verdade. Tanto no Yoga quanto no Budismo existem preceitos éticos que devem ser seguidos se o praticante desejar avançar em seu caminho espiritual. No caso do Yoga, há os Yamas e Nyiamas.

Yamas:

  • Ahiṃsā: não-violência;
  • Satya: verdade;
  • Asteya: não roubar;
  • Brahmacharya: contenção sexual, refrear os excessos da sexualidade;
  • Aparigraha: não ser avaro.

Nyiamas:

  • Śauca: pureza;
  • Santoṣa: contentamento;
  • Tapas: práticas acéticas;
  • Svādhyāya: auto-estudo;
  • Īśvarapraṇidhāna: devoção a Ishvara.

Um dos principais ensinamentos budistas se refere à observação do Nobre Caminho Óctuplo:

  • Visão correta;
  • Intenção correta;
  • Fala correta;
  • Ação correta;
  • Meio de vida correto;
  • Esforço correto;
  • Atenção correta;
  • Concentração correta;

Não irei discorrer sobre Yamas/Niyamas e Nobre Caminho Óctuplo neste texto. Estou listando-os aqui apenas para que o leitor perceba que esses caminhos são completos e autocontidos. Não se restrigem a ásanas ou à meditação e, consequentemente, são capazes de afetar positivamente toda a vida do praticante.

Enfim, podemos encarar essa “corrida maluca” para se popularizar a meditação como uma prática secular pela perspectiva positiva de que quem a praticar poderá trazer frutos positivos para a sua vida e para a sua saúde. Esses resultados positivos para a saúde já estão suficientemente comprovados para os órgãos de saúde pública brasileiros, de modo que o SUS já permite e sugere a utilização de práticas que eles chamam coletivamente de terapias alternativas. No entanto, só alcançarão os reais objetivos da meditação aqueles que a praticarem dentro de um contexto específico, seguindo todas as prescrições milenares e se beneficiando da orientação de pessoas mais experientes que fazem parte de uma comunidade que possui os mesmos objetivos de desenvolvimento espiritual.

Quem está guiando a sua carruagem? (Por Swami Jnaneshvara Bharati)

Símbolo de nossos quatro instrumentos mentais, a carruagem é usada pelos antigos sábios do Yoga como um símbolo para como treinar a mente e os sentidos. Embora a maioria de nós não use cavalos amarrados em carruagens, a lição é tão prática hoje para o Yoga como era milhares de anos atrás. Permita que sua mente visualize esta imagem e ela torna-se-a uma ferramenta maravilhosa em suas práticas de Yoga e vida espiritual diária.

Como dirigir sua carruagem

Estradas. As várias estradas que a carruagem pode viajar são os inúmeros objetos de desejo no mundo e na memória.

Cavalos. Os dez cavalos são os dez sentidos (indryas) através dos quais nos relacionamos com o mundo externo pela percepção e ação.

Rédeas. As rédeas são a mente (manas) através da qual os sentidos recebem suas instruções para agir e perceber.

Cocheiro. O cocheiro é o mais elevado intelecto (buddhi), que é suposto de ser o sábio que instrui a mente.

Passageiro. O passageiro é o Self, Atman, a centro de consciência pura, que é sempre a testemunha neutra.

Carruagem. A carruagem é o próprio corpo físico, o instrumento através do qual o Self, intelecto, mente e sentidos operam.

Quem está guiando sua carruagem?

Para muitos de nós, grande parte do tempo, o cocheiro não está trabalhando. As rédeas chamadas mente estão soltas sem o guia apropriado de nossa sabedoria interna. Quando as rédeas estão livros, elas não dão instruções para os cavalos chamados de sentidos. Os cavalos (sentidos) vagueam livremente por qualquer estrada que lhes atraia naquele momento, em resposta a suas memórias do passado (chitta). A carruagem (corpo) leva uma surra, os cavalos (sentidos) se cansam, as rédeas (mente) se desgastam e o cocheiro (inteligência) se torna preguiçoso. O passageiro é completamente ignorado.

Ponha o cocheiro de volta no trabalho. A solução para o problema é retreinar o cocheiro (inteligência) para tomar as rédeas (mente) e começar a dar direção aos cavalos (sentidos). Este treinamento é chamado sadhana, ou práticas espirituais. Ele significa o treinamento de todos os níveis de nós mesmos de modo que possamos experienciar o centro eterno de quietude e silêncio.

Permita que o cocheiro sirva ao passageiro. À medida que o cocheiro (inteligência) se torna mais estabilizado em estar de volta ao trabalho, há um aumento ainda maior de consciência do fato de que o propósito da carruagem, cavalos, rédeas e cocheiro é servir como instrumentos para o passageiro, o verdadeiro Self.

Esclarecendo Equívocos sobre o Yoga

Nas últimas décadas tem havido um grande alarde por parte dos meios de comunicações em torno de práticas ditas transcendentais ou de medicina alternativa. A atenção do ocidente se voltou para práticas como Yoga e Meditação devido a vários fatores e a vários nomes tanto do Hinduísmo como do Budismo. Em especial, podem ser citados como propagadores de tais conceitos: o Movimento para a Consciência de Khrishna (conhecido popularmente como Movimento Hare Khrishna), os Encontros Mind and Life e o movimento de propagação da meditação Mindfulness (atenção plena). Some-se a esses movimentos, a grande quantidade de artistas famosas que dizem praticar alguma atividade relacionada com Yoga ou meditação.

Como pode acontecer com qualquer conhecimento advindo de uma cultura diferente, o Yoga está envolto em uma série de pré-conceitos (idéias pré-concebidas). Um dos maiores erros que alguém pode cometer em relação ao Yoga é caracterizá-lo como a realização de contorcionismos e posturas acrobáticas. Isso ocorre por culpa dos próprios Yoguis (pelo menos de alguns). A realização de posturas específicas, chamadas de Asanas, e muitas delas incomuns para o ocidente é apenas um dos fatores que caracterizam o Yoga.

A palavra Yoga possui vários significados, mas todos eles levam ao sentido de união. Assim, podemos dizer que Yoga é uma metodologia prática para alcançar a união. No texto clássico sobre o tema, o Yoga Sutra de Patañjali, o Yoga é descrito como uma metodologia para controlar, acalmar e equilibrar a mente. Esse Yoga descrito por Patañjali ficou conhecido por Raja Yoga (Yoga Real) ou Ashtanga Yoga (Yoga de Oito Membros). O Yoga de Patañjali é composto por oito membros agrupados em dois grupos. Membros externos: obrigações éticas, proibições éticas, exercícios respiratórios e execução de posturas físicas. Membros internos: abstenção dos sentidos, concentração, meditação e união.

Após verificarmos a existência de dois grupos de técnicas, pode ficar mais claro o motivo da caracturização do Yoga no ocidente. Em primeiro lugar, dos membros externos o que se sobressai são as posturas físicas. As posturas físicas chamam a atenção devido às dificuldades que muitas pessoas têm para executá-las. No ocidente, geralmente se diz que alguém está praticando meditação quando ele está sentado imóvel e de olhos fechados. Mas como foi mencionado anteriormente, para o Yoga, meditação é algo bem específico.

Outro fator que pode chamar a atenção é que um dos membros do Yoga é sinônimo de Yoga. Veja que primeiro foi afirmado que Yoga significa união e depois que o oitavo membro do Yoga se chama união. Na verdade, esse é um problema do nosso idioma que não possui uma palavra mais adequada para traduzir o significado de Samadhi, que é o oitavo membro do Yoga. Samadhi, é uma técnica e é um estado. É um estado em que o praticante alcança o objetivo do Yoga. Assim, também pode-se dizer que o objetivo do Yoga não é ficar em forma, nem emagrecer, nem aumentar as habilidades de concentração. O objetivo do Yoga é Yoga. Embora, todos os benefícios mencionados possam ser obtidos, mas, de certa forma, como um efeito colateral positivo. Neste ponto, devemos enfatizar que um dos objetivos do Hatha Yoga (que é outro tipo de Yoga, mas que possui grande intercessão com o Raja Yoga) propagados por grandes Yoguis é alcançar um corpo indestrutível como o diamante.

Os equívocos sobre o Yoga são tão grandes que até professores famosos de Yoga não sabem, ou não falam sobre, do fato de que as técnicas mais enfatizadas no Yoga são técnicas internas. Isso quer dizer que mesmo as práticas vistas como exercícios físicos, na verdade, exigem trabalho mental. Além disso, o Yoga abrange toda a vida do praticante comprometido. Pois, indica formas de conduta que poderão causar grandes impactos positivos na sua prática e na sua vida. Esse tipo de equívocos tem levado, por exemplo, pessoas que praticam Yoga a procurar outros caminhos espirituais para aprender a meditar achando que o Yoga é apenas físico. Não há nada demais em procurar outros caminhos espirituais, o que é equivocado é pensar que o Yoga é carente de práticas meditativas.

Um último equívoco comum que podemos mencionar é achar que Yoga é religião. Esse problema é mais cultural, pois no ocidente geralmente associamos qualquer grau de espiritualidade com religiosidade. Mas são duas coisas bastante diferentes. O Yoga é um caminho espiritual, mas não é uma religião. Afinal, o que há de religioso em pacificar as turbulências mentais?

Atitudes Yogi

No Yoga-Sutra, Pada I, sutra 20, Patanjali indica cinco tipos de esforços ou atitudes que o Yogi pode ter para alcançar o estado de Yoga (União). Essas atitudes são ilustradas nas imagens abaixo.

No Yoga-Sutra, Pada I, sutra 20, Patanjali indica cinco tipos de esforços ou atitudes que o Yogi pode ter para alcançar o estado de Yoga (União). Essas atitudes são ilustradas nas imagens abaixo.